A fé não me dá certezas. Desde que me lembro acho que nunca me deu nada. Pediu-me sempre que descobrisse e que me deixasse descobrir. Apontou, mas nunca finalizou. Esta sempre foi uma das suas artes: despontar, enamorar e depois deixar que o caminho nos vá revelando que nunca teremos tudo revelado.
A fé não me dá certezas. No máximo vai-me deixando confiar. Dá-me a conhecer que a espera é caminho continuado e confiado numa medida desmedida. Faz-me perceber que não se avança com respostas, mas com perguntas. Permite-me sair de mim. Ir ao encontro e muitas vezes proporcionando desencontros para que me volte a reencontrar e a dirigir, uma e outra vez, ao mesmo destino.
A fé não me dá certezas. Dá-me caminhos novos todos dias. Retira-me a segurança e atira-me ao risco para que arrisque tudo o que tenho. A fé dá-me tudo não possuindo nada e mostra-me que só vejo, verdadeiramente, quando me deixo ser visto sem máscaras, nem medos.
A fé não me dá certezas. Dá-me ruas sem saída e em troca oferece-me um céu sem limite. Leva-me a questionamentos sem fim e mergulha-me no silêncio das minhas noites. Pede-me que entregue a minha vida à loucura do amor. Dando-me mais. Alargando-me por completo e deixando que tudo o que sou e faço seja uma verdadeira oração.
A fé não me dá certezas. Coloca-me no desconforto. Não me permite que deixe de viver. Pede-me sempre mais num descontentamento que me leva a um total comprometimento.
A fé não me dá certezas, mas ofereceu-me o melhor das minhas incertezas: saber que Ele sempre será a minha firmeza!
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