quarta-feira, 30 de abril de 2025

O Papa que materializou a esperança



Recordo perfeitamente o dia em que o Papa Francisco foi nomeado. Para além de ser o dia de aniversário do meu marido, sei que ansiavamos o fumo branco com muita expectativa.

Jorge Bergoglio era um desconhecido mas que rapidamente me cativou.

O seu Papado teve o dom de arrancar, de mim, risos abertos, choros profundos e uaus!! constantes com a ousadia de um Homem tão especial que quebrava qualquer barreira formal.

Conseguiu agregar tantos que até Cristo deve estar a pensar: "Como, Francisco, como?" Sim, Francisco falou-nos de Deus com sentido de humor mas com uma proximidade muito séria. Chamou a si os fracos mas não esqueceu os fortes.

Lembrou-nos de desgraças que não passavam nos noticiários.

E chamou-nos a fazer parte de uma Igreja em caminho/mudança e de um mundo emq eu os Cristão devem ser mais ativos para o bem comum.

Nada do que possa dizer acrescenta muito, pois têm sido maravilhosas as manifestações que tenho lido, mas sinto que tenho de partilhar 2 experiências pessoais.

A primeira foi no âmbito da catequese, quando, em 2018, as catequistas da adolescencia da minha paróquia organizaram mais uma jornada com os adolescentes. O tema era a Esperança e estávamos com dificuldades em conseguir perceber como transmitir aos jovens esta Esperança Cristã. Rezamos muito e a nossa experiência materializou-se numa carta que dirigimos aos Papa a pedir ajuda nesse discernimento. E sabem, não ficamos sem resposta! Da carta depreendi que a Esperança implica ação e ele foi muito claro a Esperança implica:

-Espírito dócil
- Sentimento compassivo
- Olhar puro
- Palavra pacificadora
-Ação salvadora juntos dos homens e mulheres do nosso tempo.

Gosto de acreditar que foi essa carta que lhe deu a ideia do Jubileu da Esperança.
E porque não?

Recentemente tive a oportunidade de estar na JMJ. Senti-me Zaqueu que procurava ver melhor pois sou pequena de estatura. Mas mais do que ver, segui e escutei com atenção o que sentia e sim, a presença do Papa Francisco é algo que nos transcende. Os sinais da sua incontornável grandeza são inúmeros e como se dizia "trouxe Deus aos Homens", mas também acredito que falava muito de nós a Deus....e acho que assim vai continuar.

Insistiu que a Guerra não se combate com armas e violência mas com a conversão. Creio que acreditava que todos podemos ser tocados por Deus mesmo os mais impiedosos.

E apesar de não ter acabado com as guerras que nos assolam, ele foi um construtor da Paz e um consolador de almas. Quem sabe, a sua partida, à semelhança da de Cristo, não irá mudar o rumo da história?

Por isso reitero o que escrevi aquando dos seus 38 dias de luta contra a pneumonia em plena Quaresma: OBRIGADA.

Serás eterno!

A minha Carta ao Papa Francisco


Raquel Rodrigues


terça-feira, 29 de abril de 2025

Ama até ao fim. Amarás sem fim.



O amor começa por se prometer, para que depois se vá cumprindo. Para tal, muitas vezes implica sofrer. Nesse ponto, o que importa não será nunca a dor, por maior que seja, mas o amor que lhe dá sentido.

A nossa existência será sempre absurda se escolhermos não definir um destino e um caminho para o alcançar. Depois, ainda que com muitas quedas, mudanças de planos e por mais cansaço que se sinta, a vida será sempre para avançar. Mais do que mudar – o que é essencial – viver é continuar. Apesar de tudo.

A vida chega-nos como um dos frutos do amor dos nossos pais, dos seus pais e assim por diante. Podemos julgar que somos fruto de um conjunto sem fim de acasos, ou compreender que talvez haja sentidos para além daqueles que conseguimos entender neste mundo.

Recebemos essa vida, cabe-nos depois tratar de a viver bem. O maior de todos os perigos desta viagem entre o nascimento e a morte é a falta de amor. A vida não é para si mesma, só se vive para fora. Nenhuma vida vive só. Amar é o princípio mais radical de qualquer vida. Viver é dar-se, existir num mundo e para o que nele existe.

O amor dá vida e a vida ama quem ama e quem a ama.

