sábado, 30 de novembro de 2019
Ó Senhor!
https://www.youtube.com/watch?v=EgoQ9TThBOE
Ó Senhor,
que difícil é falar quando choramos,
quando a alma não tem força,
quando não podemos ver a beleza
que tu entregas em cada amanhecer. Ó Senhor,
dá-me forças para poder encontrar-te
e ver-te em cada gesto,
em cada coisa desta terra
que Tu desenhaste só para mim. Ó Senhor, sim, eu seu preciso da tua mão,
do abraço deste amigo que não está.
Dá-me luz,
à minha alma tão cansada,
que num sonho queria acordar.
Ó Senhor,
hoje quero entregar-te o meu canto
com a música que sinto.
Eu queria transmitir através destas palavras.
Fico mais perto de ti.
Cantado por Mimi Froes
sexta-feira, 29 de novembro de 2019
ADVENTO: DO POPULISMO AO PRESÉPIO
O tempo do Advento conduz-nos ao Natal. Se tem o sabor da expectativa, da esperança, da preparação e da partida ao encontro de quem se espera, também tem o sabor da vida que se disponibiliza, do coração que se abre, das rotinas que se transformam para acolher bem quem chega.
Quem está diante de nós para ser acolhido e Aquele de Quem vamos ao encontro, é Jesus Cristo. Já não é um desconhecido, é verdade. D’Ele já sabemos o que a história nos conta, o que os Evangelhos e a Comunidade Cristã nos testemunham, o que a fé e a oração nos dão a saborear de confiança e de sabedoria. Mesmo assim, Jesus Cristo tem sempre algo de novo a revelar a cada tempo e a cada pessoa. Tem história e é mistério. É conhecido e sempre surpreendente. Se misturarmos a nossa vida com a vida de Jesus, crescemos sempre. Aliás, esse é um dos grandes desafios do Advento. Muitas vezes, talvez procuremos Jesus apenas para que esta ou aquela situação fique resolvida. Jesus, porém, procura-nos, vem ao nosso encontro para permanecer sempre connosco.
A universalidade do acontecimento e do conhecimento de Jesus Cristo poderiam ter feito d’Ele apenas um fenómeno tipo populista, isto é, um fenómeno que aparecesse, desaparecesse e se desvanecesse, tão ao jeito dos nossos tempos. Mas, como a vida tem sempre de ser lida ”por dentro”, percebemos melhor que a universalidade de Jesus Cristo e do seu mistério é a expressão da verdade fundamental e da sabedoria que contém para a vida de todos. Jesus não é apenas uma verdade universal. É, sobretudo, uma verdade que se pode interiorizar e que se pode viver. Tem, nessa medida, outra substância que não apenas o brilho da aparência. Talvez, por isso, no meio de todo um universo a contracenar com a cultura light e populista, tenhamos um pequeno e simples espaço em Belém onde Jesus nasce e por onde Jesus entra na humanidade. Partindo daí, o horizonte é a humanidade inteira. A salvação é mais original que o pecado. Sabendo embora que a cultura light se carateriza pela busca da leveza e com tudo aquilo que isso reclama, também sabemos que o populismo quase sempre manipula ou mascara os olhares e o discernimento das prioridades. Parte de generalizações que absolutiza e incute soluções afuniladas, muitas vezes ao arrepio da realidade. Dá soluções automáticas e não constrói a consciência de “povo” ou de comunidade. Jesus Cristo, ao contrário do populismo, é sempre uma história de humanização. Porque assumiu ser homem, com Ele a humanidade vale muito mais. Assumir significa “fazer sua” a nossa humanidade.
Então é hoje que queremos acolher Jesus. Por muito ou pouco “passado” que tenhamos, por muito ou pouco “futuro” que esperemos, é “hoje” que Jesus vem ao nosso encontro. É hoje que O queremos acolher. Ele é sempre nosso contemporâneo. Como diz o Papa Francisco, dirigindo-se particularmente aos jovens, nós somos o “hoje” e o “agora” de Deus.
“Se és jovem em idade, mas te sentes frágil, cansado ou desiludido, pede a Jesus que te renove. Com Ele, não se extingue a esperança. E o mesmo podes fazer, se te sentires imerso nos vícios, em maus hábitos, no egoísmo ou na comodidade mórbida. Cheio de vida, Jesus quer ajudar-te para que valha a pena ser jovem. Assim, não privarás o mundo daquela contribuição que só tu – único e irrepetível, como és – lhe podes dar” (Francisco, CV, 109).
Ser o “hoje” de Deus significa que nada do que é humano é estranho a Deus. Então, encontrar-se com Jesus é reconstruir a vontade, a inteligência, os afetos, tudo. Quando Deus assume, em Jesus Cristo, a nossa humanidade significa que essa mesma humanidade é confirmada como o lugar onde Deus habita. E é extraordinário que, com as nossas fragilidades, Deus constrói uma história de amor. Nasce e atrai a Si, pastores, magos, homens de boa vontade; percorre os caminhos da Judeia e Galileia e os que O escutam sentem-se por Ele agarrados, sejam cegos, coxos, possessos ou gente em busca da verdade; sobe à cruz, ressuscita e faz entender que Ele é o caminho, a verdade e a vida.
O pequeno e simples espaço de Belém onde Jesus “teima” em nascer pode, pois, ser hoje o coração de tantos, particularmente dos jovens a quem a Igreja quer escutar mais e dedicar maior atenção. Parafraseando o texto da Exortação Cristo Vive, do Papa Francisco, Deus ama-nos, Cristo é o nosso Salvador, Cristo vive.
Deixar-se iluminar e transformar pelo encontro com Cristo e com o seu Evangelho é um desafio forte mas que todos, particularmente os jovens, podemos praticar no dia a dia.
O que faria Jesus se estivesse no meu lugar diante deste problema e por este motivo? Como agiria Ele confrontado com estes problemas? Que chamamento me faria?
Às interrogações vai sucedendo, a passo e passo, a resposta da presença de Cristo, presença que procurei, acolhi e me fez sentir encontrado. “O amor de Deus e a nossa relação com Cristo vivo não nos impedem de sonhar, não nos pedem para restringir os nossos horizontes. Pelo contrário, esse amor instiga-nos, estimula-nos, lança-nos para uma vida melhor e mais bela (...) A inquietude insatisfeita, juntamente com a admiração pelas novidades que surgem no horizonte, abrem caminho à ousadia que nos impele a tomar a nossa vida nas próprias mãos e a tornar-nos responsáveis por uma missão. Esta sã inquietude, que surge especialmente na juventude, continua a ser a caraterística de qualquer coração que permanece jovem, disponível, aberto. A verdadeira paz interior convive com esta profunda insatisfação. Dizia Santo Agostinho: «Senhor, criastes-nos para Vós e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em Vós» (Francisco, Cristo Vive, 138).
E se este Advento culminasse numa história de amizade mais profunda com Jesus Cristo no Natal? E se deixássemos crescer ainda mais em nós a vontade de viver de Cristo e de experimentar os seus caminhos? E se ousássemos mais caminhos de fraternidade? E se nos comprometêssemos mais e fossemos corajosos anunciadores d’Aquele com Quem nos comprometemos?
A exuberância das nossas manifestações exteriores, para ser autêntica, está na saúde da raiz que, discretamente, nos alimenta porque nos liga ao que pode dar a vida. Vamos, seguramente, encontrar um lugar, dentro de nós, para acolher Cristo. O lugar que Maria e José tanto procuraram somos nós!
D. Antonino Dias- Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 29-11-2019.
Por amor pedirei a paz
https://www.youtube.com/watch?v=PFG3gOpal0w
«Por amor
pedirei a paz e todos os bens para ti!»
Do Salmo 121 (122):
Pedi a paz para Jerusalém:
«Vivam seguros quantos te amam.
Haja paz dentro dos teus muros,
tranquilidade em teus palácios».
Por amor de meus irmãos e amigos,
pedirei a paz para ti.
Por amor da casa do Senhor,
pedirei para ti todos os bens.
