terça-feira, 31 de dezembro de 2019

Feliz Ano Novo

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A vida não escolhe atalhos!


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Já reparaste? Já percebeste que a vida não gosta de atalhos? Gosta de nos levar por caminhos tortuosos, difíceis, com pedras, com lama, com todo e qualquer tipo de obstáculo. Não podia, de vez em quando, alternar as dificuldades com uma ou outra leveza? Acolchoar o chão que pisamos com uma ou outra pétala de flor?

Lá vem a vida a dizer que não. Que assim tem mais piada. Que assim vale mais a pena saborear a chegada ao destino.

No entanto, não gostamos nada que a vida nos contrarie. Que nos dê sol quando estávamos a contar com a chuva. Que nos dê chuva quando estávamos a contar fazer qualquer coisa ao ar livre. Que nos dê saudades quando não podemos aliviá-las. Que nos dê vontade de não estar ali, quando estamos.


Enquanto tentamos não nos despistar, vamos perguntando porque é que a nossa vida tem que ser sempre tão complicada? Porque é que tudo nos acontece, precisamente, quando não estamos preparados para lidar com absolutamente nada? Porque é que acontece tudo ao contrário do que imaginámos primeiro?

Julgo que a vida gosta de nos irritar. De nos desafiar. De nos colocar à prova. Mas, sobretudo, quer fazer-nos ver e aprender. Quer ensinar-nos a colocar a empatia no lugar da inveja e da crítica. Quer ensinar-nos a substituir as palavras vazias pelo silêncio e pela calma. Quer ensinar-nos a deixar ir o que não nos deixa ser de verdade. Quer dizer-nos que não há humildade para quem só percorre caminhos curtos e fáceis.

Por isso, e de cada vez que o caminho estiver a ser difícil, lembra-te que há muito por aprender. Por fazer. E que, no final, vais perceber o sentido de cada passo que deste.

Marta Arrais

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

«Cada um de nós é personagem do presépio» – D. José Tolentino Mendonça


A Ecclesia conversa com o cardeal D. José Tolentino Mendonça, arquivista e bibliotecário do Vaticano, sobre o significado do Natal, a sua força transformadora e a inspiração do Papa Francisco, que acompanha de perto na Cúria Romana.
Entrevista conduzida por Paulo Rocha

Agência ECCLESIA – Começamos com um simbolismo, a partilha da Luz da Paz de Belém. É uma iniciativa que começou, precisamente, na gruta de Belém, e que chega até nós através do Corpo Nacional de Escutas, em todas as dioceses de Portugal. Neste tema temos o centro do dia de Natal, do acontecimento do presépio: a luz.

Cardeal José Tolentino Mendonça (JTM) – Para dizer a nossa, o que há de mais profundo em nós, na nossa humanidade, há só uma linguagem que é capaz de ser relevante, de tocar mesmo no fundo: é a linguagem dos símbolos. Um símbolo vale por mil palavras. Este gesto de partilhar uma luz que veio de tão longe, do lugar onde o próprio Jesus nasceu, é alguma coisa que as palavras não dizem, e é este propagar, no fundo, de uma mensagem, de uma palavra de esperança – de uma luz que se acende na noite, tantas vezes, das nossas vidas, dos nossos corações, dos nossos dilemas -, que o Natal quer representar.



AE – O Papa Francisco, no encontro de Natal com a Cúria Romana, falou desta luz que chega aos locais de escuridão do nosso mundo.

JTM – Jesus vem para isso. Jesus vem, não para o mundo idealizado, mas para o mundo real. Para o mundo concreto, cheio de feridas, de divisões, de coisas por tratar, de mudanças a inscrever. Nesse sentido, Ele é uma luz – seguindo a tradição bíblica, o profeta Isaías, que dizia: o povo que andava nas trevas viu uma grande luz.

No fundo, a proposta do Natal é essa visão de uma luz, uma luz nova que nos reaproxima uns dos outros, do sentido das nossas vidas.



AE – O Papa dizia que o presépio, o Natal, ajuda a responder às questões últimas. Aliás, um tema retomado pelo cardeal Tolentino no seu artigo semanal…

JTM – O Papa, neste Advento, escreveu a todos os cristãos uma mensagem sobre o presépio, com uma grande transparência. Uma mensagem simples e, ao mesmo tempo, a dizer com grande eficácia o essencial. E uma das coisas que ele diz, na tradição de São Francisco, que foi o autor do primeiro presépio, é que cada um de nós é personagem do presépio. O presépio não é um teatro, a que nós assistimos, é uma história na qual nós participamos como autores.

Por isso, mesmo se no dia de Natal, já sentimos o cansaço ou sentimos toda a fadiga de um grande tempo de preparação e de emoção, de convívio, que vivemos, e, se porventura, assoma ao nosso coração a pergunta “o que é que fica de tudo isto que passa?”, é importante que fique uma luz. É importante que fique a certeza de que somos amados, a certeza de que este Deus que vem à nossa vida é capaz de entender a mulher e o homem que nós somos, é capaz de nos abraçar na nossa realidade mais viva e, ao mesmo tempo, é capaz de semear em nós um sentido, uma promessa, que diz: o verdadeiro Natal não passa. O dia 25 não é o término, é um ponto de começo, de relançamento da nossa vida.

AE – Uma das coisas que escreveu é que “o Natal não é ornamento, é fermento”.

JTM – O grande risco, no fundo, no Natal, é que todo o mundo simbólico – muito vivo, muito tilintante, muito feérico – acabe por esgotar tudo. De certo modo, tudo fica numa mesa bem composta, nuns cozinhados excelentes, nos presentes que trocamos, nas luzes que se acendem, e o essencial do Natal passa ao lado. Por isso é importante dizer que o Natal não é ornamento, mas é fermento. Não é em vão que nós vivemos este Natal.