O final deste mundo corresponde ao começo de outro. O que levamos connosco? O que fomos capazes de dar. Todo o bem que fizemos chegar à vida daqueles com quem nos cruzámos. Mais ainda, todos os sacrifícios e sofrimentos de que fomos capazes para que assim fosse.

Esta vida é breve, importa viver devagar e com profundidade, alongando e engrandecendo os dias. Num dia cabe mais do que uma vida. Tratemos de aproveitar cada hora. Amando.

A minha vida não é nem minha nem para mim.

Ama. E se tiveres de sofrer, sofre. E se tiveres de entregar a tua própria vida a fim de que o amor se cumpra… fá-lo. Porque entregando o teu tempo neste mundo conquistarás a eternidade.



José Luís Nunes Martins

segunda-feira, 28 de abril de 2025

«Jesus é o Messias, o Filho de Deus»



Senhor Bom Pai,

perante as enfermidades do meu espírito perdido nas trevas,

que eu siga o caminho da Tua eterna Misericórdia!


Senhor Bom Jesus,

quando o meu pensamento não encontrar a Tua Paz,

que eu não tenha medo de ansiar o Teu infinito Perdão!


Bom Espírito Santo,

mesmo que as tribulações avassalem o meu coração,

que eu receba sempre a força do Teu sopro suave!


Meu Senhor e meu Deus,

as portas fechadas do meu coração,

nunca Te impedem de vires ao meu encontro com a Tua doce Paz…

O sinal dos cravos e o Teu lado aberto

invadem-me com uma alegria sem fim…

E ao compasso do Teu Perdão

acredito sem ver.


Hoje, professo a minha Fé,

porque sou Peregrino de Esperança.



Levo Jesus a Todos e Todos a Jesus,

porque sei que O Cristo é o Primeiro e o Último…


Anuncio, sem medo, a Boa Nova,

porque Cristo está vivo no meio de nós!

Ressuscitou! Aleluia! Aleluia!


Liliana Dinis,

domingo, 27 de abril de 2025

Festa do Pai Nosso

 





A nossa comunidade paroquial hoje está de parabéns e em festa, porque as crianças do 2º ano da Catequese receberam a oração do PAI NOSSO.
Ao longo do ano, elas descobriram e foram aprendendo que Deus é um Pai maravilhoso que nos dá a vida, cuida de nós e que faz tudo para nosso bem. Com Jesus, aprenderam que podemos e devemos tratá-l’O por Pai do Céu e a dizer-Lhe “Pai Nosso que estais nos céus”.
As crianças aprenderam também que, pelo Baptismo, fazemos parte da Família de Deus, a Igreja. Todos nós  reunidos, formamos uma parte dessa Família dos filhos de Deus, que se chama Igreja. Hoje, com os mais pequeninos, nesta Eucaristia, louvamos o Pai do Céu duma maneira mais festiva.
Nesta celebração rezamos a oração que Jesus nos ensinou durante este ano.
 Relembrando o seu significado:


Pai Nosso:
Deus é nosso Pai, amando todos de igual forma

Que estais no céu:
Deus vê-nos do alto e acompanhando sempre

Santificado seja o vosso nome:
Devemos louvar sempre a Deus

Venha a nós o vosso reino:
Como o Reino de Deus está cheio de coisas boas, queremos fazer parte dele

Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu:
Devemos fazer sempre a vontade de Deus, porque ele sabe o que é melhor para nós

O Pão nosso de cada dia nos dai hoje:
Deus dá-nos o alimento e quer que ele chegue para todos

Perdoai-nos as nossas ofensas,
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido:
Deus perdoa-nos as coisas más que fazemos, assim como nós devemos perdoar
sempre a quem nos faz mal

E não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal:
Somos tentados muitas vezes a fazer o mal, mas Deus pode-nos ajudar
a não cair em tentação.


Para a oração ser sempre rezada como Jesus o faz e como nos ensinou, foi entregue  a cada  criança,para que esta oração tão especial nunca seja esquecida.





CRER , MESMO SEM VER

 



A liturgia deste domingo continua a celebrar a Boa notícia da vitória de Jesus sobre a morte. Convida-nos especialmente a olhar para a comunidade nascida de Jesus. Garante-nos que Jesus está no meio dela, caminha com ela, dá-lhe a força para vencer as crises e os desafios que lhe dificultam a caminhada. É a partir da comunidade cristã que Jesus continua a oferecer ao mundo e aos homens, em cada passo da história, a sua proposta salvadora e libertadora.