Senhor, nosso Deus, nós Te bendizemos,
porque nos chamaste a ser cristãos
e discípulos de Jesus Cristo, o único Mestre.
Nós Te damos graças porque,
por amor,
nos ensinas a pedir a paz;
por amor,
nos ensinas a pedir todos os bens
para os amigos e irmãos.
Glória ao Pai...
(passo-a-rezar)
quarta-feira, 27 de novembro de 2019
A fé não me dá certezas!
A fé não me dá certezas. Desde que me lembro acho que nunca me deu nada. Pediu-me sempre que descobrisse e que me deixasse descobrir. Apontou, mas nunca finalizou. Esta sempre foi uma das suas artes: despontar, enamorar e depois deixar que o caminho nos vá revelando que nunca teremos tudo revelado.
A fé não me dá certezas. No máximo vai-me deixando confiar. Dá-me a conhecer que a espera é caminho continuado e confiado numa medida desmedida. Faz-me perceber que não se avança com respostas, mas com perguntas. Permite-me sair de mim. Ir ao encontro e muitas vezes proporcionando desencontros para que me volte a reencontrar e a dirigir, uma e outra vez, ao mesmo destino.
A fé não me dá certezas. Dá-me caminhos novos todos dias. Retira-me a segurança e atira-me ao risco para que arrisque tudo o que tenho. A fé dá-me tudo não possuindo nada e mostra-me que só vejo, verdadeiramente, quando me deixo ser visto sem máscaras, nem medos.
A fé não me dá certezas. Dá-me ruas sem saída e em troca oferece-me um céu sem limite. Leva-me a questionamentos sem fim e mergulha-me no silêncio das minhas noites. Pede-me que entregue a minha vida à loucura do amor. Dando-me mais. Alargando-me por completo e deixando que tudo o que sou e faço seja uma verdadeira oração.
A fé não me dá certezas. Coloca-me no desconforto. Não me permite que deixe de viver. Pede-me sempre mais num descontentamento que me leva a um total comprometimento.
A fé não me dá certezas, mas ofereceu-me o melhor das minhas incertezas: saber que Ele sempre será a minha firmeza!
terça-feira, 26 de novembro de 2019
O que as paredes do mosteiro escondem
É velho o ditado que diz “quem está no convento é que sabe o que lhe vai dentro”, para dizer que o juízo sobre algo só pode ser feito por quem conhece realmente um determinado assunto ou contexto. Esta história ouvi-a eu contada por quem a viveu há pouquíssimo tempo. Deveria dar-nos que pensar:
Não fosse uma experiência que vivi, por acaso, e não me lamentaria de as paredes dos mosteiros esconderem tanta coisa que, aos olhos incautos (mais ainda aos acutilantes e menosprezadores), fica completamente despercebida.
Vivi por pouco tempo no Norte de Portugal. Em cada final de dia, procurava ir à missa. Era o coroar do dia: o silêncio, a paz interior, a comunhão com a Igreja, a consagração do meu dia ao Senhor, a memória de Cristo presente no aqui e agora. Viver assim a Eucaristia exigia também um espaço calmo, sóbrio, mas bonito e agradável, contemplativo. Assim, nos primeiros tempos, procurei espaços de culto e descobri, a pouco tempo de viagem de casa, um mosteiro. Era mesmo o que me convinha!
O pouco tempo que fui por ali passando, numa rotina quase diária, foi-me dando a ver um lado que aos olhos dos “rápidos fregueses de domingo” fica completamente oculto.
Quem tem o privilégio de ter o contacto com monjas e monges contemplativos sabe, conhece que a sua alegria é sobrenatural, contagiante. Pedem pouco, dão muito – quantas vezes o que o mundo promete, mas não dá – a alegria genuína. Por isso, quem assim vê e sente essa alegria, de quem não se lamenta nem nada pede, não desconfia do que, por vezes, as paredes ocultam…
Assim como fui, voltei. Mas voltei ao mosteiro, para recordar o silêncio e rezar. Ao entrar, uma folha por cima de um caixote de papel pedia: “Azeite para o Santíssimo”. Ponto de interrogação. As irmãs queriam azeite para o Santíssimo? Humm! Pensei… E recordei algumas notas dissonantes aquando da minha passagem por ali: as luzes da igreja, da assembleia, que não se acendiam, somente as do presbitério, mesmo quando já era lusco-fusco; o táxi que se pagava ao padre, velhinho, muito velhinho, pois não havia outro que fosse celebrar Eucaristia (isto tudo porque ficar sem Eucaristia é que não, e todos os esforços para isso se faziam!); as moedas do peditório que eram usadas imediatamente para pagar o pão do padeiro; dos artigos de fabrico próprio à venda não via ninguém comprar… E pensava: com tão poucos fiéis, como se sustenta esta comunidade, ainda tão grande, já com algumas irmãs idosas, dependentes?
O meu reconhecimento e carinho para com aquela comunidade era imenso, pois tinha-me proporcionado o espaço e o tempo de que necessitava para alimentar o espírito. Então, num impulso quase espontâneo, fui comprando bens de que todos carecemos no dia a dia: todos comemos (e não é só arroz e massa!), todos lavamos os dentes, o cabelo, o corpo e a roupa (e, como sou mulher, sei que a higiene feminina não é a mesma de um homem e exige outros cuidados); todos usamos papel higiénico; todos precisamos de papel para imprimir um ou outro documento… Já sem contar que todos pagamos a conta da luz, do gás e da água…
E o carro, um dia, lá levou o donativo... também com o azeite pedido…
Surpresa das surpresas: vi lágrimas nos olhos das irmãs que agradeciam encarecidamente os bens, pois «Estávamos muito necessitadas!», diziam. E pensei: o que não escondem as paredes de um mosteiro... A generosidade das irmãs foi tal que não pude recusar o jantar que me ofereciam. Realmente, quem pouco tem sempre tem para partilhar.
Para a próxima, quando por lá voltar, levo mais azeite… também para a comida. Será que outros o farão em qualquer mosteiro deste país?
Esta história deveria dar-nos que pensar! E desengane-se quem julgue que essa tal comunidade religiosa era uma reduzida comunidade de idosas. Tem cerca de vinte religiosas e várias ainda são bastante jovens.
Não foi a fácil crítica de que foram elas que escolheram esse estilo de vida (na verdade, apenas responderam a um apelo) que esta vivência real me interpelou. No fim disto tudo, o que me ficou a ressoar foram as perguntas: Andam os nossos olhos e os nossos ouvidos cegos e surdos? Até onde a nossa “indiferença fraterna”? É um bom tema para meditar neste Advento.
Liliana Verde
segunda-feira, 25 de novembro de 2019
Bispo afirma que «lógica» de Jesus é «prestar atenção ao clamor do pobre, do mais fraco, do marginalizado»
Na solenidade de Cristo-Rei, D. Antonino Dias evocou «todos os condenados e excluídos por uma sociedade esquecida de Deus»
25 nov 2019 (Ecclesia) – O bispo de Portalegre-Castelo Branco afirmou que a lógica de Jesus é “do amor e da ternura, da luta contra tudo quanto se opõe há justiça e à paz”, falando na Missa da Solenidade de Cristo Rei, na igreja de Gavião.
“É a logica que faz prestar atenção ao clamor do pobre, do mais fraco, do marginalizado, lógica de quem se opõe à violência dos que se servem da riqueza e do poder, da injustiça e da indiferença para humilhar e explorar os outros”, disse D. Antonino Dias, este domingo.
Na homilia da Eucaristia, transmitida pela RTP 1, o bispo de Portalegre-Castelo Branco realçou que na cruz acompanham Jesus “todos os condenados e excluídos por uma sociedade esquecida de Deus”, centrada apenas nos seus próprios interesses e êxitos.
“A logica humana é a lógica do poder, da força, dos interesses do egoísmo, das atitudes autorreferenciais, da arrogância e da violência”, observou.