É verdade que já vivemos muitos, mas cada Natal é, de facto, uma oportunidade, e deixa-nos uma graça, na nossa vida. Falando a todos aqueles que trabalham no Vaticano, o Santo Padre falava no sorriso: Deus, em Jesus, veio acender um sorriso no fundo da nossa alma. E é importante isso, essa alusão à alegria.

Há uma alegria que não se esgota, uma alegria que não se vai embora com o pôr-de-sol deste dia 25. E é essa cintilação de esperança a coisa mais importante.




Foto Agência ECCLESIA/TAM

AE – E é preciso ser audaz, para ir atrás dessa alegria, dessa luz?

JTM – Esse é o grande desafio, da nossa vida: o que fazer? Deus veio ao nosso encontro, a proposta de Jesus, este Deus frágil, que nos é dado, este Deus que se torna dom é acolhido. E depois, o que fazer com isso?

O Natal é um programa, é um programa de vida. Um grande poeta contemporâneo dizia que nós nunca nascemos o suficiente. Mesmo numa idade adulta, avançada, distantes do dia do nosso nascimento, a verdade é que o ato de nascer é um ato para conjugar de muitas maneiras, ao longo da nossa vida. Um nascimento nunca é suficiente e há um parto, a nossa humanidade pode ser descrita como um parto. Nós precisamos de nascer.

O que Deus nos ensina no presépio é a audácia de nascer, a audácia de nascer mesmo na fragilidade, na nudez, na precariedade, no não-preparado, na vida como ela é, mas com a capacidade de florescer. No fundo, a capacidade de ser. O programa de vida que o Natal nos deixa é, de facto, essa capacidade de sermos em plenitude.



AE – Corremos o risco de não chegar até aí, em cada Natal, se nos fixarmos nas questões penúltimas e não nas últimas, como referia?

JTM – As questões penúltimas têm o seu sabor, o seu sentido.



AE – Mas são as tais da cintilância do momento…

JTM – As penúltimas são o caminho para chegar às últimas. O que é importante é sentirmos que as coisas não acabam aqui, que a minha relação com o Deus-Menino, por exemplo, não acaba quando eu construo o presépio. Ou que a minha relação com os familiares não acaba quando nos levantamos da mesa de Nata. Ou que a minha relação comigo mesmo, com a busca de Deus, não acaba porque fui à Missa do Galo ou fui à Missa no dia 25. Há uma continuidade.

O Natal é um dom que nos é oferecido, é uma luz que se acende. A grande pergunta é: o que é que eu vou iluminar com esta luz? Por que é que esta luz se acendeu? O que é que eu posso fazer? Essa é, no fundo, a verdadeira pergunta natalícia.



AE – Na sua carta ‘Sinal Admirável’, sobre o presépio, o Papa diz que no rosto do Menino Jesus estão todos aqueles que não têm lugar em tantas hospedarias da atualidade, como Ele não teve na altura. O presépio é inclusivo?

JTM – Este tempo é um tempo de grande fraternidade humana, porque nós percebemos que o enredo do Natal é um enredo dramático: a história de dois que descem, um jovem casal, que desce da sua terra, que está deslocado do seu lugar de origem, que chega e não tem casa, tendo de viver no desabrigo um dos momentos mais intensos da sua vida, que é dar à luz o filho que Maria traz no seu seio. São condições de um dramatismo humano que a todos nos toca e que nos deveria servir de modelo para a relação que queremos instaurar com os nossos semelhantes, sobretudo com os mais pobres, que aqueles que literalmente melhor se identificam com a fragilidade das figuras do presépio. Neste sentido, o Natal é uma escola de inclusão, é uma escolha de acolhimento, porque nos reúne todos em volta do essencial, que é a vida. É a vida.

As nossas sociedades não podem esquecer que o valor primeiro é a vida, estarmos vivos é o primado. Em volta da vida, nós devemos ajoelhar-nos, oferecer os nossos dons, sentir a grande alegria. Porque se deixamos de sentir alegria, quer dizer que um apagamento aconteceu dentro de nós, que deixamos de ter a capacidade de espanto, de fraternidade e de acolhimento.



AE – Ainda seguindo o Papa Francisco, os pobres, os marginalizados são os que se aproximam mais deste mistério da Encarnação e nos ajudam nessa aproximação?

JTM – Os pobres transportam o vazio, a necessidade, a disponibilidade. Os pobres têm um olhar inocente, porque precisam, porque dependem. E isto é uma atitude espiritual de que todos nós precisamos, porque às vezes somos cristãos de barriga cheia, que vivem muito a partir do seu conformismo, da sua tradição, do seu deixa andar, mas verdadeiramente não é uma questão vital, da qual dependa a nossa existência. E os pobres ensinam-nos isso. Na linha de toda a tradição bíblica, de toda a revelação de Deus, do que Jesus nos diz, o dom que é recebido é para ser partilhado: Recebestes de graça, dai de graça.

A pergunta primeira que Deus faz a Caim é a pergunta é a pergunta que Deus faz a cada homem, a cada mulher: onde está o teu irmão? Esta responsabilidade de uns pelos outros é um património inalienável. Nós não podemos fazer de conta que esta pergunta não nos é feita.



AE – Há outro tema muito caro, que é também de Natal, ao Papa Francisco: o tema da ternura de Deus, que se conjuga neste ambiente do presépio, no ambiente familiar, nesta quadra…

JTM – Isso é extraordinário, porque às vezes uma das nossas pedras de tropeço são as representações de Deus. Sobretudo as internas, que se instalaram dentro de nós. Muitas vezes, temos a ideia de um Deus juiz, castigador, indiferente, mas o Deus do presépio – este Deus feito Menino, este Deus que abre os braços para nós, este Deus que se dá a conhecer na nudez e na fragilidade, este Deus que é pobre – é purificador das imagens de Deus que são uma ameaça à nossa fé. O Deus do presépio, cuja imagem nós precisamos de interiorizar e de aprender, é um sustento para a nossa fé, porque Deus é como o Menino do presépio.



