A liturgia do 33.º Domingo do Tempo Comum convida-nos a ler a história dos homens numa perspetiva de esperança. Garante-nos que o egoísmo, a violência, a injustiça, o pecado, não têm a “última palavra” na história do mundo e dos homens; a “última palavra” será sempre de Deus, que vai, a seu tempo, mudar a noite do mundo numa aurora de vida sem fim. É com essa certeza que devemos enfrentar a vida e o caminho que temos à nossa frente.
A primeira leitura anuncia aos crentes perseguidos pelo rei selêucida Antíoco IV Epífanes, que Deus se prepara para intervir e para lhes oferecer a salvação. A ação de Deus porá fim ao sofrimento intolerável em que estão e abrir-lhes-á as portas de uma vida nova, de uma vida eterna. Esta esperança deve sustentar os justos na sua aflição e animá-los a permanecerem fiéis a Deus.
A oposição e a incompreensão do “mundo” podem gerar, da nossa parte, uma resposta agressiva e levarem a um corte da nossa relação com o mundo. Será essa a melhor resposta à incompreensão que “o mundo” nos tributa? Poderemos continuar a ser “sal da terra e luz do mundo” se cortarmos as pontes que nos ligam ao mundo? Poderemos continuar a propor o Evangelho ao mundo se, magoados pelas críticas e incompreensões que temos de suportar, nos escondermos atrás dos muros dos nossos templos e nos limitarmos a condenar esse mundo fútil que não nos entende? Talvez o caminho seja continuarmos a afirmar, de forma humilde, mas convicta, os valores em que acreditamos, com a certeza que o nosso testemunho há de interpelar alguém e há de produzir frutos de renovação do mundo e das mentalidades. Como é que lidamos com a hostilidade do mundo?
No Evangelho, Jesus assegura-nos que, num futuro sem data marcada, o mundo velho do egoísmo e do pecado vai cair e que, em seu lugar, Deus vai fazer surgir um mundo novo, de vida e de felicidade sem fim. Aos seus discípulos, Jesus pede que vivam atentos aos sinais que anunciam essa nova realidade; e que, com paciência e confiança, se disponham a acolher e a concretizar os projetos, os apelos e os desafios de Deus.
Há uma realidade incontornável, que nunca podemos olvidar: apesar da ação de Deus e dos nossos próprios esforços para que o nosso mundo seja, a cada instante, transformado e humanizado, o mundo novo com que sonhamos e que está no projeto de Deus nunca será uma realidade plena nesta terra: a nossa caminhada neste mundo será sempre marcada pela nossa finitude, pelos nossos limites, pela nossa imperfeição, pelo nosso egoísmo, pelas nossas opções discutíveis. O mundo novo sonhado por Deus é uma realidade escatológica, cuja plenitude só acontecerá depois de Cristo, o Senhor, ter destruído definitivamente o mal que nos torna escravos. Estamos conscientes disso? Temos consciência de que caminhamos rodeados de debilidade e de finitude, mas que isso não pode enfraquecer o nosso compromisso, os nossos esforços, a nossa alegria, a nossa confiança em Deus?
Para Deus, não há passado nem futuro, há um eterno presente. Quando Jesus fala do seu regresso, coloca-o no hoje da sua Igreja. Eis porque, quando escreve o seu Evangelho, Marcos dirige-se a uma comunidade provada pelas perseguições, sem dúvida tentada pelo desespero, pela dúvida. Trata-se, pois, de redizer que Cristo, vitorioso da morte na manhã de Páscoa, é sempre vitorioso sobre todas as forças do mal. O seu regresso será, então, a manifestação do seu esplendor e do seu poder amoroso sobre as forças da morte. Para reavivar a sua esperança, os crentes são convidados a perscrutar os sinais que fazem ver que o Senhor voltará. A esperança dos cristãos manifesta-se em cada Eucaristia, quando afirmam que Cristo veio, vem e virá.
A segunda leitura lembra que Jesus veio ao mundo para concretizar o projeto de Deus: libertar o homem do pecado e de inseri-lo numa dinâmica de vida eterna. Com a sua vida e com o seu testemunho, Cristo ensinou-nos a vencer o egoísmo e o pecado e a fazer da vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. É esse o caminho do mundo novo, o caminho que conduz à vida definitiva.
Jesus, o Filho amado de Deus, veio ao mundo para concretizar o projeto salvador de Deus: libertar-nos da escravidão do pecado e inserir-nos numa dinâmica de vida eterna. Com a sua vida, com os seus gestos, com as suas palavras, Ele ensinou-nos a vencer o egoísmo e a fazer da nossa vida um dom de amor a Deus e aos irmãos. No dia em que aderimos a Jesus – o dia do nosso Batismo –, renunciamos ao pecado, acolhemos o projeto de vida que Jesus nos apresentou e passámos a integrar a comunidade dos filhos de Deus. Trata-se de um compromisso sério e exigente, que necessita de ser continuamente renovado. O nosso compromisso com Jesus e com a sua proposta de vida exige que, como Ele, vivamos na escuta de Deus e na obediência ao seu projeto; exige que vivamos no amor, na partilha, no serviço, se necessário até ao dom total da vida; exige que lutemos, sem desanimar, contra tudo aquilo que rouba a vida do homem e o impede de chegar à vida plena; exige que sejamos, no meio do mundo, testemunhas de uma dinâmica nova – a dinâmica do amor. A nossa vida tem sido coerente com esse compromisso?
www.dehonianos.org
Que não sejamos pegos de surpresa! O que mais nos interessa não é saber quando, onde ou como será nosso fim, mas qual será nosso estado de alma naquela hora! Nosso maior empenho será em viver de tal modo que possamos ser inscritos no livro da vida. Da Vida eterna! Cristo nos deu essa possibilidade de Vida eterna, morrendo por nós e nos santificando pela Eucaristia, perdoando nossos pecados, tornando-nos discípulos missionários seus.
Recadinho
O que é necessário para viver como justos?
Sou paciente?
Procuro transmitir alegria?
Tenho medo do fim desta vida?
Quando me examino sobre os caminhos e as obras que realizo?
Sou paciente?
Procuro transmitir alegria?
Tenho medo do fim desta vida?
Quando me examino sobre os caminhos e as obras que realizo?
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