terça-feira, 21 de novembro de 2023

NÃO DESVIEM O OLHAR DOS POBRES, PEDE O PAPA

 

NÃO DESVIEM O OLHAR DOS POBRES, PEDE O PAPA



“Quando nos cruzamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus”, afirma o Papa, na Mensagem para o Dia Mundial dos Pobres, que se assinala no próximo domingo, 19 de novembro.

A Mensagem, que tem como tema «Nunca afastes de algum pobre o teu olhar», assinala que cada pobre, sem excepção, é nosso próximo, e não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência.

“Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório”, refere Francisco.

”Vivemos um momento histórico que não favorece a atenção aos mais pobres. O volume sonoro do apelo ao bem-estar é cada vez mais alto, enquanto se põe o silenciador relativamente às vozes de quem vive na pobreza”, comenta o Santo Padre, acrescentando que “tende-se a ignorar tudo o que não se enquadre nos modelos de vida pensados sobretudo para as gerações mais jovens, que são as mais frágeis perante a mudança cultural em curso. Coloca-se entre parênteses aquilo que é desagradável e causa sofrimento, enquanto se exaltam as qualidades físicas como se fossem a meta principal a alcançar”.

Nesta mudança de época em que a realidade virtual se sobrepõe à vida real, “acontece cada vez mais facilmente confundirem-se os dois mundos” e os pobres “tornam-se imagens que até podem comover por alguns momentos, mas quando os encontramos em carne e osso pela estrada, sobrevêm o incómodo e a marginalização”, lamenta o Papa.

A pressa, companheira diária da vida, impede de “parar, socorrer e cuidar do outro, menciona o Papa, assinalando que “delegar nos outros é fácil; oferecer dinheiro para que outros pratiquem a caridade é um gesto generoso; mas envolver-se pessoalmente é a vocação de todo o cristão”.

Novas formas de pobreza

Francisco fala da necessidade de “um sério e eficaz empenho político e legislativo” que permita a solidariedade e a subsidiariedade aos mais pobres, realçando que “quem vive em condição de pobreza também tem de ser envolvido num processo de mudança e responsabilização.

No texto, o Papa refere-se às novas formas de pobreza que afetam “as populações que vivem em cenários de guerra e privam as criança de um presente sereno e de um futuro digno”.

“Ninguém poderá jamais habituar-se a esta situação; mantenhamos viva toda a tentativa para que a paz se afirme como dom do Senhor Ressuscitado e fruto do empenho pela justiça e o diálogo”, pede o pontífice.

Francisco também não esquece “as especulações, em vários setores, que levam a um aumento dramático dos preços, deixando muitas famílias numa indigência ainda maior” e denuncia as privações que atentam contra a dignidade de cada pessoa: “sempre que uma família tem de escolher entre o alimento para se nutrir e os remédios para se curar, “então deve fazer-se ouvir a voz de quem clama pelo direito a ambos os bens, em nome da dignidade da pessoa humana”.

As preocupações do Santo Padre prendem-se também com o futuro das novas gerações: “quantas vidas frustradas e até suicídios de jovens, iludidos por uma cultura que os leva a sentirem-se «inacabados» e «falidos»”.

Francisco termina com um alerta: “tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com os seus valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles”.

Foto: @Vatican News

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