AE – Pedia-lhe para comentar representações que circulam pelas redes sociais, sobre o Natal: a primeira mostra metade de uma coroa de Natal e outra metade da coroa de espinhos, referindo que o Natal é o nosso ambiente, nestes dias, mas a razão é a ressurreição de Jesus Cristo.

JTM – O mistério da vida de Jesus e o mistério da nossa própria vida tem de ser olhado na globalidade. A coroa de Natal não nos pode fazer esquecer a vida, o Natal não é uma alienação, o Natal é uma imersão festiva no sentido mais global da nossa vida, onde cabe tudo. A nossa vida é esse caminho completo. Por isso, no Natal é importante não esquecermos o sofrimento, o quinhão de sofrimento humano, e sobretudo não esquecermos que este dom é uma grande responsabilidade, que temos de assumir com todas as consequências que a ela estão inerentes.



AE – Muito para além deste dia 25 e desta quadra…

JTM – O dia 25 é um começo, um momento de que também precisamos, porque somos seres feitos para a festa, para a alegria. O Natal é o dia da festa.



AE – Na Madeira é precisamente a Festa.

JTM – Sim, é assim que nós madeirenses chamamos ao Natal: a Festa. Mas a encarnação de Deus, que se faz Deus connosco, é o grande presente, é a grande luz que se acende.



AE – Outra representação é aquela em que as figuras do presépio estão cada uma na sua “jaula”, presas, separadas umas das outras, na fronteira. É a construção do mundo que traz essa ameaça, infelizmente cada vez mais real?

JTM – O tempo de Natal é um tempo de reflexão. Podemos gostar ou não das imagens, das propostas, mas mesmo imagens que possam chocar um pouco ajudam-nos a não passar este tempo só na celebração. É preciso ter também um tempo de reflexão sobre o que significa o Natal, em que contexto de mundo celebramos este Natal de 2019.

O Natal é, de facto, uma chama que ilumina a noite do mundo e é importante que tomemos consciência do mundo em que vivemos e daquilo que o Natal nos implica a fazer, de compromisso, de encontro, de ação transformadora.



AE – Como é a vivência de Natal no seu novo ambiente, na Cúria Romana, a partir do encontro anual com o Papa (22 de dezembro, em 2019)?

JTM – É um momento sempre muito importante, porque é o discurso anual que o Papa faz aos seus colaboradores mais próximos, na Santa Sé. Para lá da beleza do encontro, em si, e do estarmos uns com os outros, o Papa Francisco faz sempre um discurso programático. Parte-se do Natal para pensar na vida.

Este ano, o Santo Padre quis pré-anunciar a reforma da Cúria, chamando-nos a uma atitude que foge à rigidez. Às vezes, as estruturas e as instituições têm essa tentação, de se tornarem rígidas e autorreferenciais; ora, é preciso abrir-se à novidade do Evangelho e às exigências, aos novos desafios do Evangelho.

Pré-anunciando a concretização da reforma da Cúria, o Santo Padre quer ajudar-nos a todos a ter uma atitude certa: uma atitude de acolhimento, como no Natal somos chamados a acolher o Menino que nasce.



AE – Uma das afirmações do Papa foi “já não estamos no tempo da Cristandade”. É uma afirmação que a Cúria Romana ainda precisa de ouvir, para essa renovação?

JTM – O mundo mudou muito, tornou-se muito plural, muito diversificado. O lugar do Cristianismo no mundo, o lugar da Igreja, tem um formato completamente diferente do que era há alguns séculos, num regime de Cristandade. A interpretação deste tempo e dos sinais dos tempos, do caminho a seguir, é uma coisa muito exigente, porque nos pede a todos uma desinstalação muito grande e uma capacidade de arriscar novos caminhos, novas linguagens, novas propostas, vivendo uma simplificação maior dos nossos meios, das nossas estruturas, para privilegiar as dimensões da evangelização e do encontro. Isso, como diz o Santo Padre, é uma conversão.

Esta conversão, no entanto, não é só vivida ao nível da Cúria Romana; esta conversão é vivida ao nível das dioceses, das paroquias, dos grupos, das comunidades mais celulares, porque este chamamento a uma renovação, digamos, para poder servir melhor a missão da Igreja é um chamamento que toca verdadeiramente a todos.



AE – O Papa falou em diversos setores, entre eles o Dicastério da Comunicação, apelando a um modo de trabalhar diferente, em sinergia. É um novo paradigma de funcionar, para servir?

JTM – É muito importante e a Comunicação Social é um mundo onde as mudanças aceleradas aconteceram, transformando tudo aquilo que nós conhecíamos, dos formatos: eu ainda sou da geração que todos os dias lia o jornal e esperava pelo jornal em papel. Ele continua, mas hoje as primeiras notícias do dia, se calhar, não nos chegam através desse formato.

É preciso adequar-se. Há uma palavra italiana que o Concílio Vaticano II cunhou, e que é muito repetida na Igreja: o aggiornamento. Colocar em dia os nossos processos. Isso só se faz com a capacidade de trabalhar em equipa, de trabalhar conjuntamente.

O Natal é o contrário da “lógica das capelinhas” – “eu tenho o meu pequeno reino, o meu pequeno mundo, aqui sou um rei, mando, controlo”. É preciso passar desta lógica individualista e fragmentária para uma capacidade de estar, de fazer um processo conjunto, alimentar um projeto único. Penso que é um grande desafio para a Igreja, a todos os níveis, porque a Cúria Romana não é diferente da nossa paróquia: tem a mesma grandeza e os mesmos limites.

Com naturalidade, com simplicidade, é este o grande apelo que o Santo Padre nos faz: o viver comunitário, o trabalho comum.



AE – Que sinal foi a mudança de designação de Arquivo Secreto para Arquivo Apostólico do Vaticano?