No último domingo do Ano Litúrgico, quando a Igreja Católica celebra a solenidade litúrgica de Cristo-Rei, D. Antonino Dias observou que “a grandeza de um rei” não se manifesta “em alguém que se diz rei e morre pregado numa cruz” mas costuma manifestar-se “no sucesso, na força, na riqueza, no poder, nas influências sociais, nos compromissos com os grandes grupos económicos”.
“Jesus reina a partir da cruz, a partir daquele altar do calvário, o altar da nova aliança, ali em total obediência ao pai encontra ânimo para perdoar a todos, e exercer a sua realeza, dá-se e dá tudo em suprema liberdade tornando-se modelo e força de todos nós os seus discípulos, a sua lógica não é a nossa lógica”, desenvolveu.
A Missa na igreja paroquial de Gavião fazia parte do programa das comemorações dos 500 anos do Foral a Gavião, por D. Manuel I, em 1519.
“É bom e bonito que as pessoas se reúnam para fazer festa”, referiu o bispo diocesano, associando-se também ao Papa Francisco em visita pastoral ao Japão, numa viagem que começou na Tailândia.
Na vila do Alto Alentejo, D. Antonino Dias explicou que a “festa para os cristãos é ainda muito maior”, por ser “domingo, dia do Senhor, dia da festa de todos os cristãos, da família cristã, da comunidade cristã”.
Alegria, porém, não é sinónimo de mero divertimento ou ausência de sofrimento, não é alegria de entusiamo momentâneo e que logo passa, é a felicidade do coração. É uma condição vivida mesmo no meio do sofrimento, é um estado de espírito permanente apesar das vicissitudes e das vergastadas da vida que não raro e para muitos são muito dolorosas, persistentes e prolongadas”.
O bispo de Portalegre-Castelo Branco – que inclui parte do território do Alto-Alentejo, da Beira Baixa e do Ribatejo, nos Distritos de Castelo Branco, Portalegre e Santarém, terminou a sua homilia com várias perguntas de reflexão: “Cristo reina de facto no teu coração? Cristo reina de verdade no seio da tua família? Conheces o programa do seu reino?”
CB
25 nov 2019 (Ecclesia) – O bispo de Portalegre-Castelo Branco afirmou que a lógica de Jesus é “do amor e da ternura, da luta contra tudo quanto se opõe há justiça e à paz”, falando na Missa da Solenidade de Cristo Rei, na igreja de Gavião.
“É a logica que faz prestar atenção ao clamor do pobre, do mais fraco, do marginalizado, lógica de quem se opõe à violência dos que se servem da riqueza e do poder, da injustiça e da indiferença para humilhar e explorar os outros”, disse D. Antonino Dias, este domingo.
Na homilia da Eucaristia, transmitida pela RTP 1, o bispo de Portalegre-Castelo Branco realçou que na cruz acompanham Jesus “todos os condenados e excluídos por uma sociedade esquecida de Deus”, centrada apenas nos seus próprios interesses e êxitos.
“A logica humana é a lógica do poder, da força, dos interesses do egoísmo, das atitudes autorreferenciais, da arrogância e da violência”, observou.
No último domingo do Ano Litúrgico, quando a Igreja Católica celebra a solenidade litúrgica de Cristo-Rei, D. Antonino Dias observou que “a grandeza de um rei” não se manifesta “em alguém que se diz rei e morre pregado numa cruz” mas costuma manifestar-se “no sucesso, na força, na riqueza, no poder, nas influências sociais, nos compromissos com os grandes grupos económicos”.
“Jesus reina a partir da cruz, a partir daquele altar do calvário, o altar da nova aliança, ali em total obediência ao pai encontra ânimo para perdoar a todos, e exercer a sua realeza, dá-se e dá tudo em suprema liberdade tornando-se modelo e força de todos nós os seus discípulos, a sua lógica não é a nossa lógica”, desenvolveu.
A Missa na igreja paroquial de Gavião fazia parte do programa das comemorações dos 500 anos do Foral a Gavião, por D. Manuel I, em 1519.
“É bom e bonito que as pessoas se reúnam para fazer festa”, referiu o bispo diocesano, associando-se também ao Papa Francisco em visita pastoral ao Japão, numa viagem que começou na Tailândia.
Na vila do Alto Alentejo, D. Antonino Dias explicou que a “festa para os cristãos é ainda muito maior”, por ser “domingo, dia do Senhor, dia da festa de todos os cristãos, da família cristã, da comunidade cristã”.
Alegria, porém, não é sinónimo de mero divertimento ou ausência de sofrimento, não é alegria de entusiamo momentâneo e que logo passa, é a felicidade do coração. É uma condição vivida mesmo no meio do sofrimento, é um estado de espírito permanente apesar das vicissitudes e das vergastadas da vida que não raro e para muitos são muito dolorosas, persistentes e prolongadas”.
O bispo de Portalegre-Castelo Branco – que inclui parte do território do Alto-Alentejo, da Beira Baixa e do Ribatejo, nos Distritos de Castelo Branco, Portalegre e Santarém, terminou a sua homilia com várias perguntas de reflexão: “Cristo reina de facto no teu coração? Cristo reina de verdade no seio da tua família? Conheces o programa do seu reino?”
CB
domingo, 24 de novembro de 2019
SOLENIDADE DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, REI DO UNIVERSO
https://www.youtube.com/watch?v=C72vPfU4phk
A primeira leitura apresenta-nos o momento em que David se tornou rei de todo o Israel. Com ele, iniciou-se um tempo de felicidade, de abundância, de paz, que ficou na memória de todo o Povo de Deus. Nos séculos seguintes, o Povo sonhava com o regresso a essa era de felicidade e com a restauração do reino de David; e os profetas prometeram a chegada de um descendente de David que iria realizar esse sonho.
O Evangelho apresenta-nos a realização dessa promessa: Jesus é o Messias/Rei enviado por Deus, que veio tornar realidade o velho sonho do Povo de Deus e apresentar aos homens o "Reino"; no entanto, o "Reino" que Jesus propôs não é um Reino construído sobre a força, a violência, a imposição, mas sobre o amor, o perdão, o dom da vida.
A segunda leitura apresenta um hino que celebra a realeza e a soberania de Cristo sobre toda a criação; além disso, põe em relevo o seu papel fundamental como fonte de vida para o homem.
sábado, 23 de novembro de 2019
O Espírito Santo continua a fazer das Suas!
O Espírito Santo continua a fazer das Suas. Continua a soprar por entre as vidas de todos e dinamiza-as num amor inexplicável. Dá a experimentar o amor que comove no silêncio. Dá a conhecer o amor que nos faz sorrir sem ter a necessidade de Se expressar. Dá a oportunidade de nos arrepiarmos com o amor que surge com a Palavra da Sua ação. Dá-nos a graça de recebermos o amor que nos desinstala por completo com a simplicidade de um olhar. Dá-nos a sorte de nos sentirmos tremendamente amados em abraços que restauram todos os nossos pedaços.
O Espírito Santo continua a fazer das Suas. Insiste em sair por entre rajadas de ventania divina pronto a trocar-nos as voltas por entre as voltas da nossa vida. Está sempre preparado a colocar-nos do avesso para que possamos estar, verdadeiramente, de frente para nós e para Si. Coloca-nos em busca das nossas incertezas tornando-nos sedentos do que não vemos e não conseguimos explicar. Faz de nós peregrinos de todas as moradas e momentos. Faz de nós sonhadores alargando-nos o nosso céu.
O Espírito continua a fazer das Suas. Vai sustentando o insustentável. Vai moldando o que já foi despedaçado. Vai incentivando o que se deixou perder por entre becos sem saída e oferece-Se como a verdadeira saída. Vai escancarando as portas da nossa humanidade dando a conhecer a Sua divindade em arrepios que nos dão a saborear a certeza da Sua presença.
O Espírito Santo continua a fazer das Suas. E vai manifestando-Se em sorrisos e lágrimas. Em dom da palavra e em silêncios comovedores. O Espírito Santo vai enchendo o nosso nada e relembra-nos que o nosso pouco é, aos olhos do Senhor da Vida, o Seu tudo.
