segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Há quem tenha sede e fome!



Há quem tenha sede. Há, nesse mundo fora, quem ainda não tenha conseguido saciar as suas inquietações e as suas dúvidas. Existem muitos que continuam à procura da fonte de água-viva. Anseiam pela água capaz de lhes dar a conhecer a paz que procuram. Vivem para que um dia possam saborear da água que lhes dê acesso ao conhecimento da Verdade.

Há quem tenha fome. Há, em tantos cantos do mundo, quem viva esfomeado do amor. Há gente que nunca sentiu o sabor de se ser amado. Existem, tantos e tantas, que ainda não conseguiram encontrar a refeição que lhes possibilite criar relação. Há quem ainda não tenha descoberto como unir todos os seus pedaços quebrados e desalinhados.

Há quem tenha sede. Há, em tantos becos sem saída, quem ainda não tenha provado do vinho da alegria. E como são muitos os que ainda não abriram a garrafa da esperança.De que estarão à espera? Até quando resistirão ao álcool da vida eterna? Até quando resistirão à alegria de se saberem aceites tal como são?

Há quem tenha fome. Há, em tantas cidades e vilas, quem ainda não tenha provado do pão da misericórdia. Existem, tantos e tantas, a quem não lhes é concedido sentir a textura do pão que lhes permite recomeçar. Vivem achando que não são dignos do pão que veio ao mundo para se partir e repartir por todos. Vivem como se nem sequer fossem dignos de apanhar as migalhas.

Ainda existem tantos homens e mulheres com sede e fome. E continuarão a existir enquanto não permitirmos que se sentem à mesa. Continuarão a existir enquanto lhes pedirmos que tragam apenas metade do que são. Continuarão a existir enquanto não compreendermos as suas dores e feridas. Continuarão a existir enquanto não os olharmos de verdade.

Consegues reconhecer quem ainda vive sedento e esfomeado ou o teu privilégio não te permite reconhecer quem falta estar à volta da mesa?

Consegues reconhecer quem ainda vive sedento e esfomeado ou só te preocupas com a tua entrada na ceia?

É dever nosso proporcionar o acesso a todos à mesa dando, assim, a conhecer o pão e o vinho que lhes dá sentido à vida e que lhes reconhece inteiramente amados!


Emanuel António Dias

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