JTM – Foi uma aggiornamento, um colocar em dia a designação, porque se é verdade que a palavra “secreto” vem do latim – tem a mesma origem da palavra “secretaria”, que é o lugar onde cada um de nós se senta – e quer dizer privado, porque é o arquivo do Papa e nas Nunciaturas, que no fundo se correspondem com o Santo Padre, a verdade é que a palavra “secreto”, hoje, é um termo muito ambíguo, que precisa sempre de ser explicado, mas que não desfaz nunca uma certa carga de coisa escondida, de coisa que se quer manter às escuras. Ora, um arquivo é um lugar de estudo, é um lugar onde o encontro com a História se realiza, de uma forma normal, porque são os documentos a falar.

Nesse sentido, a melhor designação hoje, de facto, é Arquivo Apostólico Vaticano, como a Biblioteca. Tem a ver com a missão de Pedro.



AE – Nesta conversa sobre o Natal e o ambiente onde vive atualmente, olhamos também para o impacto que tudo isto tem em Portugal. Foi personalidade do ano, para o ‘Expresso’, recebeu a Medalha de Mérito da Região Autónoma da Madeira. Como é que acolhe esta repercussão do seu percurso de vida?

JTM – Acolho-a com muita humildade e respeito pelo sentimento dos outros, embora me sinta sempre muito pequeno, diante do amor, do carinho com que todos me abraçam. Quero agradecer muito.

O único valor, para mim, que vejo nessas homenagens, não é certamente um valor pessoal – porque tenho o sentido profundo da minha pequenez, de como tantas outras pessoas têm um papel, um valor, um mérito muito superior ao meu -, mas o que me faz aceitar e sorrir a todos é a oportunidade de que esses momentos sirvam para trazer, para o espaço público, determinadas temáticas, falar de assuntos, trazer uma mensagem que normalmente não está tão presente no dia a dia das conversas e escolhas.



AE – São momentos que ajudam a manter a ligação com a sua terra natal?

JTM – Essa raiz existe e existirá sempre. Não é impunemente que se é português ou que se nasce num lugar, porque é a nossa matriz cultural, que é um património de futuro, não apenas de passado. Mas é sempre muito belo voltar a Portugal



AE – Vai ser o presidente das próximas comemorações do 10 de Junho, na Madeira. Que oportunidade vai ser essa para colocar alguns temas, no debate público?

JTM – Agradeço muito ao senhor presidente da República o convite que me fez, ainda antes de ser cardeal, para o fazer, como cidadão – porque é nessa condição e é uma bela tradição da nossa República, chamar um cidadão para falar no Dia de Portugal. É como cidadão português, mais um, que nesse dia falarei em nome dos portugueses. Espero que o discurso possa contribuir, humildemente, para o debate e para as preocupações da nossa comunidade nacional.


domingo, 29 de dezembro de 2019

SAGRADA FAMÍLIA: «Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe…



“Para que, na Igreja, cresça o clima de família, de paz, de mansidão e de bondade,
que Jesus experimentou na Casa de Nazaré…”

A Família
é sem qualquer dúvida o nosso porto seguro. É o teto que ambicionamos nunca perder.
É o alicerce que nos sustenta. É o ouvido que nos escuta e a boca que nos orienta.
É ter a certeza de que encontramos “dois braços à minha espera” (já cantava Amália)…
Jesus, o Nazareno, teve uma família e quis que eu e tu fizéssemos parte dela.
Somos família! Somos Igreja! Somos Batizados! Somos Filhos muito amados de Um Deus que quer ser nosso PAI.

Desde o início da humanidade há sempre um Pai. Um Patriarca que manda, que coordena e que guia.
Aquele que edificou o Lar, aquele que merece, hoje e para sempre, o nosso Amor incondicional. E…
«Se a sua mente enfraquece, sê indulgente para com ele e não o desprezes, tu que estás no vigor da vida, porque a tua caridade para com teu pai nunca será esquecida e converter-se-á em desconto dos teus pecados.»

Como em todas as famílias há sempre um minuto de desavença; um minuto de palavras mal trocadas;
um minuto de uma ausência sentida; um minuto de olhares mal amados…
E… nesse minuto há sessenta segundos para brotar:
«…sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência.»
Não podemos permitir que as caras fechadas transtornem o nosso coração e nos afastem de Deus.
Não saber Amar faz-nos cair num abismo sem fim, onde reina a escuridão e a tristeza:
«Felizes os que esperam no Senhor e seguem os seus caminhos»
Sorrir… semear sorrisos… abrir o rosto e fazer o nosso olhar brilhar é ser família!
Somos os «eleitos de Deus, santos e predilectos» a nossa herança é ser Feliz!

Hoje, a liturgia do Ano A, da Festa da Sagrada Família de Nazaré revela a Missão do PAI.
O pai que cuida da mãe e dos filhos. O pai que dá o tom carinhoso e amado a esta palavrinha singela de três letras.
O pai que Deus quer para cada um dos Seus amados filhos.
«José levantou-se, tomou o Menino e sua Mãe e voltou para a terra de Israel.»
José é o pai que aceita cumprir a vontade do Pai, mesmo sem entender,
mesmo quando tudo à sua volta é maldade e morte. José levanta-se e faz caminho.
José, no silêncio profundo, vem guiar-nos na Fé mais forte e bela da vocação do homem:
aceitar amar o Filho de Deus… Aceitar ser pai de coração cheio e de Amor eterno.

Cada um de nós tem um amoroso pai terreno e uma alegre mãe que nos carregou no seu seio.
Hoje tens de louvar a vida daqueles que te deram a vida.
Deus chamou-os para que tu nascesses.
És o fruto de Deus
que brota da boa semente do teu pai
lançada na terra fértil da tua mãe.
Sois família! Somos família!
Também eu sou fruto de Deus…

A nossa Missão é Ser Filho!
O Nazareno que se faz carne e
habita no meio de nós, até hoje, chama-nos incessantemente a esta bela vocação de Filhos!
Ser filho é saber amar ao jeito de José, de Maria e de Jesus.
Não estamos em competição para ver quem é mais amado…
estamos no mesmo caminho para que o amor vença.
Mais uma vez a palavra de ordem é: «Levanta-te…»
Não permaneças deitado a sonhar com um mundo sem teto nem alicerces.
Levanta-te e sê o Filho que aceita cumprir a vontade do Pai, Nosso Deus e criador!

