Ainda temos a capacidade de (querer) perguntar aos outros como se sentem? Ainda conseguimos colocar-nos no lugar do outro e (tentar) perceber se podemos, de alguma forma, aliviar-lhes as dores ou incertezas que possam sentir?
E rodar a pergunta acima e apontá-la para nós mesmos? Conseguimos? E será que queremos? Quereremos perceber se estamos bem, se estamos felizes com a vida que estamos a construir ou se precisamos de seguir um caminho diferente?
Cada vez parece haver menos tempo para perguntas. Para as respostas nem se fala.
Parece haver tempo para (quase) tudo: para acumular tarefas, para responder a dezenas de e-mails e outras tantas mensagens; para devolver as chamadas que ficaram pendentes durante o dia… para adiantar mais uma página daquele trabalho. Para avançar naquele relatório que deve ser terminado até ao final da semana.
No entanto, não parece haver tempo para perceber se estamos bem. Se temos saúde. Se ouvimos o que o nosso corpo nos diz e se ouvimos os sinais que nos vai dando.
Não estamos bem. Estamos assoberbados com um quotidiano de excessos, de máquinas, de trânsito, de impaciências, de tecnologia. Estamos de tal forma a transbordar que não conseguimos compreender o seguinte: quando se acabam todas as tarefas sobra, apenas, a raiz da nossa alma. A verdade da nossa essência. O esqueleto do nosso coração.
De quanto mais tempo, de quantas mais tarefas precisaremos para perceber que continuamos a correr sem chegar a lado algum; que continuamos a enterrar o essencial; que continuamos sem deslindar o que nos atormenta debaixo da pele dos dias.
Quando terminares esse tanto que tens para fazer, tenta sentar-te à mesa contigo e, depois de respirares fundo, ousa fazer a pergunta:
Estás bem?
Marta Arrais
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