domingo, 26 de abril de 2020

Companheiro de viagem



https://www.youtube.com/watch?v=Kj4Enl4w_KM


A liturgia deste domingo convida-nos a descobrir esse Cristo vivo que acompanha os homens pelos caminhos do mundo, que com a sua Palavra anima os corações magoados e desolados, que se revela sempre que a comunidade dos discípulos se reúne para "partir o pão"; apela, ainda, a que os discípulos sejam as testemunhas da ressurreição diante dos homens.
É no Evangelho, sobretudo, que esta mensagem aparece de forma nítida. O texto que nos é proposto põe Cristo, vivo e ressuscitado, a caminhar ao lado dos discípulos, a explicar-lhes as Escrituras, a encher-lhes o coração de esperança e a sentar-Se com eles à mesa para "partir o pão". É aí que os discípulos O reconhecem.
A primeira leitura mostra (através da história de Jesus) como do amor que se faz dom a Deus e aos irmãos, brota sempre ressurreição e vida nova; e convida a comunidade de Jesus a testemunhar essa realidade diante dos homens.

A ressurreição de Cristo prova que uma vida gasta ao serviço do plano do Pai, na entrega aos homens, não conduz ao fracasso, mas à ressurreição, à exaltação, à vida plena. É conveniente lembrarmos isto, sempre que nos sentirmos desiludidos, decepcionados, fracassados, derrotados, criticados, por gastarmos a vida numa dinâmica de serviço, de entrega, de amor. Uma vida que se faz dom nunca é um fracasso; uma vida vivida de forma egoísta e auto-suficiente, à margem de Deus e dos outros, é que é fracassada, pois não conduz à vida em plenitude.
A segunda leitura convida a contemplar com olhos de ver o projecto salvador de Deus, o amor de Deus pelos homens (expresso na cruz de Jesus e na sua ressurreição). Constatando a grandeza do amor de Deus, aceitamos o seu apelo a uma vida nova.

O mundo em que vivemos potencia mais o egoísmo e a auto-suficiência do que o amor e a doação... Os homens do nosso tempo vivem, de forma geral, voltados para si mesmos, para os seus pequenos interesses pessoais e para a realização imediata dos seus sonhos, desejos e prioridades. Nós, os crentes, no entanto, somos convidados a viver e a anunciar a lógica de Deus, que é a lógica do amor e da entrega da vida até às últimas consequências. Qual é a lógica que domina a minha vida e que eu transmito nas minhas palavras e nos meus gestos: a lógica do amor, da entrega, da doação até às últimas consequências, ou a lógica do egoísmo, do orgulho, do amor-próprio?

Na nossa caminhada pela vida, fazemos, frequentemente, a experiência do desencanto, do desalento, do desânimo. As crises, os fracassos, o desmoronamento daquilo que julgávamos seguro e em que apostámos tudo, a falência dos nossos sonhos deixam-nos frustrados, perdidos, sem perspectivas. Então, parece que nada faz sentido e que Deus desapareceu do nosso horizonte... No entanto, a catequese que Lucas nos propõe hoje garante-nos que Jesus, vivo e ressuscitado, caminha ao nosso lado. Ele é esse companheiro de viagem que encontra formas de vir ao nosso encontro - mesmo se nem sempre somos capazes de O reconhecer - e de encher o nosso coração de esperança.

E quando O encontramos? Que fazer com Ele? Lucas responde: Temos de levá-l'O para os caminhos do mundo, temos de partilhá-l'O com os nossos irmãos, temos de dizer a todos que Ele está vivo e que oferece aos homens (através dos nossos gestos de amor, de partilha, de serviço) a vida nova e definitiva.

https://www.dehonianos.org/

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