Liliana Dinis

Papa evoca famílias «obrigadas a deixar a própria terra», como Jesus, Maria e José

Francisco apela à comunicação entre pais e filhos



Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 29 dez 2019 (Ecclesia) – O Papa assinalou hoje no Vaticano a festa litúrgica da Sagrada Família, evocando todos os que tiveram de deixar a sua terra, como Jesus, Maria e José, na fuga para o Egito, relatada pelos Evangelhos.

“A Santa Família solidariza-se assim com todas as famílias do mundo obrigadas ao exílio; é solidária com todo os que são obrigados a abandonar a sua própria terra por causa da repressão, da violência, da guerra”, declarou, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação dominical da oração do ângelus.

No primeiro domingo depois do Natal, em que a Igreja Católica celebra a “Família de Nazaré”, Francisco assinalou que Jesus, a Virgem Maria e São José “rezavam, trabalhavam, comunicavam entre si”, para cumprir o “projeto de Deus”.

“Tu, na tua família, sabes comunicar? Ou és como os jovens, que à mesa, cada um no seu telemóvel, está no chat?”, perguntou aos presentes.


Temos de recuperar a comunicação em família, os pais com os filhos, com os avós. Comunicar, os irmãos entre si. Esta é uma tarefa para fazer hoje, precisamente o dia da Sagrada Família”.

O Papa quis confiar à intercessão da Virgem Maria “todas as famílias do mundo, especialmente as que são provadas pelo sofrimento ou as dificuldades”.

“Dirijo uma saudação especial às famílias aqui presente e às que participam desde casa, através da televisão e da rádio. A família é um tesouro precioso: é preciso sempre apoiá-la e tutelá-la. Em frente!”, disse.

O encontro concluiu-se com votos de um “bom domingo e um final de ano sereno”.

“Acabemos o ano em paz, paz do coração, é o que desejo. Em família, comunicando uns com os outros”, pediu Francisco.

OC

Festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José

Nós Vos bendizemos, Senhor,
que, na vossa infinita misericórdia,
quisestes que o vosso Filho, feito homem,
fizesse parte duma família humana,
crescendo no ambiente da intimidade doméstica
e conhecendo as suas preocupações e alegrias.
Humildemente Vos pedimos, Senhor:
guardai e protegei todas as famílias,
para que, fortalecidas pela vossa graça,
gozem de prosperidade, vivam na concórdia
e, como Igreja doméstica,
sejam no mundo testemunhas da vossa glória.
Por Nosso Senhor.
Amén

sábado, 28 de dezembro de 2019

O que é que tu esperas?"


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O que é que tu esperas? Se calhar já nem te recordas como se espera. Já não usas tempo para ter tempo. Usas o teu tempo para teres ainda mais tempo numa correria desenfreada, desmedida e sem sentido. O sentido. Esse foi outro que te deixou há medida que foste fugindo de ti. Não te deste tempo e ele esgotou o teu tempo contigo. Apontou-te uma última vez na esquina daquela tua última decisão pressionada, por quem não se resolve, mas que se deixa atuar num autêntico desenrasque.

O que é que tu esperas? Ainda deve viver em ti resquícios do teu último silêncio. Aquele que te falava da vida e da tua existência. O silêncio do teu existir. O silêncio que te tomava consciência do que é ser, em vez de ter. O silêncio que te deixava estar e que, em autenticidade, brotava a certeza das incertezas. À volta das tuas voltas tudo ganhava forma. Cor. Tudo voltava a ganhar a beleza da simplicidade que não se impõe, mas que se propõe a fazer caminho.

O que é que tu esperas? Se tu já não esperas, como ainda podes viver? Se tu já não esperas, como ainda podes reconhecer(-te)? Se tu já não esperas, como ainda podes fazer crescer(-te)? Se tu já não esperas, como podes dizer quem és? É que ainda há tempo para ti. Ainda existe tempo para te embrulhares em presentes de autêntica presença. Ainda há espera para se fazer de esperança. Ainda há esperança para se carregar em sorrisos que nos abraçam e em olhares que nos dão colo.

Se não queres que este seja só mais um tempo, ou um advento sem cor, pergunta-te determinadamente: o que é que tu esperas?