O Espírito Santo hoje, sem menos espetáculo com línguas de fogo, continua a incendiar-nos e torna-nos em poliglotas do Seu amor.
O Espírito Santo continua a fazer das Suas. Continua a chamar por quem se dizia esquecido e continua a contar com quem não conta.
O Espírito Santo continua a fazer das Suas: a possibilitar que não sejamos causas impossíveis!
Emanuel António Dias
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
EUTANÁSIA: O SILÊNCIO DE TANTOS ATEMORIZA!...
Portugal foi o primeiro Estado soberano da Europa a exarar na Constituição a abolição da pena de morte, embora não tivesse sido o primeiro a assumir tal princípio. Foi um passo histórico em que Portugal se tornava paladino na defesa da vida humana como um direito fundamental inviolável. A Constituição Portuguesa continua a proclamar que “a vida humana é inviolável”, que “em caso algum haverá pena de morte”, que “a integridade moral e física das pessoas é inviolável”, que “ninguém pode ser submetido a tortura, nem a tratos ou penas cruéis, degradantes ou desumanos” (Artigos 24º e 25º). Pelo protocolo n.º 6 à Convenção para a Proteção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, de abril de 1983, a pena de morte foi abolida e proibida em praticamente toda a Europa. Portugal, porém, se foi dos primeiros na defesa da vida como o primeiro dos direitos humanos e fundamento de todos os outros direitos, tem agora, mais uma vez, quem queira remar em sentido contrário. É um caranguejar reforçado pelo silêncio de tantos que, embora discordando, se limitam a ver passar a banda ou se calam sob as subserviências ideológicas, partidárias ou outras. Cento e quarenta anos depois daquele passo civilizacional, já Portugal, em 2007, abriu as portas ao aborto, podendo ser realizado no serviço Nacional de Saúde e em estabelecimentos de saúde privados autorizados, facilitando, assim, a destruição da vida de milhares e milhares de crianças por ano e promovendo a cultura da morte. Se antes acreditara que até o mais terrível dos criminosos poderia ser recuperado, poupando-lhe a vida, agora, abre a porta à morte dos inocentes, dos mais frágeis e indefesos da sociedade, os que nem sequer podem ser julgados!... Até o próprio “inverno demográfico” do país aconselharia a respeitar mais e melhor a primavera da vida!...
Como se isso fosse uma grande proeza civilizacional e não bastasse, há quem se esmere agora pela eutanásia e pelo suicídio assistido! Isto é, pela provocação intencional da morte de uma pessoa, a seu pedido (homicídio) ou por si própria (suicídio). Para tal, faz-se crer na opinião pública que os defensores da vida são ignorantes e retrógrados. Faz-se passar a ideia de que a defesa da vida é uma questão meramente religiosa e, por isso, sem sentido numa sociedade pluralista. Que é uma necessidade urgente e própria dos progressos culturais do tempo. Que é só para casos limite e em favor de uma morte digna. Que a dignidade da pessoa que sofre e a sua autonomia e liberdade o reclamam. Esquece-se, porém, que a autonomia pressupõe a vida como bem indisponível e como pressuposto de todos os direitos. Sabemos que só é livre quem vive e que a dignidade do ser humano não depende de qualquer circunstância, é objetiva, a doença não a diminui. Pedir que o matem ou matar-se não é um exercício da liberdade, mas a supressão da própria raiz da liberdade. São muitos os problemas éticos, jurídicos, médicos, morais e sociais que esta decisão arrasta.
Eliminar-se ou eliminar a pessoa para acabar com a dor é um absurdo, não é cuidar nem amar, pode ser consequência de quem foge às responsabilidades de cuidar e acompanhar. Além disso, como o sofrimento pode prejudicar a capacidade de tomar decisões, ninguém ficaria com a certeza de que o desejo de morrer possa expressar a vontade livre e consciente do doente em causa.
No artigo 64ª da Constituição da República Portuguesa, os cuidados da saúde a que todos têm direito, não podem estar à mercê da vontade dos governos de turno. Eles revestem a natureza de uma imposição constitucional, e devem ser realizados “através de um serviço nacional de saúde (SNS) universal, geral e (...) tendencialmente gratuito”. E mesmo que se afirme que a eutanásia será apenas para casos muito excecionais, há dados conhecidos que em alguns Estados em que se liberalizou, os critérios para a sua aplicação estão em constante alargamento, e sempre em nome da perda da dignidade da pessoa como se isso fosse assim tão linear. Nunca a pessoa perde a sua dignidade seja qual for a circunstância. O que será indigno é não lhe garantir os direitos já tantas vezes repetidos de um fim de vida digno, isto é, o direito aos cuidados paliativos que aliviem o sofrimento físico e psíquico, que lhe seja respeitada a sua liberdade de consciência, que seja devidamente informado com verdade sobre a sua situação clínica, o direito de decidir sobre as intervenções terapêuticas a que se irá sujeitar, o direito a recusar a obstinação terapêutica, os tratamentos inúteis e desproporcionados ou fúteis, o direito a estabelecer o diálogo esclarecedor e sincero com os médicos, familiares e amigos, o direito a receber a assistência espiritual e religiosa.
E embora as comunidades religiosas existentes no nosso país - comunidade Islâmica, Israelita, Budista, Hindu e Bahá’í, as Igrejas Adventista, Ortodoxa e Católica, a Aliança Evangélica e o Conselho Português de Igrejas Cristãs - sejam, de facto, a favor da vida, não se trata de um debate confessional ou religioso como alguns querem fazer crer. Trata-se, isso sim, é de um combate e debate cívico em prol dos direitos humanos. A nossa própria Constituição, que é laica, define a vida humana como “inviolável”. A Associação Médica Mundial reafirma o seu “firme compromisso” a favor do respeito pela vida humana, rejeitando desta forma a eutanásia e o suicídio assistido. O Conselho Nacional de Ética e Deontologia Médica da Ordem dos Médicos vai no mesmo sentido. A eutanásia não é um ato médico. O doente não pode perder a confiança no médico. Os médicos podem invocar a objeção de consciência. Ouvi há dias que há países em que Instituições recusaram os acordos com o Estado porque este os obrigava a aplicar a eutanásia. Destruir os outros ou a si próprio não é um direito nem um dever, é um temível mal social do qual o Estado se pode tornar cúmplice ao insinuar às pessoas quando e como podem ou não decidir morrer. Se assim for, de facto, também se pode colocar a questão já por aí apresentada: qualquer um de nós, quando se encontrar improdutivo, doente ou dependente, mesmo que no uso das suas qualidades mentais, poderá vir a perguntar-se o que é que deve fazer da sua vida. E pode sentir a necessidade de colocar a própria eutanásia, não como um direito da sua liberdade ou autonomia, que nunca o será, mas como um dever para si, para que não seja considerado um egoísta, um inútil que só dá trabalho e despesa, um tropeço para os outros. E será que a ninguém pesará esta responsabilidade? Nem àqueles que legislaram? Nem àqueles que não garantiram os cuidados paliativos? Nem àqueles que fogem com os apoios financeiros?... Nem àqueles que prescindiram da solidariedade e do amor?
O Partido Comunista Português tem defendido o “valor intrínseco da vida”. Para ele, a legalização da eutanásia “não pode ser apresentada como matéria de opção ou reserva individual”. Inscrever na lei “o direito a matar ou a matar-se não é um sinal de progresso mas um passo no sentido do retrocesso civilizacional”. E que, para além desta discussão convocar “princípios constitucionais evidentes, como a inviolabilidade da vida humana, o direito à vida ou a responsabilidade de o Estado assegurar e respeitar a vida humana”, não temos em Portugal “uma situação do ponto de vista social, médico e clínico que coloque esta discussão como prioritária ou estas medidas como absolutamente necessárias para dar resposta a um problema social”. A solução “não é a de desresponsabilizar a sociedade promovendo a morte antecipada das pessoas nessas circunstâncias, mas sim a do progresso social no sentido de assegurar condições para uma vida digna, mobilizando todos os meios e capacidades sociais, a ciência e a tecnologia para debelar o sofrimento e a doença e assegurar a inclusão social e o apoio familiar”. Não se pode classificar a morte antecipada como um “ato de dignidade”. E embora se possam “expressar em alguns casos juízos motivados por vivência própria, conceções individuais que se devem respeitar”, não deixa de ser “para uma parte dos seus promotores, uma inscrição do tema em busca de protagonismos e de agendas políticas promocionais.”
