«Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em Ti.» (Santo Agostinho)
Se por um lado é a quietude que nos permite re-centrar o que realmente produz valor na nossa vida, a inquietude é o que nos permite caminhar em busca de um sentido e significado para tudo o que nos faz viver.
No conforto de nossa casa participamos na Eucaristia, em conferências e acções de formação. No meu caso dou aulas e tudo através da internet, qual ferramenta que veio suprir a necessidade de entrar em contacto com os outros. Mas será toda a conexão online parte da nossa inquietude?
A inquietude faz-se com o que nos desinstala e desconforma. Um desconformar que não pretende deformar, mas ajustar a forma que a vida assume perante as condições de possibilidade de cada um.
A inquietude desperta em nós um sentido de procura que não se conforma apenas com o que estamos de acordo, mas encontra no que sabemos pouco o impulso para ir à procura daquele algo mais que traz profundidade à nossa experiência.
Por vezes será a inquietude a ajudar-nos a pensar bem se o caminho encetado é o melhor, ou se fomos seduzidos pela onda do momento e convém rever as nossas escolhas.
O que em outros tempos de pandemia mexia com a cabeça das pessoas - astrologia, profecias baratas, remédios milagrosos, etc. -, revelando quão pouco ou nada se sabia sobre o que realmente se passava à sua volta, hoje, corresponde às ondas subtis e fantasma da desinformação que nos levam a pensar sobre o que é real e o que é ficção.
O modo como estamos conectados não prima pela diversidade e riqueza de cada um, mas privilegia alguns espaços controlados, não por alguns, mas por algo. Sim, as redes sociais onde pensamos encontrar resposta para a nossa inquietude é uma inteligência artificial que gere os nossos “gostos” em função daquilo que os outros gostam. O sentido de querer percorrer o caminho despertado pela inquietude na vida virtual leva à uniformidade, não à unidade na diversidade.
A inquietude conduz-nos ao repouso onde não estamos parados, mas contemplamos o infinito presente no finito, procuramos o profundo no meio de tanta superficialidade e a plenitude de um corpo-mente-espírito despertos para a Realidade que nos faz experimentar a Verdade da Unidade na Diversidade.
Miguel Oliveira Panão
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