domingo, 19 de novembro de 2023

Estar vigilante"

 


A liturgia do 33º Domingo do Tempo Comum recorda a cada cristão a grave responsabilidade de ser, no tempo histórico em que vivemos, testemunha consciente, activa e comprometida desse projecto de salvação/libertação que Deus Pai tem para os homens.
O Evangelho apresenta-nos dois exemplos opostos de como esperar e preparar a última vinda de Jesus. Louva o discípulo que se empenha em fazer frutificar os "bens" que Deus lhe confia; e condena o discípulo que se instala no medo e na apatia e não põe a render os "bens" que Deus lhe entrega (dessa forma, ele está a desperdiçar os dons de Deus e a privar os irmãos, a Igreja e o mundo dos frutos a que têm direito).Antes de mais, é preciso ter presente que nós, os cristãos, somos agora no mundo as testemunhas de Cristo e do projecto de salvação/libertação que o Pai tem para os homens. É com o nosso coração que Jesus continua a amar os publicanos e os pecadores do nosso tempo; é com as nossas palavras que Jesus continua a consolar os que estão tristes e desanimados; é com os nossos braços abertos que Jesus continua a acolher os imigrantes que fogem da miséria e da degradação; é com as nossas mãos que Jesus continua a quebrar as cadeias que prendem os escravizados e oprimidos; é com os nossos pés que Jesus continua a ir ao encontro de cada irmão que está sozinho e abandonado; é com a nossa solidariedade que Jesus continua a alimentar as multidões famintas do mundo e a dar medicamentos e cultura àqueles que nada têm... Nós, cristãos, membros do "corpo de Cristo", que nos identificamos com Cristo, temos a grave responsabilidade de O testemunhar e de deixar que, através de nós, Ele continue a amar os homens e as mulheres que caminham ao nosso lado pelos caminhos do mundo.
Na segunda leitura, Paulo deixa claro que o importante não é saber quando virá o Senhor pela segunda vez; mas é estar atento e vigilante, vivendo de acordo com os ensinamentos de Jesus, testemunhando os seus projectos, empenhando-se activamente na construção do Reino. A certeza da segunda vinda do Senhor dá aos crentes uma perspectiva diferente da vida, do seu sentido e da sua finalidade... Para os não crentes, a vida encerra-se dentro dos limites estreitos deste mundo e, por isso, só interessam os valores deste mundo; para os crentes, a verdadeira vida, a vida em plenitude, está para além dos horizontes da história e, por isso, é preciso viver de acordo com os valores eternos, os valores de Deus. Assim, na perspectiva dos crentes, não são os valores efémeros, os valores deste mundo (o dinheiro, o poder, os êxitos humanos) que devem constituir a prioridade e que devem dominar a existência, mas sim os valores de Deus. Quais são os valores que eu considero prioritários e que condicionam as minhas opções?
A primeira leitura apresenta, na figura da mulher virtuosa, alguns dos valores que asseguram a felicidade, o êxito, a realização. O "sábio" autor do texto propõe, sobretudo, os valores do trabalho, do compromisso, da generosidade, do "temor de Deus". Não são só valores da mulher virtuosa: são valores de que deve revestir-se o discípulo que quer viver na fidelidade aos projectos de Deus e corresponder à missão que Deus lhe confiou. Mais do que uma mulher virtuosa ideal, o "sábio" autor do texto que nos é proposto exalta todos aqueles - mulheres e homens - que conduzem a sua vida de acordo com os valores do trabalho, do empenho, do compromisso, da generosidade, do "temor de Deus". São estes valores, na opinião do autor, que nos asseguram uma vida feliz, tranquila e próspera. Numa época em que a cultura do "deixa andar", da desresponsabilização, do egoísmo se afirma cada vez mais, este texto constitui uma poderosa interpelação... Na verdade, por que caminhos é que chegamos à vida e à felicidade?


https://www.dehonianos.org/

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