D.Antonino Dias Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 22-11-2019.
quinta-feira, 21 de novembro de 2019
Onde é que tu estás?
Onde é que tu estás? Este questionamento deveria acompanhar-te de mão dada. Não para te deixar num estado depressivo e melancólico, mas para te relembrar o valor da tua vida. Devias perceber por onde é que te tens deixado. Onde é que tens deixado semear todos os teus pedaços? Onde é que te tens deixado ficar à espera? Em que sentido se encontra o teu sentido?
Onde é que tu estás? Deixaste para trás esta pergunta com medo de não a conseguires responder. Sentes-te incapaz de a enfrentar e de a levar com os passos da tua humanidade. Para ti restam somente os teus pés atados a uma indignidade que ateimas em colocar em tudo o que és e fazes. Sobra apenas um pouco que não te deixa ser mais do que um louco dentro de ti mesmo.
Onde é que tu estás? Vives num desânimo permanente. A tua felicidade não foi esgotada, mas sim recalcada. Colocaste-a de fora. Perdida de ti, quando devia estar perdida em ti. Procuras, mas não sabes o quê, por isso continuas nesse fingimento de uma azáfama que te parece preencher e realizar, mas quando és confrontado com o silêncio, logo te deixas quebrar e recolhes de novo à tua verdadeira essência.
Onde é que tu estás? Consegues ao menos localizar-te nesta linha do tempo? Consegues ao menos dar-te tempo? Talvez precises desse teu tempo para uma travessia dura, mas plena de ti mesmo. Talvez necessites de te abandonar. Deixares-te ao abandono de ti mesmo. Sem medos, nem receios. Sem máscaras, nem desculpas. Apenas contigo, sem esperares que te apanhem.
Onde é que tu estás? Onde estão os teus sonhos? Onde está a tua alegria? Onde estás tu no meio de tudo o que és e fazes? Se não te deixares encontrar agora com esta pergunta, talvez um dia seja tarde demais para a colocares na mochila da tua vida.
Onde é que tu estás? Não respondas já. Coloca-a em ti. Reza-a e de mãos dadas dá-lhe um pouco de ti!
quarta-feira, 20 de novembro de 2019
Como podemos fazer a vontade de Deus diariamente?
Somos chamados a fazer a vontade de Deus aqui e agora. Mas como podemos saber, a qualquer momento, qual é a vontade do Senhor? Está em nosso poder saber e cumprir isso na vida quotidiana?
Deus escolhe precisar de nós. Deus não precisa de nós, no sentido estrito da palavra – Ele existe sem nós e é suficiente para Si mesmo – mas nos criando, nos associando à Sua obra da Criação e, mais ainda, à Sua obra da Redenção, Ele escolhe “precisar” de nós. De certa forma, a sua vontade já não pode ser cumprida sem nós.
Ele não pode nos salvar apesar de nós, não pode nos forçar a aceitar seu amor ou nos obrigar a amá-lo. Ele faz de nós filhos, não escravos, e o amor de um filho implica uma decisão livre. Para que a sua vontade se cumpra “na terra como no céu”, Deus conta connosco.
Qual é a vontade de Deus?
Não nos cabe a nós saber tudo sobre seus projetos: basta que sejamos informados sobre a parte que depende de nós, para o resto, confiamos Nele. Mas que parte é esta? Jesus respondeu claramente: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu espírito. Amarás teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:37). Ele insiste na véspera da sua morte: “Dou-vos um mandamento novo: amai-vos uns aos outros, como eu vos tenho amado” (Jo 13, 34). Isto é o que Deus quer.
A vontade de Deus é o amor: que O amemos e que amemos os nossos irmãos. No entanto, amar não é experimentar sentimentos, mas “dar a vida por aqueles que amamos”: entregar e dar a cada momento, até mesmo nos detalhes da vida cotidiana. Cada minuto me é oferecido como uma oportunidade de amar a Deus e aos meus irmãos, e de me deixar amar por eles. A vontade de Deus é que eu faça tudo por amor, com todo o meu coração, com total atenção ao que me é dado viver “aqui e agora”.
O que Jesus fez na Terra senão fazer a vontade de seu Pai? Ele não só cumpriu esta vontade na Sexta-feira Santa, mas em todos os momentos de sua vida como homem. Quando brincava com os filhos de Nazaré, quando comia ou trabalhava com José, quando ajudava Maria a carregar a jarra de água quando ela voltava da fonte ou quando preparava peixe grelhado para os seus amigos, em todas essas pequenas coisas muito encarnadas, Jesus fez a vontade do seu Pai. Nele, através dele, a vontade do pai é encarnado em nossas vidas diárias.
Em termos concretos, como podemos discernir a vontade de Deus?
Muitos indicadores nos são dados pelo Senhor. Estes incluem, entre outros: a Palavra de Deus e o ensinamento da Igreja, os conselhos dos nossos irmãos e especialmente daqueles que têm autoridade sobre nós, os acontecimentos e as necessidades.
Frequentemente, na vida cotidiana, a vontade de Deus é clara: se eu estou no escritório ou na sala de aula, a vontade de Deus é que eu trabalhe o melhor que puder; se eu estiver em um carro, dirigirei com cuidado e bondade, etc. Às vezes é mais difícil: temos de rezar e pedir conselhos para encontrar o nosso caminho.
Em todo o caso, tenhamos a certeza de que, quanto mais nos esforçamos por fazer a vontade de Deus até nos mínimos detalhes da vida quotidiana, mais Ele nos permite discernir o que Ele quer de nós.
Várias vezes por ano, celebramos a Virgem Maria. Mas a sua vida estava cheia de pequenos gestos aparentemente inofensivos, tarefas diárias incansáveis e repetidas. Mas em todas estas pequenas coisas, em cada momento, “aqui e agora”, ela disse “sim” sem reservas à vontade de Deus.
Christine Ponsard
terça-feira, 19 de novembro de 2019
Papa ruma à Tailândia, país onde católicos são minoria, com mensagem de diálogo entre religiões
Francisco visita ainda o Japão, onde sonhava ser missionário
Cidade do Vaticano, 19 nov 2019 (Ecclesia) – O Papa partiu hoje de Roma para a Tailândia, destino inicial da sua 32ª viagem internacional, assumindo como objetivo a promoção do diálogo inter-religioso num país de maioria budista, onde os católicos são menos de 1% da população.
Numa mensagem em vídeo, ao povo tailandês, Francisco deixou elogios aos “irmãos budistas que dão testemunho eloquente dos valores da tolerância e da harmonia.
O pontífice referiu-se a uma nação “multiétnica e diversificada, com ricas tradições espirituais e culturais”, esperando que a sua viagem ajude a “reforçar os laços de amizade” entre os vários crentes, reforçando “a importância do diálogo inter-religioso, da compreensão recíproca e da cooperação fraterna, especialmente ao serviço dos pobres, dos mais necessitados e ao serviço da paz”.
A partida para a Tailândia aconteceu pelas 19h00 de hoje, em Roma (menos uma em Lisboa); a chegada ao Terminal Aéreo Militar 2 de Banguecoque está marcada para as 12h30 locais (05h30 em Lisboa), esta quarta-feira, dia sem atividades oficiais após a cerimónia de boas-vindas.
Durante a viagem, Francisco vai ser por uma tradutora especial, a irmã Ana Rosa Sivori, sua prima, que está na Tailândia, como missionária, há mais de 50 anos.
O programa em Banguecoque inclui uma série de encontros com autoridades políticas, a comunidade católica, representantes budistas e uma audiência no Palácio Real.