O Evangelho apresenta a comunidade da Nova Aliança, nascida da atividade criadora e vivificadora de Jesus. É uma comunidade que se reúne à volta de Jesus ressuscitado, que recebe d’Ele Vida, que é animada pelo Seu Espírito e que dá testemunho no mundo da Vida nova de Deus. Quem quiser “ver” e “tocar” Jesus ressuscitado, deve procurá-l’O no meio dessa comunidade que d’Ele nasceu e que d’Ele vive.É nos gestos de amor, de partilha, de serviço, de encontro, de fraternidade, que encontramos Jesus vivo, a transformar e a renovar o mundo; é com gestos de bondade, de misericórdia, de compaixão, de perdão que testemunhamos diante do mundo a Vida nova do Ressuscitado. Quem procura Cristo ressuscitado, encontra-O em nós? O amor de Jesus – amor total, universal e sem medida – transparece nos nossos gestos e na nossa vida?

A primeira leitura mostra-nos como a comunidade cristã de Jerusalém vivia e testemunhava a sua fé. A união, o amor fraterno, o estilo de vida daqueles homens e mulheres, suscitavam admiração, provocavam simpatia e levavam à adesão. A vida nova recebida de Jesus aparecia especialmente em gestos concretos de cura e de cuidado com os doentes e frágeis. Dessa forma, a comunidade continuava a obra libertadora de Jesus.Lucas sublinha especialmente os “milagres” e “prodígios” que os apóstolos de Jesus faziam entre o povo. Os milagres não são, necessariamente, acontecimentos espantosos que subvertem as leis da natureza; mas são sinais – por vezes simples e banais – que mostram a presença libertadora e salvadora de Deus e que anunciam essa vida plena que Deus quer dar a todos os seus filhos. Naqueles gestos de bondade, de partilha, de serviço, de misericórdia, de cuidado para com os doentes, que os seguidores de Jesus faziam, os outros habitantes de Jerusalém viam acontecer a intervenção salvadora de Deus. Hoje, como ontem, os discípulos de Jesus têm como missão fazer “milagres”, quer dizer, fazer acontecer a salvação de Deus no mundo. Temos consciência disto e procuramos, com gestos concretos, anunciar que Jesus ressuscitou e continua a querer salvar os homens? Os nossos gestos são “sinais” de Deus e tornam palpável no mundo a salvação de Deus?

Na segunda leitura João, o profeta de Patmos, apresenta aos cristãos perseguidos a visão do “filho do homem”. Trata-se de Jesus ressuscitado, o princípio e o fim de todas as coisas, aquele que derrotou a morte e tudo o que a ela está ligado. Ele está com a sua Igreja e caminha com ela pelos caminhos da história. É n’Ele que a comunidade encontra a força para caminhar e para vencer as forças que se opõem à vida nova de Deus.Há um elemento que, frequentemente, nos impede de fazer as opções mais corretas: o medo. Cedemos ao opressor e ao injusto porque temos medo de ser maltratados, de sofrer ou de morrer; aceitamos os valores que nos são impostos porque temos medo de ser ridicularizados ou condenados; remetemo-nos ao silêncio e deixamos que o mundo se construa de uma forma que não aprovamos porque temos medo de enfrentar aqueles que se julgam donos do mundo… O medo paralisa-nos, impede-nos de ter voz ativa na construção da história, impede-nos de viver de forma acertada e construtiva, limita os nossos horizontes, faz-nos desistir dos nossos sonhos mais belos… Temos consciência de que nada temos a temer porque Cristo, o Senhor da história, o primeiro e o último, aquele que esteve morto mas venceu a morte, caminha connosco?


https://www.dehonianos.org/


sábado, 26 de abril de 2025

Festa da Divina Misericórdia



No próximo Domingo, a Igreja celebra a festa da Divina Misericórdia, que tem a sua origem na mensagem que Santa Faustina Kowalska recebeu de Jesus, manifestando-se como Rei da Divina Misericórdia. Estávamos na Polónia da década de 30 do século XX.
No ano 2000, São João Paulo II canonizou esta religiosa da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia e declarou que, a partir dessa data, o 2.º Domingo da Páscoa passaria a designar-se como ‘Domingo da Divina Misericórdia’. Esta festa soleniza a infinita misericórdia de Deus para com a humanidade. Por isso, é um momento para trazer à memória o amor incondicional de Deus e a sua disposição para perdoar os pecados daqueles que se aproximam d’Ele com arrependimento e confiança.