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

EM BUSCA DA COESÃO E HARMONIA FAMILIAR

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Há uma Família especial que a todos nos interpela e desafia. No quotidiano da sua vida, ela tem prioridades, privilegia o essencial, sabe enfrentar e ultrapassar as dificuldades. Provada pela pobreza, pela perseguição, pelo exílio e por incómodos de vária ordem como todas as famílias humanas, Jesus estava lá, no centro dessa família, nas horas boas e menos boas. Jesus, porém, continua hoje a fazer-se hóspede de quem lhe escancarar as portas do coração e do lar. Por sua vez, Maria, a esposa e mãe sempre agradecida, quando não entendia bem o porquê de tanta coisa que ia acontecendo, não barafustava nem se angustiava perturbando a paz familiar. Tudo procurava entender no silêncio do seu coração, permanecendo forte e firme no meio das contrariedades e sofrimentos, incutindo confiança e persistência até ao extremo, até ao Calvário. José, porém, o marido e pai adotivo, homem justo e bom, com a sua capacidade de escuta, pelo seu trabalho e serenidade, fomentava a coesão familiar, incutia segurança e confiança na vida e no futuro. Ajudando-se mutuamente, cada um procurava entender e cumprir a sua missão ao serviço do bem estar familiar e da comunidade humana. Como seria bom que a comunhão e a busca do essencial fossem o ponto de honra de todas as famílias, e todos lhe reconhecessem os seus direitos, para que, tendo o necessário, pudessem viver com alegria e dignidade!...
Olhar a Sagrada Família de Nazaré, faz-nos amar e rezar por todas as famílias: por aquelas que vivem na fidelidade ao projeto comum que, na primavera da vida, abraçaram com alegria e confiança; por aquelas que caíram na dúvida face aos seus deveres ou esqueceram o significado e o valor da vida conjugal e familiar; por aquelas cuja realização dos seus direitos fundamentais está impedida por injustiças de vária ordem; por todas as famílias feridas pela falta de amor, pela indiferença, pela separação, pela falta do necessário para viverem com alegria e dignidade. Cada uma é, ao mesmo tempo, uma grandiosa e pequenina sociedade que nada nem ninguém a pode substituir plenamente, é “um bem precioso”, um “património da humanidade”. Sendo o fundamento necessário da sociedade, sendo uma enorme riqueza para cada um dos esposos, um bem insubstituível para os filhos, ela é o primeiro espaço onde se fomenta a paz, a justiça e o amor entre todos. Ali se educa para a cidadania; se experimenta a função da autoridade manifestada na pessoa dos pais; se está atento aos mais pequeninos, doentes ou idosos; se ensina e transmite a linguagem da fé; se formam pessoas livres e responsáveis, solidárias e fraternas, diferentes mas unidas; se fomenta a cultura da escuta, do diálogo, da partilha, da tolerância, do perdão, da mútua ajuda nas necessidades da vida.
São João Paulo II, afirmava que “Amar a família significa saber estimar os seus valores e possibilidades, promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir os perigos e os males que a ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento”. Amar a família “muitas vezes tentada por incomodidades e angustiada por crescentes dificuldades, é dar-lhe novamente razões de confiança em si mesma, nas riquezas próprias que lhe advém da natureza e da graça e na missão que Deus lhe confiou”. Embora seja missão de todos, ele afirmava que compete de forma muito especial aos cristãos “a tarefa de anunciar com alegria e convicção a «boa nova» acerca da família, que tem necessidade absoluta de ouvir e de compreender sempre mais profundamente as palavras autênticas que lhe revelam a sua identidade, os seus recursos interiores, a importância da sua missão na Cidade dos homens e na de Deus” (FC86). A Igreja não o impõe, mas sente a exigência de propor a todos o caminho aprendido na escola de Cristo e pelo qual a família pode chegar ao coração da sua verdade e grandeza.
Que ninguém deixe de fazer o que está ao seu alcance para salvar e promover os valores e o bem estar das famílias, bem como para ajudar os jovens a descobrir a beleza e a grandeza do matrimónio e do serviço à vida. Tudo quanto pela família se possa fazer é sempre muitíssimo pouco, pouquíssimo.

D.Antonino Dias- Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 27-12-2019.


O Natal de cada um


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Estamos mergulhados em espírito natalício, mesmo que não queiramos. À nossa volta, há decorações para todos os gostos, iguarias doces para os mais ou menos gulosos, árvores para os mais ou menos amigos do ambiente, presentes para os mais ou menos esbanjadores.

Somos devorados por anúncios natalícios, músicas e canções também alusivas à época em questão e somos quase obrigados a viver esta quadra de uma forma feliz e pacífica.

No entanto, a vida não mudou só porque é Natal. Há irmãos que ainda não se falam. Há pais e filhos que se afastaram. Há pessoas em processo de separação e de divórcio. Há amigos que deixaram de o ser. Há filhos que morreram. Há pais que morreram. Há irmãos que morreram. Por isso, é importante respeitar o Natal de cada um que, muitas vezes, não é Natal algum. É só mais um dia que queremos que passe depressa, que desejamos que nos atropele sem fazer muitos estragos, que precisamos de riscar rapidamente do calendário.

Falta-nos alguma empatia para a tristeza que o Natal também traz. Falta-nos algum decoro na forma como impomos esta alegria rasgada em papéis e presentes.

O Natal não será o mesmo para nenhum de nós. Cada um, viverá esta altura com mais ou menos paciência, com mais ou menos vontade, com mais ou menos alegria, com mais ou menos fé.

Se é Natal, deve haver espaço para aceitar as diferentes formas de encarar esta época. Deve haver compreensão que chegue para perceber que nem todos conseguimos estar felizes, só porque é Natal.

Mais do que repetir as palavras “Feliz Natal” até à exaustão e como se não houvesse amanhã, vale a pena pensar nas palavras certas para dizer a cada um dos que se vão cruzando connosco nos dias sem Natal.

Para cada um de nós, o Natal que nos seja possível. Aquele que nasceu para cada um de nós, saberá como ninguém como sarar as feridas que ainda queimam o nosso coração.

Marta Arrais

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Porque continuamos a celebrar o Natal?

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Porque continuamos a celebrar o Natal? Foi a questão que me surgiu durante esta semana. Encontro à minha volta, tantos e tantas, iludidos com as músicas e os reclames da época. Apercebo-me que há quem festeje o Natal por uma magia que não lhes toca, mas que lhes adormece o seu interior. Usam as cores e os imensos jantares para disfarçar um confronto e uma inquietação de olhar para a vida de um outro jeito e encanto.

Porque continuamos a celebrar o Natal? Continuo a olhar para o lado e as correrias continuam a ser imensas. Não há tempo para estar, mas há tempo para visitar mais e mais. Há tempo para mais fotos e mais vídeos. Há tempo para se trabalhar e produzir, mas perdeu-se o tempo para estar. Perdeu-se o tempo para contemplar a simplicidade do Natal que acontece em cada criança. Perdeu-se o tempo para nos olharmos verdadeiramente e sentirmos que nasce efetivamente algo de novo em nós.

Porque continuamos a celebrar o Natal? A caminhada da minha questão vai ainda mais além e depara-se com os homens e mulheres de fé que não escutam os sinais dos novos tempos e continuam ainda a esperar por estrelas e anúncios de anjos desejando a vinda do Messias em esplendor e glória. E tudo isto acontece, porque nos esquecemos da simplicidade com que o Natal se fez. Esquecemo-nos que este menino, desejado e prometido, não virá à grande, mas na simplicidade. Virá no pequeno, no mais pequeno daquilo que somos e fazemos. É aqui que acontece Natal. É aqui que nos tornamos Natal quando permitimos que a pequenez nos engrandeça.

