A liturgia do 32.º Domingo do Tempo Comum fala-nos do verdadeiro culto, do culto que agrada a Deus. Mais do que rituais litúrgicos solenes e majestosos, Deus espera de nós uma atitude permanente de entrega nas suas mãos, de disponibilidade para os seus projetos, de escuta atenta das suas indicações, de generosidade, de partilha, de solidariedade para com os nossos irmãos.
A primeira leitura apresenta-nos o exemplo de uma viúva pobre de Sarepta que, apesar da sua pobreza e necessidade, ouviu o apelo de Deus e repartiu os poucos alimentos que lhe restavam com o profeta Elias. A história dessa mulher garante-nos que a generosidade, a partilha e a solidariedade não empobrecem, mas são geradoras de vida abundante.
Esta história convida-nos a não nos fecharmos em esquemas egoístas de acumulação e de açambarcamento, esquecendo os nossos irmãos necessitados. Garante-nos que, quando repartimos, com generosidade e amor, aquilo que Deus colocou à nossa disposição, não ficamos mais pobres; os bens repartidos multiplicam-se e tornam-se fonte de vida e de bênção para nós e para todos aqueles que deles beneficiam. O que significam para nós os bens que Deus pôs à nossa disposição? Um “capital privado” exclusivamente ao nosso serviço, ou bens que Deus me encarregou de administrar e que pertencem a todos os outros filhos e filhas de Deus? O que dirige a minha vida é a preocupação egoísta da posse dos bens, ou é a generosidade e o amor?
O Evangelho convida-nos a ver, pelos olhos de Jesus, duas formas diferentes de “dar culto” a Deus. De um lado estão os “escribas”, homens-modelo de uma religião solene e formal, mas também vazia, hipócrita, teatral, fomentadora da exploração dos mais pobres, usada para fins egoístas de promoção pessoal; do outro lado está uma viúva pobre e humilde, mas que tem um coração generoso, que confia plenamente em Deus, que aceita viver num despojamento total de si própria para “dar tudo” a Deus. Jesus propõe-na aos discípulos que estão com Ele no átrio do templo como modelo do culto que devem prestar a Deus.
Como nos relacionamos com Deus? O que devemos fazer para nos encontrarmos com Ele? Como respondemos ao seu amor e ao seu cuidado de Pai? Que é que Deus espera de nós? Jesus tinha, sobre isto, ideias bastante claras. Ele estava plenamente convicto de que não se chega ao encontro com Deus através de ritos externos mais ou menos solenes, ou de atos cultuais cuidadosamente encenados mas que não passam de atos formais determinados pelo calendário litúrgico… Jesus achava que a resposta do crente a Deus, a resposta que agrada a Deus e que Deus espera, passa por gestos simples e generosos que expressem a doação total da própria vida, a entrega confiada nas mãos de Deus, a renúncia ao próprio critério para acolher os desafios e indicações de Deus, a obediência incondicional a Deus. O verdadeiro crente é aquele que, no silêncio e na simplicidade dos gestos mais banais, com um coração desprendido e generoso, coloca toda a sua existência nas mãos de Deus. Qual é a nossa resposta ao Deus que nos ama com cuidados de Pai? A nossa “religião” é uma “religião” de gestos externos e de rituais balofos, ou é uma “religião” de escuta de Deus e de obediência incondicional à sua vontade?
A segunda leitura oferece-nos o exemplo de Cristo, o sumo-sacerdote perfeito. Cumprindo o projeto do Pai, Ele deu aquilo que tinha de mais precioso: a sua própria vida. Mostrou-nos, com o seu sacrifício, qual é o dom perfeito que Deus quer e espera de cada um dos seus filhos: a entrega de nós próprios para que o seu projeto para o mundo e para o homem se concretize.
A primeira leitura e o Evangelho deste domingo tocam a temática do desapego, da partilha, da capacidade para “dar tudo”. Ora Cristo, com a entrega total da sua vida a Deus e aos homens, realizou plenamente esta dimensão. Ele “deu tudo”, até à última gota de sangue. Não se limitou a partilhar alguns bens perecíveis, mas deu aquilo que tinha de mais precioso: a sua própria vida. Ele mostrou-nos, com o seu sacrifício, qual é o dom perfeito que Deus quer e espera de cada um dos seus filhos. Mais do que solenes rituais litúrgicos, orações prolongadas e perfeitas, ou ofertas em dinheiro para os projetos da Igreja, Deus espera de nós o dom da nossa vida, a entrega de nós próprios para que o seu projeto para o mundo e para o homem se concretize. Limitamo-nos a dar a Deus algumas “migalhas” que nos sobram, alguns minutos do nosso dia, ou somos capazes de “dar tudo”, de colocar toda a nossa existência ao serviço do projeto de Deus?
https://www.dehonianos.org/
A quem muito foi dado, muito também Deus exigirá!
Jesus se dirige aos economicamente bem.
Lembra-os que não podem simplesmente apoiar sua espiritualidade nas obras.
O ato exterior, quando fácil, pouco adianta.
Ele não quer nossas sobras, mas que, generosamente e de modo responsável, partilhemos nossos bens
Recadinho
Em que consiste a generosidade?
Você acha que há muita hipocrisia na sociedade em geral?
É fácil ser desapegado dos bens deste mundo?
Conheço alguém que pode ser classificado como especializado em atender aos pobres?
Há muita hipocrisia religiosa?
Você acha que há muita hipocrisia na sociedade em geral?
É fácil ser desapegado dos bens deste mundo?
Conheço alguém que pode ser classificado como especializado em atender aos pobres?
Há muita hipocrisia religiosa?
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