Esta festa atualiza as revelações do Coração de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, em Paray-le-Monial: “Eis o coração que tanto tem amado os homens”. Recordo que estamos, desde o ano passado, a celebrar os 350 anos destas aparições e que este Jubileu do Coração de Jesus nos fala muito a este ano Jubilar de 2025, em que somos convidados a ser “peregrinos da esperança”. O ‘Domingo da Divina Misericórdia’ recorda-nos que a misericórdia fortalece a esperança.

Aproveitemos, como cristãos, esta ocasião para renovar a fé na misericórdia de Deus e, simultaneamente, procurarmos o seu perdão e a sua graça. Como afirma Ignacio Larrañaga, “a misericórdia, magnífica manifestação do amor do Senhor, é filha predileta do amor e irmã da sabedoria, nasce e vive entre o perdão e a ternura”.



Rede Mundial de Oração do Papa

Até sempre, Francisco!



Ninguém queria despedir-se de ti, querido Francisco. Trouxeste o vento da mudança, da bondade, da ternura e do assentimento. Trouxeste, ao mesmo tempo, o inconformismo. E, mais importante, do que tudo: trouxeste-nos a esperança.

Lembramo-nos todos, ainda hoje, da tua peregrinação solitária em plena Praça vazia. Os teus passos eram os de todos nós. A tua fé acendeu em nós uma luz que nos fez acreditar que sobreviveríamos aos tempos escuros que a pandemia nos trouxe. Ias sozinho, mas, ao teu lado, seguia cada um de nós. A pedir um colo certo, sem falhas, que nos fizesse acreditar novamente.

Lembramo-nos todos, ainda hoje, e para sempre, da dignidade com que trataste todos os doentes, os pobres e todos aqueles para quem nenhum de nós queria olhar. Tu quiseste. Quiseste sempre olhar para todos. E por todos.

Lembramo-nos, todos, ainda hoje (e para sempre!) da tua presença amorosa nas Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa. Gritaste, com a coragem de uma alma nobre, que a Igreja era para todos. Todos. Todos! E recordaste-nos do essencial: só o amor importa. E esse Amor que vem do Céu não tem exclusões, não separa, não combate e não mata.

Lutaste, connosco, o bom combate. A boa luta. Seguindo em frente e rasgando os véus enferrujados de uma Igreja que precisava de se fazer NOVA, diferente e que precisava de acompanhar a exigência dos novos tempos.

Foste um exemplo. A tua existência foi segura como uma rocha, mas, também, uma pena branca, leve e segura. Disposta a voar na direção do bem comum, da esperança, da paz e do amor.

Quando fui a Roma, consegui vislumbrar-te de passagem. Atirei-te uma carta escrita por mim e esperei, durante algum tempo, que me respondesses. Não me escreveste de volta, querido Francisco. E não faz mal. Porque me respondeste com o teu testemunho de vida e de amor.

E isso bastou. E basta.

Até ao Céu.

Rezamos muito por ti. Não te esqueças de rezar por nós também!



Marta Arrais


sexta-feira, 25 de abril de 2025

Francisco: a morte não é o fim de tudo, mas um novo começo


Vaticano


Li com emoção estas páginas que saíram dos pensamentos e do afeto de Angelo Scola, querido irmão no episcopado e pessoa que cobriu cargos delicados na Igreja, por exemplo, como reitor da Pontifícia Universidade Lateranense, depois Patriarca de Veneza e arcebispo de Milão. Antes de mais nada, quero expressar meus agradecimentos por essa reflexão que une experiência pessoal e sensibilidade cultural como poucas vezes aconteceu de eu ler. Uma, a experiência, ilumina a outra, a cultura; a segunda fundamenta a primeira. Nesse feliz entrelaçamento, a vida e a cultura florescem com beleza.

Não se deixe enganar pelo formato curto deste livro: são páginas muito densas, que devem ser lidas e relidas. Extraio das reflexões de Angelo Scola alguns pontos de particular consonância com o que a minha experiência me fez perceber.