Hoje parto para a minha 32ª #ViagemApostólica. Queridos amigos da Tailândia e do Japão, à espera de nos encontrarmos, rezemos juntos para que estes dias sejam ricos de graça e alegria.
Os católicos tailandeses são menos de 400 mil, representando 0,59 % dos mais de 60 milhões de habitantes do país asiático – com mais de 95% de budistas.
A Igreja Católica na Tailândia tem 11 circunscrições eclesiásticas, 502 paróquias e 566 centros pastorais, servidos por 16 bispos, 523 sacerdotes diocesanos, 312 sacerdotes religiosos, 123 religiosos, 1461 religiosas, 57 membros de institutos seculares, 221 missionários leigos, 1901 catequistas e 306 seminaristas.
A Santa Sé tem relações diplomáticas plenas com Banguecoque desde 1968.
A convite do governo do Reino da Tailândia e dos bispos católicos, o Papa Francisco visita o país de 20 a 23 de novembro; o lema da viagem é “Discípulos de Cristo, discípulos missionários”.
Em 2019 assinalam-se os 350 anos da instituição do Vicariato Apostólico de Sião, que marcou o início da presença da Igreja Católica no país; a primeira missionação foi levada a cabo por religiosos portugueses, na segunda metade do século XVI.
O primeiro Papa a visitar a Tailândia foi João Paulo II, em 1984; o santo polaco foi também o primeiro a passar pelo Japão, em 1981.
Francisco visita o território nipónico de 23 a 26 de novembro, com um programa que inclui passagens por Hiroxima e Nagasáqui, para apelar à erradicação das armas nucleares.
O lema escolhido para a viagem ao Japão é “Proteger cada vida”, uma das frases contidas na oração que conclui a Encíclica ‘Laudato si’ sobre a ecologia integral.
“A exortação é respeitar não apenas a dignidade de cada pessoa, mas também o meio ambiente, sobretudo num país, como o Japão, que enfrenta o problema persistente da ameaça nuclear”, explica o Vaticano.
Na sua juventude, o Papa Francisco sonhava ser missionário no Japão, algo que foi impossível devido aos seus problemas de saúde.
No próximo domingo, o pontífice visita Nagasáqui e Hiroxima; de regresso a Tóquio, o Papa vai encontrar-se, na segunda-feira, com as vítimas do chamado “triplo desastre” de 2011 -– terramoto, tsunami e acidente nuclear em Fukushima -, antes de uma visita privada ao imperador Naruhito no Palácio Imperial.
A agenda prevê a celebração da Missa e encontro com jovens católicos.
O Papa concedeu uma entrevista à televisão japonesa KTN, em que fala dos mártires cristãos e das vítimas das bombas atómicas.
Quando leio a história dos mártires cristãos, quando leio a história dessas duas cidades que sofreram o ataque atómico, sinto muita admiração pelo vosso povo. (Penso) nos mártires, com esta perseverança e esta constância na fé para defender o que acreditavam e para defender as suas convicções e a sua liberdade cristã. Depois, poder-se-ia falar de outro martírio mais humano, isto é, a bomba atómica que o povo sofreu. Eu admiro este povo, como foi capaz de reerguer-se depois desta prova infernal”.
OC
segunda-feira, 18 de novembro de 2019
Papa celebra III Dia Mundial dos Pobres e questiona «descarte» de pessoas em nome do lucro
Francisco assinala data com almoço para 1500 pessoas
Cidade do Vaticano, 17 nov 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco assinalou hoje no Vaticano o III Dia Mundial dos Pobres, com a celebração da Missa, na Basílica de São Pedro, questionando o descarte de pessoas em nome do lucro.
“Quantos idosos, nascituros, pessoas com deficiência, pobres… considerados inúteis! Andamos com pressa, sem nos preocuparmos que aumentem as desigualdades, que a ganância de poucos aumente a pobreza de muitos”, disse, na homilia da celebração transmitida pelos canais da Santa Sé.
Francisco criticou uma sociedade com “pressa”, capaz de deixar para trás quem não ajuda a “dominar tudo e imediatamente”.
“Atraídos pelo último alarido, deixamos de encontrar tempo para Deus e para o irmão que vive ao nosso lado”, considerado “descartável”, apontou.
O Papa alertou para o que chamou da “tentação do eu”.
“Não é suficiente ter o rótulo de ‘cristão’ ou de ‘católico’ para ser de Jesus. É preciso falar a mesma linguagem de Jesus: a linguagem do amor, a linguagem do tu. Não fala a linguagem de Jesus quem diz eu, mas quem sai do próprio eu”, precisou.
Então ponhamo-nos a questão: Eu ajudo alguém, de quem nada poderei receber? Eu, cristão, tenho ao menos um pobre por amigo?
O pontífice sustentou que os pobres são “preciosos aos olhos de Deus”, porque não falam a linguagem do eu: “Não se aguentam sozinhos, com as próprias forças, precisam de quem os tome pela mão; lembram-nos que o Evangelho se vive assim, como mendigos voltados para Deus”.
A intervenção equiparou o grito de ajuda dos pobres a um apelo para cada um deixe o seu “eu” e aceite o seu próximo “com o mesmo olhar de amor que Deus tem por eles”.
“Como seria bom se os pobres ocupassem no nosso coração o lugar que têm no coração de Deus! Quando estamos com os pobres, quando servimos os pobres, aprendemos os gostos de Jesus, compreendemos o que permanece e o que passa”, indicou.
Francisco referiu que, no Evangelho, se explica que “quase tudo passará”, incluindo coisas “que muitas vezes parecem definitivas, mas não são.
“Resta o que não passará jamais: o Deus vivo, infinitamente maior do que qualquer templo que Lhe construamos, e o homem, o nosso próximo, que vale mais do que dizem todas as crónicas do mundo”, declarou.
O Papa pediu, por isso, que se rejeitem os “alarmismos” que semeiam o medo e paralisam as pessoas.
“Os pobres facilitam-nos o acesso ao Céu: é por isso que o sentido da fé do povo de Deus os viu como os porteiros do Céu. Já desde agora, são o nosso tesouro, o tesouro da Igreja. Com efeito, desvendam-nos a riqueza que jamais envelhece, a riqueza que une terra e Céu e para a qual verdadeiramente vale a pena viver: o amor”, concluiu.
A Missa contou com a participação de vários pobres e pessoas em necessidade, além de voluntários e representantes das instituições solidárias que os acompanham diariamente.
Entre os presentes na Basílica de São Pedro contava-se o treinador da AS Roma, o português Paulo Fonseca.
Uma hora depois, na recitação do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício, o Papa sublinhou que a fé faz que os católicos possam “caminhar com Jesus pelas estradas tantas vezes sinuosas deste mundo, na certeza de que a força do seu Espírito dobrará as forças do mal, sujeitando-as ao poder do amor de Deus”.
“Servem de exemplo os mártires, os nossos mártires, os cristãos dos nossos dias, que são mais do que os mártires do princípio. Apesar das perseguições, são homens e mulheres de paz, oferecem-nos um legado a ser preservado e imitado: o Evangelho do amor e da misericórdia. Esse é o tesouro mais precioso que nos foi dado e o testemunho mais eficaz que podemos dar a nossos contemporâneos, respondendo ao ódio com amor, às ofensas com perdão, também na vida quotidiana”, afirmou.
Francisco referiu-se ainda à celebração do Dia Mundial dos Pobres, que tem como tema “A esperança dos pobres jamais se frustrará”.
“Os meus agradecimentos vão para aqueles que, nas dioceses e paróquias de todo o mundo, promoveram iniciativas de solidariedade para dar esperança concreta aos mais desfavorecidos”, referiu, após a recitação dominical da oração do Ângelus.
O Papa agradeceu ainda aos médicos e enfermeiras que serviram no posto médico colocada, durante a última semana, na Praça de São Pedro.
Cidade do Vaticano, 17 nov 2019 (Ecclesia) – O Papa Francisco assinalou hoje no Vaticano o III Dia Mundial dos Pobres, com a celebração da Missa, na Basílica de São Pedro, questionando o descarte de pessoas em nome do lucro.