Porque continuamos a celebrar o Natal? Somente para reunir a família? Então porque não o fazemos mais vezes durante o ano?

Porque continuamos a celebrar o Natal? Apenas para iluminarmos as nossas ruas e cidades? Então porque não as alegramos em mais noites e dias da nossa vida?

Porque continuamos a celebrar o Natal? Apenas o comemoramos para disfarçadamente nos lembrarmos daqueles que esquecemos durante todo o ano? Então porque não os marcamos no nosso quotidiano?

Se queremos continuar a celebrar o Natal teremos de nos reunir mais vezes ao longo do ano e sentir que vivemos em verdadeira comunhão. Se queremos continuar a celebrar o Natal teremos de permitir que o nosso interior seja iluminado pela Sua Luz que nos purga e nos leva a um verdadeiro caminho. Se queremos continuar a celebrar o Natal teremos de, na simplicidade e no silêncio das nossas vidas, fazer a diferença na vida de tantos e tantas que anseiam por alguém que os olhe, que os escute e os que abrace. Se queremos que aconteça Natal deixemos que os “adventos” da nossa vida nos torne cada vez mais humanos e assim possamos tocar mais de perto no divino!

Questiona-te, sem medo: porque celebras, ainda hoje, o Natal?

Emanuel António Dias

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

Uma Luz nas trevas


https://www.youtube.com/watch?v=orOEXDMStFk

A liturgia deste dia convida-nos a contemplar o amor de Deus, manifestado na incarnação de Jesus... Ele é a "Palavra" que Se fez pessoa e veio habitar no meio de nós, a fim de nos oferecer a vida em plenitude e nos elevar à dignidade de "filhos de Deus".
A primeira leitura anuncia a chegada do Deus libertador. Ele é o rei que traz a paz e a salvação, proporcionando ao seu Povo uma era de felicidade sem fim. O profeta convida, pois, a substituir a tristeza pela alegria, o desalento pela esperança.
A segunda leitura apresenta, em traços largos, o plano salvador de Deus. Insiste, sobretudo, que esse projecto alcança o seu ponto mais alto com o envio de Jesus, a "Palavra" de Deus que os homens devem escutar e acolher.
O Evangelho desenvolve o tema esboçado na segunda leitura e apresenta a "Palavra" viva de Deus, tornada pessoa em Jesus. Sugere que a missão do Filho/"Palavra" é completar a criação primeira, eliminando tudo aquilo que se opõe à vida e criando condições para que nasça o Homem Novo, o homem da vida em plenitude, o homem que vive uma relação filial com Deus
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https://www.dehonianos.org/

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

SOLENIDADE DO NATAL DO SENHOR – MISSA DA NOITE

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A liturgia desta noite fala-nos de um Deus que ama os homens; por isso, não os deixa perdidos e abandonados a percorrer caminhos de sofrimento e de morte, mas envia "um menino" para lhes apresentar uma proposta de vida e de liberdade. Esse "menino será "a luz" para "o povo que andava nas trevas".
A primeira leitura anuncia a chegada de "um menino", da descendência de David, dom de Deus ao seu Povo; esse "menino" eliminará a guerra, o ódio, o sofrimento e inaugurará uma era de alegria, de felicidade e de paz sem fim.
O Evangelho apresenta a realização da promessa profética: Jesus, o "menino de Belém", é o Deus que vem ao encontro dos homens para lhes oferecer - sobretudo aos pobres e marginalizados - a salvação. A proposta que Ele traz não será uma proposta que Deus quer impor pela força; mas será uma proposta que Deus oferece ao homem com ternura e amor.
A segunda leitura lembra-nos as razões pelas quais devemos viver uma vida cristã autêntica e comprometida: porque Deus nos ama verdadeiramente; porque este mundo não é a nossa morada permanente e os valores deste mundo são passageiros; porque, comprometidos e identificados com Cristo, devemos realizar as obras d'Ele.

https://www.dehonianos.org/


Santo Natal

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Informação Paroquial

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CELEBRAÇÃO DA MISSA DA NOITE DE NATAL.


Este ano a celebração da missa da noite de Natal será pelas 17:30h na Igreja Matriz , NÃO será celebrada a habitual Missa do galo.

DIA DE NATAL A EUCARISTIA  SERÁ CELEBRADA NO HORÁRIO HABITUAL, 12:00 H NA IGREJA MATRIZ

Santo Natal

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Pastoral Familiar Portalegre - Castelo Branco
Caras Famílias

Estamos prestes a festejar o nascimento de Jesus o nosso Salvador. Sim é disso que se trata do aniversário de Deus que se quis fazer homem e habitar junto de nós.

No Natal celebramos, pois, individualmente, em família e na sociedade, o nascimento deste Menino, o Filho de Deus, o Senhor do cosmos e da história, o princípio e o fim. Não é possível celebrar verdadeiramente o Natal esquecendo, negando ou minimizando a pessoa de Jesus para promover e idolatrar, sobretudo junto das crianças, o pai natal e o consumismo (...) (D. Antonino, 2019)


Natal é Eucaristia, é ouvir os Evangelhos da infância de Jesus, é comungar o seu corpo e beijar a imagem do Menino, esse é o verdadeiro Natal.

Santo Natal e que o Menino Jesus vos abençoe e abençoe as vossas famílias.