Angelo Scola nos fala da velhice, da sua velhice, que - escreve com um toque de confiança desarmante - “veio sobre mim com uma aceleração repentina e, em muitos aspectos, inesperada”.

Já na escolha da palavra com a qual se autodefine, “velho”, encontro uma consonância com o autor. Sim, não devemos ter medo da velhice, não devemos ter medo de abraçar o tonar-se velhos, porque a vida é a vida e adoçar a realidade significa trair a verdade das coisas. Restaurar o orgulho de um termo muitas vezes considerado doentio é um gesto pelo qual devemos ser gratos ao cardeal Scola. Porque dizer “velho” não significa “ser jogado fora”, como uma degradada cultura do descarte às vezes nos leva a pensar. Dizer velho, por outro lado, significa dizer experiência, sabedoria, discernimento, ponderação, escuta, lentidão... Valores de que precisamos muito!

É verdade que ficamos velhos, mas esse não é o problema: o problema é como se tornar velho. Se vivermos esse tempo da vida como uma graça, e não com ressentimento; se acolhermos o tempo (mesmo longo) em que experimentamos forças reduzidas, a fadiga do corpo que aumenta, os reflexos não mais iguais aos da nossa juventude, com um senso de gratidão e de agradecimento, bem, até mesmo a velhice se torna uma idade da vida, como nos ensinou Romano Guardini, verdadeiramente fecunda e que pode irradiar o bem.

Angelo Scola destaca o valor, humano e social, dos avós. Já enfatizei várias vezes como o papel dos avós seja de fundamental importância para o desenvolvimento equilibrado dos jovens e, em última análise, para uma sociedade mais pacífica. Porque o exemplo deles, a palavra e a sabedoria deles podem incutir nos mais jovens uma longa visão, a memória do passado e a ancoragem em valores duradouros. Em meio ao frenesi das nossas sociedades, muitas vezes dedicadas ao efêmero e ao gosto doentio de aparecer, a sabedoria dos avós se torna um farol que brilha, ilumina a incerteza e dá direção aos netos, que podem extrair da experiência deles um “mais” em relação à própria vida cotidiana.

As palavras que Angelo Scola dedica ao tema do sofrimento, que muitas vezes se instaura ao se tornar velho e, consequentemente, com a morte, são preciosas joias de fé e esperança. Ao argumentar sobre este irmão bispo, ouço ecos da teologia de Hans Urs von Balthasar e de Joseph Ratzinger, uma teologia “feita de joelhos”, mergulhada na oração e no diálogo com o Senhor. Por esse motivo que eu disse há pouco que essas são páginas que saíram “do pensamento e do afeto” do cardeal Scola: não só do pensamento, mas também da dimensão afetiva, que é a que se refere a fé cristã, sendo o cristianismo não tanto uma ação intelectual ou uma escolha moral, mas o afeto por uma pessoa, aquele Cristo que veio ao nosso encontro e decidiu nos chamar de amigos.

A própria conclusão dessas páginas de Angelo Scola, que são uma confissão de coração aberto sobre como ele está se preparando para o encontro final com Jesus, nos dá uma certeza consoladora: a morte não é o fim de tudo, mas o começo de algo. É um novo começo, como o título sabiamente indica, porque a vida eterna, que aqueles que amam já experimentam na terra em suas ocupações diárias, é começar algo que não terá fim. E é exatamente por esse motivo que é um “novo” começo, porque experimentaremos algo que nunca experimentamos plenamente: a eternidade.

Com estas páginas em minhas mãos, eu gostaria, idealmente, de repetir o mesmo gesto que fiz assim que vesti o hábito branco do papa, na Capela Sistina: abraçar o irmão Angelo com grande estima e afeto, agora, ambos mais velhos do que naquele dia de março de 2013. Mas sempre unidos pela gratidão a esse Deus amoroso que nos oferece vida e esperança em qualquer idade do nosso viver.

Francisco,

Cidade do Vaticano, 7 de fevereiro de 2025

quinta-feira, 24 de abril de 2025

A vida é tempo que nos é dado

 



O tempo da nossa vida é precioso porque é único e limitado. E, se todos desconhecem o seu fim, a maioria de nós parece ignorar o valor das suas horas.

Perdemos muito tempo à espera de que seja o tempo a nos trazer aquilo que esperamos. Talvez fosse melhor fazermos a nossa parte e se não conseguimos por nós mesmos alcançar o fim que sonhamos, então que, pelo menos, criemos as melhores condições para que ele possa acontecer.

