Acredito que só nos apercebemos disto quando somos nós os consolados! Ai… nem sempre é fácil escutar certos consolos paternalistas que nos custam a digerir:” eu bem sei o que isso é”, “eu já passei por isso” e sentimos que a nossa dor foi desvalorizada.
Por isso falo em arte. Falo na capacidade de materializar os sentimentos e perceções e torna-las em algo agradável. Falo na capacidade de olhar para algo e dar-lhe uma forma que suscite emoções. Confesso que não domino a arte. Não gosto de sentir que tenho de ser consolada, mas reconheço que bem ou mal, quando alguém se aproxima de mim e diz: ”hoje não estás bem, passa se alguma coisa?”, só isso me consola. Não preciso de mezinhas nem tristezas, mas empatia. Mas é uma arte tão difícil que muitos preferem nem enveredar por ai. Preferem não perguntar, não saber, não estar pois não sabem o que dizer. Dou por mim a fazer o mesmo!
Não tenho respostas, mas sei que é mais fácil consolar quando conhecemos as pessoas, apesar de ser muito mais difícil consola-las porque a tristeza dos nossos é por si uma enorme tristeza. Sei que quando conhecemos alguém e sabemos que está triste, podemos encontrar algo que torne aquele momento especial porque há algo que nos une e que permite conversas únicas. Há gente de abraços, de presenças e palavras capazes de iluminar o lugar mais escuro e preencher o mais fundo dos vazios e sou grata por ter algumas “artistas” destas na minha vida. Enquanto isso, vou treinando a minha arte para poder saber consolar e ser consolada.
E tu amiga dominas essa arte?
Raquel Rodrigues
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