QUEM É DEUS?

domingo, 22 de dezembro de 2019

DEUS CONNOSCO


https://www.youtube.com/watch?v=rT32UBs6Og0


A liturgia deste domingo diz-nos, fundamentalmente, que Jesus é o "Deus-connosco", que veio ao encontro dos homens para lhes oferecer uma proposta de salvação e de vida nova.
Na primeira leitura, o profeta Isaías anuncia que Jahwéh é o Deus que não abandona o seu Povo e que quer percorrer, de mãos dadas com ele, o caminho da história... É n'Ele (e não nas sempre falíveis seguranças humanas) que devemos colocar a nossa esperança.
O Evangelho apresenta Jesus como a incarnação viva desse "Deus connosco", que vem ao encontro dos homens para lhes apresentar uma proposta de salvação. Contém, naturalmente, um convite implícito a acolher de braços abertos a proposta que Ele traz e a deixar-se transformar por ela.
Na segunda leitura, sugere-se que, do encontro com Jesus, deve resultar o testemunho: tendo recebido a Boa Nova da salvação, os seguidores de Jesus devem levá-la a todos os homens e fazer com que ela se torne uma realidade libertadora em todos os tempos e lugares.
A festa do Natal que se aproxima deve ser o encontro de cada um de nós com este Deus; e esse encontro só será possível se tivermos o coração disponível para O acolher e para abraçar a proposta que Ele nos veio fazer.
Com frequência, o Natal é a festa pagã do consumismo, das prendas obrigatórias, da refeição melhorada, das tradições familiares que têm de ser respeitadas mesmo quando não significam nada... O meu Natal - este Natal que estou a preparar no meu coração - é uma celebração pagã ou um verdadeiro encontro com esse Deus libertador, cuja proposta de salvação estou interessado em escutar e acolher?

Sinais! Deus está sempre a dar-nos sinais, mas nós procuramos quase sempre do lado do extraordinário. Raramente Deus está no extraordinário. O sinal que Ele nos oferece é o de uma família humana, como as nossas, em que Ele se faz corpo para ser "Deus connosco". Que espaço Lhe abrimos nas nossas vidas de homens e de mulheres para que o Sinal da sua Presença e do seu Amor seja lisível para todos os que O procuram hoje? Só com o coração aberto a Deus poderemos acolher os irmãos... Só deixando que Deus seja Natal nas nossas vidas poderemos ser Natal para os outros... Nem mais! Mãos à obra em mais uma semana que Deus nos concede, a semana do Natal!
https://www.dehonianos.org/

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

E NINGUÉM FICOU INDIFERENTE!...


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“Naqueles dias, apareceu um edito de César Augusto ordenando o recenseamento de todo o mundo habitado. Esse recenseamento foi o primeiro enquanto Quirino era governador da Síria. Todos iam recensear-se, cada qual à sua própria cidade. Também José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linhagem de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida. E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria. Na mesma região encontravam-se uns pastores que pernoitavam nos campos, guardando os seus rebanhos durante a noite. Um anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor refulgiu em volta deles; e tiveram muito medo. O anjo disse-lhes: «Não temais, pois anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor. Isto vos servirá de sinal: encontrareis um Menino envolto em panos e deitado numa manjedoura.» De repente, juntou-se ao anjo uma multidão do exército celeste, louvando a Deus e dizendo: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado». Quando os anjos se afastaram deles em direção ao Céu, os pastores disseram uns aos outros: «Vamos a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer». Foram apressadamente e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Depois de terem visto, começaram a divulgar o que lhes tinham dito a respeito daquele Menino. Todos os que ouviram se admiravam do que lhes diziam os pastores. Quanto a Maria, conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração. E os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido, conforme lhes fora anunciado” (Lc 2, 1-20).
“Alguns magos do Oriente, chegaram a Jerusalém e perguntaram: “onde está o Rei dos Judeus recém-nascido? Nós vimos a Sua estrela no Oriente e viemos para prestar-lhe homenagem”. Ao saber disso, o rei Herodes ficou alarmado, assim como toda a cidade de Jerusalém. Herodes reuniu todos os sumos sacerdotes e os doutores da Lei e perguntou-lhes onde o Messias deveria nascer. Eles responderam: “Em Belém, na Judeia, porque assim está escrito por meio do profeta: “E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá o Chefe, que vai apascentar Israel, meu povo”. Então Herodes chamou secretamente os magos, e investigou junto deles sobre o tempo exato em que a estrela havia aparecido. Depois, mandou-os a Belém, dizendo: “Ide e procurai obter informações exatas sobre o Menino. E avisai-me quando o encontrardes, para que também eu vá prestar-lhe homenagem”. Depois de terem ouvido o rei, partiram. E a estrela, que tinham visto no Oriente, ia adiante deles, até que parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao verem de novo a estrela, os magos ficaram radiantes de alegria. Quando entraram na casa, viram o Menino com Maria, Sua Mãe. Ajoelharam-se diante d’Ele e prestaram-Lhe homenagem. Depois, abriram os seus cofres e ofereceram presentes ao Menino: ouro, incenso e mirra. Avisados em sonho para não voltarem a Herodes, regressaram à sua terra, seguindo por outro caminho. Depois que os magos partiram, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua mãe, foge para o Egipto e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o menino para O matar.» José levantou-se de noite, tomou o Menino e sua mãe e partiu para o Egipto, permanecendo ali até à morte de Herodes. Assim se cumpriu o que o Senhor anunciou pelo profeta: “Do Egipto chamei o meu filho”. Então Herodes, ao ver que tinha sido enganado pelos magos, ficou muito irado e mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o seu território, da idade de dois anos para baixo, conforme o tempo que, diligentemente, tinha inquirido dos magos. Cumpriu-se, então, o que o profeta Jeremias dissera: “Ouviu-se uma voz em Ramá, uma lamentação e um grande pranto: é Raquel que chora os seus filhos e não quer ser consolada, porque já não existem”.
Quando Herodes morreu, o anjo do Senhor apareceu em sonhos a José, no Egipto, e disse-lhe: «Levanta-te, toma o Menino e sua mãe e vai para a terra de Israel, porque morreram os que atentavam contra a vida do menino». Levantando-se, ele tomou o menino e sua mãe e voltou para a terra de Israel. Porém, tendo ouvido dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de Herodes, seu pai, teve medo de ir para lá. Advertido em sonhos, retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré; assim se cumpriu o que foi anunciado pelos profetas: Ele será chamado Nazareno” (Mt 2, 1-23).
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D. Antonino Dias- Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 20-12-2019.