Há quem lute com todas as suas forças para conquistar algo ou para chegar a algum ponto imaginado, mas sem qualquer explicação lógica, é apenas quando já está sem forças e com pouco ânimo que se aquieta. Então, aquilo que buscava vem até ele.

Talvez não seja um mistério sem explicação, porque, para que algo aconteça, é essencial criar condições para que isso aconteça.

Alguns encontros parecem estar já marcados desde o início dos dias, e nenhuma das partes pode chegar antes do momento certo.

O que fazer enquanto é tempo de esperar? Caminhar ao encontro do futuro, nunca deixando de viver o presente.

Cuidado com o tempo livre, porque não é tempo de descanso. O descanso é essencial, mas o tempo livre é aquele em que nos cabe decidir o que fazer. E toda a liberdade vem acompanhada da responsabilidade, que nada mais é do que a obrigação de explicar as razões das nossas escolhas.

Quando, na vida, nos chegam os dias pesados, também nos chegam mais forças. Vem a cruz e um auxílio para a carregar. Mas, ainda assim, cabe-nos sempre colocar a nossa atenção ou na cruz que é mais pesada do que antes, ou nas forças que agora temos e que permitem carregá-la.

Uma das mais belas forças que podemos possuir é resistir sem desanimar ao que parece querer roubar-nos o caminho, o destino e a missão.

Que possamos viver de tal forma que, no meio de tantos erros e apesar de tudo, tenhamos feito do tempo que nos foi dado não só uma longa aventura, mas também uma história de amor.


José Luís Nunes Martins

quarta-feira, 23 de abril de 2025

É agora, Senhor?



Será que é agora que apareces a este mundo para nos libertar das chagas do desprezo e da discórdia?

Será que é agora que nos vais tirar as cruzes da guerra e do fanatismo?

Diz-me que é agora!

Todas as Páscoas rezo para que haja esta libertação. Que de repente acordamos, como que saídos do sepulcro e vemos um mundo novo onde reina a tua paz.

Todos os anos faço deserto com esperança de renascer melhor. Renascer com mais mansidão, paciência e capacidade de construir pontes onde há muros. Bem tento Senhor, mas não está a ser fácil.

É agora Senhor? Dá-nos o sinal que precisamos.

O poder de Te levar aos errantes sem que nos apedrejem.

O poder de levar a Tua voz sem sermos desprezados.

O poder de Te fazermos ouvir e calar as injustiças que parecem estar normalizadas. Fazer renascer em cada um o melhor que tem e escancarar as portas da Igreja a quem quer conhecer melhor o Deus Pai.

As Tuas palavras são transformadoras, mas parece que já poucos o querem ouvir, ou melhor, por em prática.

Insistimos nas divisões e traições em troca de 30 ou menos moedas. Beijamos pela frente e criticamos por trás.

Esquecemos de amizades e antigas alianças por medo de perder influências mais proveitosas. Batemos com a mão no peito, mas esquecemo-nos de conhecer o que no peito nos vai. Fazemos festas, procissões e romarias, não para louvar, mas para mostrar que fazemos mais e melhor. Trabalhamos para as nossas “capelinhas” e quando nos convidam a trabalhar juntos, olhamos de lado, ou até evitamos pedir conselhos a quem sabe com medo de perdermos o nosso mérito.

Por isso, Senhor, te peço, tira a pedra do nosso Sepulcro e mostra-nos que é sempre tempo de recomeçar.

E porque não agora, Senhor?



Raquel Rodrigues

terça-feira, 22 de abril de 2025

Na Cruz



Diante da mais bela e profunda expressão de Amor que a história da humanidade já conheceu, só nos resta o silêncio, a contemplação e a gratidão.

Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida, morreu. Aquele que nunca fez nem nada disse de mal foi assassinado.

Contudo, mais do que lhe terem tirado a vida, a verdade é que Ele quis dá-la por nós e para a nossa salvação.

Porque quis que o seu sangue fosse o sinal mais sublime da ternura de Deus pela humanidade. Para nos oferecer a verdadeira vida e a autêntica felicidade.

Ele deu-se inteira e completamente para ressuscitarmos daquilo que nos oprime, escraviza e empobrece.

Nasceu para morrer por todos.

