Francisco visita ainda o Japão, onde sonhava ser missionário
Cidade do Vaticano, 19 nov 2019 (Ecclesia) – O Papa partiu hoje de Roma para a Tailândia, destino inicial da sua 32ª viagem internacional, assumindo como objetivo a promoção do diálogo inter-religioso num país de maioria budista, onde os católicos são menos de 1% da população.
Numa mensagem em vídeo, ao povo tailandês, Francisco deixou elogios aos “irmãos budistas que dão testemunho eloquente dos valores da tolerância e da harmonia.
O pontífice referiu-se a uma nação “multiétnica e diversificada, com ricas tradições espirituais e culturais”, esperando que a sua viagem ajude a “reforçar os laços de amizade” entre os vários crentes, reforçando “a importância do diálogo inter-religioso, da compreensão recíproca e da cooperação fraterna, especialmente ao serviço dos pobres, dos mais necessitados e ao serviço da paz”.
A partida para a Tailândia aconteceu pelas 19h00 de hoje, em Roma (menos uma em Lisboa); a chegada ao Terminal Aéreo Militar 2 de Banguecoque está marcada para as 12h30 locais (05h30 em Lisboa), esta quarta-feira, dia sem atividades oficiais após a cerimónia de boas-vindas.
Durante a viagem, Francisco vai ser por uma tradutora especial, a irmã Ana Rosa Sivori, sua prima, que está na Tailândia, como missionária, há mais de 50 anos.
O programa em Banguecoque inclui uma série de encontros com autoridades políticas, a comunidade católica, representantes budistas e uma audiência no Palácio Real.
Hoje parto para a minha 32ª #ViagemApostólica. Queridos amigos da Tailândia e do Japão, à espera de nos encontrarmos, rezemos juntos para que estes dias sejam ricos de graça e alegria.
Os católicos tailandeses são menos de 400 mil, representando 0,59 % dos mais de 60 milhões de habitantes do país asiático – com mais de 95% de budistas.
A Igreja Católica na Tailândia tem 11 circunscrições eclesiásticas, 502 paróquias e 566 centros pastorais, servidos por 16 bispos, 523 sacerdotes diocesanos, 312 sacerdotes religiosos, 123 religiosos, 1461 religiosas, 57 membros de institutos seculares, 221 missionários leigos, 1901 catequistas e 306 seminaristas.
A Santa Sé tem relações diplomáticas plenas com Banguecoque desde 1968.
A convite do governo do Reino da Tailândia e dos bispos católicos, o Papa Francisco visita o país de 20 a 23 de novembro; o lema da viagem é “Discípulos de Cristo, discípulos missionários”.
Em 2019 assinalam-se os 350 anos da instituição do Vicariato Apostólico de Sião, que marcou o início da presença da Igreja Católica no país; a primeira missionação foi levada a cabo por religiosos portugueses, na segunda metade do século XVI.
O primeiro Papa a visitar a Tailândia foi João Paulo II, em 1984; o santo polaco foi também o primeiro a passar pelo Japão, em 1981.
Francisco visita o território nipónico de 23 a 26 de novembro, com um programa que inclui passagens por Hiroxima e Nagasáqui, para apelar à erradicação das armas nucleares.
O lema escolhido para a viagem ao Japão é “Proteger cada vida”, uma das frases contidas na oração que conclui a Encíclica ‘Laudato si’ sobre a ecologia integral.
“A exortação é respeitar não apenas a dignidade de cada pessoa, mas também o meio ambiente, sobretudo num país, como o Japão, que enfrenta o problema persistente da ameaça nuclear”, explica o Vaticano.
Na sua juventude, o Papa Francisco sonhava ser missionário no Japão, algo que foi impossível devido aos seus problemas de saúde.
No próximo domingo, o pontífice visita Nagasáqui e Hiroxima; de regresso a Tóquio, o Papa vai encontrar-se, na segunda-feira, com as vítimas do chamado “triplo desastre” de 2011 -– terramoto, tsunami e acidente nuclear em Fukushima -, antes de uma visita privada ao imperador Naruhito no Palácio Imperial.
A agenda prevê a celebração da Missa e encontro com jovens católicos.
O Papa concedeu uma entrevista à televisão japonesa KTN, em que fala dos mártires cristãos e das vítimas das bombas atómicas.
Quando leio a história dos mártires cristãos, quando leio a história dessas duas cidades que sofreram o ataque atómico, sinto muita admiração pelo vosso povo. (Penso) nos mártires, com esta perseverança e esta constância na fé para defender o que acreditavam e para defender as suas convicções e a sua liberdade cristã. Depois, poder-se-ia falar de outro martírio mais humano, isto é, a bomba atómica que o povo sofreu. Eu admiro este povo, como foi capaz de reerguer-se depois desta prova infernal”.
OC
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