“Quantos idosos, nascituros, pessoas com deficiência, pobres… considerados inúteis! Andamos com pressa, sem nos preocuparmos que aumentem as desigualdades, que a ganância de poucos aumente a pobreza de muitos”, disse, na homilia da celebração transmitida pelos canais da Santa Sé.
Francisco criticou uma sociedade com “pressa”, capaz de deixar para trás quem não ajuda a “dominar tudo e imediatamente”.
“Atraídos pelo último alarido, deixamos de encontrar tempo para Deus e para o irmão que vive ao nosso lado”, considerado “descartável”, apontou.
O Papa alertou para o que chamou da “tentação do eu”.
“Não é suficiente ter o rótulo de ‘cristão’ ou de ‘católico’ para ser de Jesus. É preciso falar a mesma linguagem de Jesus: a linguagem do amor, a linguagem do tu. Não fala a linguagem de Jesus quem diz eu, mas quem sai do próprio eu”, precisou.
Então ponhamo-nos a questão: Eu ajudo alguém, de quem nada poderei receber? Eu, cristão, tenho ao menos um pobre por amigo?
O pontífice sustentou que os pobres são “preciosos aos olhos de Deus”, porque não falam a linguagem do eu: “Não se aguentam sozinhos, com as próprias forças, precisam de quem os tome pela mão; lembram-nos que o Evangelho se vive assim, como mendigos voltados para Deus”.
A intervenção equiparou o grito de ajuda dos pobres a um apelo para cada um deixe o seu “eu” e aceite o seu próximo “com o mesmo olhar de amor que Deus tem por eles”.
“Como seria bom se os pobres ocupassem no nosso coração o lugar que têm no coração de Deus! Quando estamos com os pobres, quando servimos os pobres, aprendemos os gostos de Jesus, compreendemos o que permanece e o que passa”, indicou.
Francisco referiu que, no Evangelho, se explica que “quase tudo passará”, incluindo coisas “que muitas vezes parecem definitivas, mas não são.
“Resta o que não passará jamais: o Deus vivo, infinitamente maior do que qualquer templo que Lhe construamos, e o homem, o nosso próximo, que vale mais do que dizem todas as crónicas do mundo”, declarou.
O Papa pediu, por isso, que se rejeitem os “alarmismos” que semeiam o medo e paralisam as pessoas.
“Os pobres facilitam-nos o acesso ao Céu: é por isso que o sentido da fé do povo de Deus os viu como os porteiros do Céu. Já desde agora, são o nosso tesouro, o tesouro da Igreja. Com efeito, desvendam-nos a riqueza que jamais envelhece, a riqueza que une terra e Céu e para a qual verdadeiramente vale a pena viver: o amor”, concluiu.
A Missa contou com a participação de vários pobres e pessoas em necessidade, além de voluntários e representantes das instituições solidárias que os acompanham diariamente.
Entre os presentes na Basílica de São Pedro contava-se o treinador da AS Roma, o português Paulo Fonseca.
Uma hora depois, na recitação do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício, o Papa sublinhou que a fé faz que os católicos possam “caminhar com Jesus pelas estradas tantas vezes sinuosas deste mundo, na certeza de que a força do seu Espírito dobrará as forças do mal, sujeitando-as ao poder do amor de Deus”.
“Servem de exemplo os mártires, os nossos mártires, os cristãos dos nossos dias, que são mais do que os mártires do princípio. Apesar das perseguições, são homens e mulheres de paz, oferecem-nos um legado a ser preservado e imitado: o Evangelho do amor e da misericórdia. Esse é o tesouro mais precioso que nos foi dado e o testemunho mais eficaz que podemos dar a nossos contemporâneos, respondendo ao ódio com amor, às ofensas com perdão, também na vida quotidiana”, afirmou.
Francisco referiu-se ainda à celebração do Dia Mundial dos Pobres, que tem como tema “A esperança dos pobres jamais se frustrará”.
“Os meus agradecimentos vão para aqueles que, nas dioceses e paróquias de todo o mundo, promoveram iniciativas de solidariedade para dar esperança concreta aos mais desfavorecidos”, referiu, após a recitação dominical da oração do Ângelus.
O Papa agradeceu ainda aos médicos e enfermeiras que serviram no posto médico colocada, durante a última semana, na Praça de São Pedro.
Agradeço as muitas iniciativas em favor das pessoas que sofrem, dos necessitados. Isto tem de testemunhar a atenção que nunca deve faltar em relação a esses irmãos e irmãs. Vi, há poucos minutos, algumas estatísticas da pobreza… faz-nos sofrer a indiferença da sociedade com os pobres. Rezemos”
À imagem dos anos anteriores, Francisco almoça com um grupo de 1500 pobres, no auditório Paulo VI, do Vaticano, que acolhe 150 mesas para os convidados de Roma e várias dioceses italianas.
O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa com a Carta Apostólica “Misericordia et misera” de 2016, na conclusão do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.
OC
À imagem dos anos anteriores, Francisco almoça com um grupo de 1500 pobres, no auditório Paulo VI, do Vaticano, que acolhe 150 mesas para os convidados de Roma e várias dioceses italianas.
O Dia Mundial dos Pobres foi instituído pelo Papa com a Carta Apostólica “Misericordia et misera” de 2016, na conclusão do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.
OC
domingo, 17 de novembro de 2019
Jesus,eu creio, mas aumenta a minha fé.
https://www.youtube.com/watch?v=KNJh7md-M6U
Na primeira leitura, um "mensageiro de Deus" anuncia a uma comunidade desanimada, céptica e apática que Jahwéh não abandonou o seu Povo. O Deus libertador vai intervir no mundo, vai derrotar o que oprime e rouba a vida e vai fazer com que nasça esse "sol da justiça" que traz a salvação.
É preciso ter consciência de que a intervenção libertadora de Deus não deve ser projectada apenas para o "último dia" do mundo... Ela acontece a cada instante; e nós devemos estar numa espera vigilante e activa, a fim de sabermos reconhecer e acolher de braços abertos a intervenção salvadora e libertadora de Deus na nossa história e na nossa vida.
A segunda leitura reforça a ideia de que, enquanto esperamos a vida definitiva, não temos o direito de nos instalarmos na preguiça e no comodismo, alheando-nos das grandes questões do mundo e evitando dar o nosso contributo na construção do Reino.
O cristianismo vivido com verdade, seriedade e coerência potencia um empenhamento sincero na construção de um mundo mais justo e mais fraterno, todos os dias, vinte e quatro horas por dia. O "Reino de Deus" é uma realidade que atingirá o ponto culminante na vida futura; mas começa a construir-se aqui e agora e exige o esforço e o empenho de todos. A minha atitude é a de quem se comprometeu com o "Reino" e procura construí-lo em cada instante da sua existência? Ponho a render os meus dons?
O Evangelho oferece-nos uma reflexão sobre o percurso que a Igreja é chamada a percorrer, até à segunda vinda de Jesus. A missão dos discípulos em caminhada na história é comprometer-se na transformação do mundo, de forma a que a velha realidade desapareça e nasça o Reino. Esse "caminho" será percorrido no meio de dificuldades e perseguições; mas os discípulos terão sempre a ajuda e a força de Deus.
Nessa caminhada, os crentes sabem que não estão sós, mas que Deus vai com eles... É essa presença constante e amorosa de Deus que lhes permitirá enfrentar as forças da morte, apostadas em evitar que o mundo novo apareça; é essa força de Deus que permitirá aos discípulos de Jesus vencer o desânimo, a adversidade, o medo.
https://www.dehonianos.org/
sábado, 16 de novembro de 2019
OS POBRES PRECISAM DO NOSSO AMOR
“A esperança dos pobres jamais se frustrará” (Sal 9, 19). São estas palavras do salmista que servem de mote à Mensagem para o III Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco, na sequência do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. A data celebra-se no domingo que antecede a festa de Cristo Rei, que este ano acontece a 17 de novembro.