Voltaria a fazê-lo se necessário fosse.

Mesmo se não existisse ninguém mais no universo a não ser cada um de nós.

Mesmo se continuarmos a viver o nosso quotidiano como se Ele não existisse.

Imenso mistério que jamais compreenderemos pela inteligência.

Porque o essencial não cabe nos princípios da racionalidade e da ciência. Porque as razões do coração e da alma são infinitamente mais importantes e valiosas.

Na Cruz, a fé vence a dúvida e a incerteza, a esperança vence o desânimo e o pessimismo, e o Amor vence o ódio e o egoísmo.

Novos horizontes, novos sentidos e valores para a existência, novos pontos de vista e perspetivas para uma vida em plenitude.

Ele quis propor-nos um projeto de salvação e continua a desafiar-nos a procurarmos salvar e a dar a vida uns pelos outros. Não conseguimos salvar o mundo, mas podemos sempre salvar a vida de alguém.

Sempre que olharmos o outro como irmão e lhe dermos a nossa mão, estaremos a amar o próximo e a construir um mundo mais humano, justo e solidário.

Juntos e com Ele, seremos melhores e mais fortes.

Ele e a humanidade precisam de cada um de nós.

Da nossa melhor versão.

Podemos e devemos afetiva e efetivamente fazer a diferença.

Mais do que de palavras, intenções e conselhos, o mundo precisa do que somos, sabemos, sentimos, pensamos e fazemos.

Mais do que de coisas extraordinárias, precisamos todos de gestos simples e concretos, cheios de altruísmo, verdade, pureza e bondade.

A radicalidade com que Ele viveu e morreu pelo que acreditava é um convite a sermos pessoas de carácter, comprometidas e responsáveis uns pelos outros.

Assim como no Natal, a figura essencial é o menino de Belém, também na Páscoa, o único protagonista é o mesmo Jesus de Nazaré.

Chegada a plenitude dos tempos, o Filho de Deus encarnou o seio de Maria para nos redimir com a sua morte e ressurreição.

O madeiro da cruz diz-nos que Deus desce até nós em Jesus Cristo para nos elevar para Si e, ao mesmo tempo, através d’Ele, abre os braços, envolvendo toda a humanidade como uma só família.

Sejamos dignos e merecedores de tão inefável e desmesurada prova de Amor.Diante da mais bela e profunda expressão de Amor que a história da humanidade já conheceu, só nos resta o silêncio, a contemplação e a gratidão.

Aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida, morreu. Aquele que nunca fez nem nada disse de mal foi assassinado.

Contudo, mais do que lhe terem tirado a vida, a verdade é que Ele quis dá-la por nós e para a nossa salvação.

Porque quis que o seu sangue fosse o sinal mais sublime da ternura de Deus pela humanidade. Para nos oferecer a verdadeira vida e a autêntica felicidade.

Ele deu-se inteira e completamente para ressuscitarmos daquilo que nos oprime, escraviza e empobrece.

Nasceu para morrer por todos.

Voltaria a fazê-lo se necessário fosse.

Mesmo se não existisse ninguém mais no universo a não ser cada um de nós.

Mesmo se continuarmos a viver o nosso quotidiano como se Ele não existisse.

Imenso mistério que jamais compreenderemos pela inteligência.

Porque o essencial não cabe nos princípios da racionalidade e da ciência. Porque as razões do coração e da alma são infinitamente mais importantes e valiosas.

Na Cruz, a fé vence a dúvida e a incerteza, a esperança vence o desânimo e o pessimismo, e o Amor vence o ódio e o egoísmo.

Novos horizontes, novos sentidos e valores para a existência, novos pontos de vista e perspetivas para uma vida em plenitude.

Ele quis propor-nos um projeto de salvação e continua a desafiar-nos a procurarmos salvar e a dar a vida uns pelos outros. Não conseguimos salvar o mundo, mas podemos sempre salvar a vida de alguém.

Sempre que olharmos o outro como irmão e lhe dermos a nossa mão, estaremos a amar o próximo e a construir um mundo mais humano, justo e solidário.

Juntos e com Ele, seremos melhores e mais fortes.

Ele e a humanidade precisam de cada um de nós.

Da nossa melhor versão.

Podemos e devemos afetiva e efetivamente fazer a diferença.

Mais do que de palavras, intenções e conselhos, o mundo precisa do que somos, sabemos, sentimos, pensamos e fazemos.

