sábado, 11 de novembro de 2023

Não tenhas medo. Serás pescador de homens.


Este é o tema da Semana de Oração pelos Seminários que estamos a viver em Portugal. Temos que rezar muito, mas acima de tudo, temos que viver, muito mais, como bons cristãos.

Assistimos por esse mundo ocidental fora, à queda de vocações sacerdotais. As razões são muitas e muitas vezes começam pela queda da natalidade. Mas creio que esta já é consequência da razão maior: a falta de fé!

Li, gostei e partilhei a seguinte definição de fé, “atribuída” ao padre Vasco Pinto de Magalhães:

«Fé não significa acreditar ou não acreditar se Deus existe, embora a nossa cultura tenha muitas vezes relacionado fé com essa discussão teórica. Fé, crer, significa, à letra, "apoiar-se em". Devemos perguntar: "Em quem me apoio, em quem faço fé? Qual é o meu fundamento? Em quem confio?" Ora só faz sentido "fazer fé" em quem nos ama, sem condições! Alguém que não engana e me dá força para o caminho! Ser crente cristão é estar convicto de que o caminho de Cristo é o mais humano, apoiado na certeza de um Deus que é Pai, e pedagogicamente me conduz à liberdade.»

Para viver uma vida plena precisamos de um ideal que nos apaixone, que faça o nosso coração arder. Este é o sentido da vocação que todos recebemos no Batismo. De facto, com este, damos o nosso primeiro SIM a Deus que nos chama a entrar em comunhão com Ele, a aceitar o seu senhorio sobre as nossas vidas e a tornar-nos membros vivos da Igreja, pedras vivas do Seu santo do templo que somos nós.

Dói o coração ao ver tanta superficialidade com que muitos batizados vivem a fé e o batismo! Tantas vezes apoiamo-nos em outros deuses. E todos somos chamados a viver a fé da mesma maneira. Deus dispôs para cada pessoa um caminho particular, muito pessoal, que ninguém pode delegar a outros, sob pena de causar o empobrecimento da sua vida pessoal e o de toda a Igreja.

É aqui que se realiza a diversidade de vocações nos diferentes estados de vida. Cada um acolhe em si aquele projeto que Deus, na sua bondade e misericórdia, sempre pensou e empenha-se em realizá-lo. Só descobrindo e vivendo este projeto poderemos ser verdadeiramente felizes, mesmo que não sejamos poupados das dificuldades da vida e do sofrimento.

Mas há mais! O que Deus planeou para cada um de nós é, em última análise, o que cada um de nós deseja no fundo do seu coração. Descobri-lo dá alegria, porque tomamos consciência de que Deus não nos carrega um fardo pesado, mas, tendo em consideração o que somos, orienta-nos para um futuro decididamente maior que os nossos pequenos horizontes.

Penso que é fundamental descobrir primeiro a nossa vocação batismal para depois acolher, estimular e colaborar na vocação dos demais em geral e das vocações sacerdotais em particular.

Mas voltarei ao assunto.

Rezemos.


Paulo Victória

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