Na Mensagem, o Santo Padre faz uma comparação entre a situação do pobre no tempo do salmista e a situação atual e constata que pouco mudou. “Passam os séculos, mas permanece imutável a condição de ricos e pobres, como se a experiência da história não ensinasse nada. Assim, as palavras do salmo não dizem respeito ao passado, mas ao nosso presente submetido ao juízo de Deus".
Francisco fala das “muitas formas de novas escravidões”, como famílias obrigadas a deixar a sua terra, crianças que perderam os pais, jovens à procura de realização profissional, vítimas das mais variadas formas de violência, entre as quais a prostituição e droga, sem esquecer os milhões de migrantes instrumentalizados pelo poder político.
O Santo Padre menciona ainda as pessoas que vagueiam pelas ruas, à procura de alimento, “tendo-se tornado eles próprios parte de uma lixeira humana, são tratados como lixo, sem que isto provoque qualquer sentido de culpa em quantos são cúmplices deste escândalo.”
No texto, Francisco recorda que “a promoção dos pobres, mesmo social, não é um compromisso extrínseco ao anúncio do Evangelho; pelo contrário, manifesta o realismo da fé cristã e a sua validade histórica”. Como exemplo, cita Jean Vanier, definindo-o como um “grande apóstolo dos pobres”.
O Papa lembra que Jesus não teve medo de Se identificar com os pobres, assinalando que “esquivar-se desta identificação equivale a ludibriar o Evangelho e diluir a revelação”.
Francisco assinala que os pobres não precisam apenas de uma sopa quente e de uma sanduíche, “precisam das nossas mãos para se reerguer, dos nossos corações para sentir de novo o calor do afeto, da nossa presença para superar a solidão. Precisam simplesmente de amor...”, afirma, sublinhando que este é “um programa que a comunidade cristã não pode subestimar”.
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
SANTARÉM FALARÁ DO QUE POUCO SE FALA
Depois de Coimbra, Porto, Évora e Viseu, o V Encontro Nacional de Leigos vai ter lugar na cidade de Santarém, em 23 do corrente mês. O Encontro tem como tema «viver a vida, em pleno e até ao fim» e será abordado por uma diversidade de mestres na matéria. Haverá comunicações e reflexões, conversas e testemunhos, workshops, visitas culturais guiadas, concertos de órgão e musical. O pano de fundo do encontro é a Exortação Apostólica ‘Alegrai-vos e Exultai’, do Papa Francisco, sobre a santidade no mundo atual e da qual realço alguns pensamentos. Com essa Exortação, Francisco faz “ressoar mais uma vez o chamamento à santidade” como um caminho para todos, indicando “os seus riscos, desafios e oportunidades”, pois não nos podemos resignar a “uma vida medíocre, superficial e indecisa”. Há um caminho de perfeição para cada um de nós e não faz sentido desencorajar-nos ao contemplar “modelos de santidade” que nos “parecem inatingíveis” ou procurar “imitar algo que não foi pensado” para nós. A santidade não está “reservada apenas àqueles que têm possibilidade de se afastar das ocupações comuns, para dedicar muito tempo à oração. Não é assim. Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra. És uma consagrada ou um consagrado? Sê santo, vivendo com alegria a tua doação. Estás casado? Sê santo, amando e cuidando do teu marido ou da tua esposa, como Cristo fez com a Igreja. És um trabalhador? Sê santo, cumprindo com honestidade e competência o teu trabalho ao serviço dos irmãos. És progenitor, avó ou avô? Sê santo, ensinando com paciência as crianças a seguirem Jesus. Estás investido em autoridade? Sê santo, lutando pelo bem comum e renunciando aos teus interesses pessoais". A santidade não tira “forças, nem vida nem alegria. Muito pelo contrário”, “liberta-nos das escravidões e leva-nos a reconhecer a nossa dignidade”. Mas há falsificações da santidade que dão origem “a um elitismo narcisista e autoritário, onde, em vez de evangelizar, se analisam e classificam os demais e, em vez de facilitar o acesso à graça, consomem-se as energias a controlar”. Se falta a humildade, alguém pode sentir-se “superior aos outros por cumprir determinadas normas” ou por ser fiel “a um certo estilo católico”. Ou pode “com as suas explicações”, querer “tornar perfeitamente compreensível toda a fé e todo o Evangelho”. É uma “vaidosa superficialidade” que pretende “reduzir o ensinamento de Jesus a uma lógica fria e dura que procura dominar tudo”. Julgam “um Deus sem Cristo, um Cristo sem Igreja, uma Igreja sem povo”. Também “a obsessão pela lei”, “o fascínio de exibir conquistas sociais e políticas” ou “a ostentação no cuidado da liturgia, da doutrina e do prestígio da Igreja” são alguns traços típicos de cristãos que “não se deixam guiar pelo Espírito no caminho do amor”. Às vezes, constata o Papa, “complicamos o Evangelho e tornamo-nos escravos de um esquema”. Quando alguém “tem resposta para todas as perguntas, demonstra que não está no bom caminho e é possível que seja um falso profeta, que usa a religião para seu benefício, ao serviço das próprias lucubrações psicológicas e mentais”. Deus supera-nos infinitamente, e quem “quer tudo claro e seguro, pretende dominar a transcendência de Deus”.
Também há quem entenda que tudo pode “com a vontade humana, como se esta fosse algo puro, perfeito, omnipotente, a que se acrescenta a graça”. No fundo, “a falta de reconhecimento sincero, pesaroso e orante dos nossos limites é que impede a graça de atuar melhor em nós”.
Falando de “uma hierarquia das virtudes” em que “no centro, está a caridade”, o Papa apresenta as Bem-aventuranças como “a carteira de identidade do cristão”. E dá pistas para viver estas recomendações de Jesus nos dias de hoje. Ser santo “não significa revirar os olhos num suposto êxtase”, mas viver Deus por meio do amor aos últimos. Há ideologias que “mutilam o Evangelho”, há cristãos que transformam o cristianismo “numa espécie de ONG”, há quem suspeite “do compromisso social dos outros”.
Francisco considera “indispensáveis” e “particularmente importantes” algumas caraterísticas da santidade no mundo atual, “devido a alguns riscos e limites da cultura de hoje”. São elas: firmeza, paciência e mansidão; alegria e o sentido de humor; audácia e ardor; a comunidade; a oração constante. A construção da santidade “não implica um espírito retraído, tristonho, amargo, melancólico ou um perfil sumido, sem energia. O santo é capaz de viver com alegria e sentido de humor”. Permanece centrado e firme em Deus para “aguentar, suportar as contrariedades, as vicissitudes da vida e também as agressões dos outros, as suas infidelidades e defeitos”. Tem ousadia, impulso evangelizador. Sente-se impelido a sair de si em direção às periferias, não sozinho ou isolado, mas reforçado e apoiado na comunidade e na abertura “à transcendência, que se expressa na oração e na adoração”.
A vida cristã é “uma luta permanente”, uma “luta constante” contra a “mentalidade mundana” que “nos engana, atordoa e torna medíocres” e perante a qual tem de haver verdadeiro discernimento para vivermos as bem-aventuranças e sermos santos.
(Se desejar participar no V Encontro Nacional de Leigos, poderá fazer a sua inscrição online, em cnal.pt).
D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 15-11-2019.
Encontro de jovens sobre «Para quem sou eu?»
(Ecclesia) – O Seminário Maior de Portalegre vai acolher, dia 16 deste mês, entre 15h00 e as 21h00, um encontro de jovens sobre «Para quem sou eu?».
Esta interrogação/desafio que o Papa Francisco, na exortação «Cristo Vive», convida os jovens a fazerem é a proposta lançada também pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Juvenil aos jovens daquela diocese.
Este encontro está enquadrado na Semana de oração pelos seminários que decorre de 10 a 17 de novembro e à noite (entre as 20h00 e as 21h00), realiza-se uma vigília de oração aberta a toda a comunidade diocesana, onde se rezará pelos seminários.
LFS
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