Mais do que de coisas extraordinárias, precisamos todos de gestos simples e concretos, cheios de altruísmo, verdade, pureza e bondade.

A radicalidade com que Ele viveu e morreu pelo que acreditava é um convite a sermos pessoas de carácter, comprometidas e responsáveis uns pelos outros.

Assim como no Natal, a figura essencial é o menino de Belém, também na Páscoa, o único protagonista é o mesmo Jesus de Nazaré.

Chegada a plenitude dos tempos, o Filho de Deus encarnou o seio de Maria para nos redimir com a sua morte e ressurreição.

O madeiro da cruz diz-nos que Deus desce até nós em Jesus Cristo para nos elevar para Si e, ao mesmo tempo, através d’Ele, abre os braços, envolvendo toda a humanidade como uma só família.

Sejamos dignos e merecedores de tão inefável e desmesurada prova de Amor.

Apesar das nossas fragilidades e debilidades, acolhamos a Vida na nossa vida e deixemo-nos renascer, renovar e transformar a sério e de uma vez por todas.

Seja Primavera na nossa existência, brote vida nova na nossa história e floresça ânimo, confiança e otimismo no nosso dia-a-dia.


Paulo Costa

segunda-feira, 21 de abril de 2025

DESCANSE EM PAZ, PAPA FRANCISCO!


Com dor e esperança, correu célere, na Igreja e no mundo, entre crentes e não crentes, a notícia da morte do Papa Francisco. Sim, o bom Papa Francisco partiu para a casa do Pai. Viveu a tempo o seu próprio tempo, como sucessor de Pedro, a presidir à comunhão universal da Igreja católica, e como cidadão dum mundo tão conturbado em que lhe tocou viver e agir, e sempre agiu dentro do seu campo de ação e influência. Bom e fiel ao Evangelho e à Igreja, não foi menos interessado e comprometido com o progredir da História e da história dos povos. Sem fechar nenhum, sempre foi um homem da alegria e da esperança, a rasgar caminhos novos para um futuro diferente. A todos e para todos, conforme as circunstâncias e os destinatários, tinha uma palavra de estímulo e de afeto, tantas vezes com fortes apelos à mudança de rumo, sobretudo quando falava da conversão, da necessidade da paz, do respeito pela vida, pelos direitos e dignidade das pessoas, pela Criação. Sempre construiu pontes e abriu caminhos de esperança e de renovação, para se ir mais além pelos caminhos da tolerância, da paz, da fraternidade universal, da solidariedade humana, da ecologia integral. Com ternura, era próximo dos jovens, das famílias, das pessoas, dos sofridos. Manifestamente humilde e dialogante, não tinha receio de gerar polémicas, mesmo dentro da Igreja Católica que sempre precisa de purificação. Ele desejava que ela fosse uma espécie de ‘hospital de campanha’. A sua empatia evangélica tinha aquela força capaz de se fazer ouvir e transformar o coração. Uma voz diferente, muita vezes contundente, nem sempre meiga no contexto de um mundo que tende a globalizar a indiferença e a esquecer os pobres, os refugiados, os migrantes, os marginalizados. Com a sua palavra, as suas atitudes e os seus gestos, com os seus documentos e viagens, sempre testemunhava e apelava a um mundo melhor, para todos. Viveu a tempo o seu próprio tempo, mesmo que nem sempre tenha sido ouvido, compreendido e seguido. Por estes dias os sinos tocam em sinal de luto, as comunidades vão promovendo momentos de oração pessoal e comunitária.
Descanse em paz, Papa Francisco. Interceda por ‘todos, todos, todos’ nós junto do Deus da misericórdia que tantas vezes anunciou. Obrigado pelo testemunho e pelo trabalho incansável que, em nome de Cristo, promover em favor da Humanidade pela qual Cristo morreu e ressuscitou!

D.Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 21-04-2025.

Mensagem Urbi et Orbi,

 



Papa convida ao desarmamento: as "armas" da paz constroem o futuro e não espalham morte

Na Mensagem Urbi et Orbi, Francisco lança um apelo aos responsáveis políticos para que não cedam à lógica do medo, mas usem os recursos disponíveis para ajudar os necessitados, combater a fome e promover iniciativas que favoreçam o desenvolvimento. "Estas são as 'armas' da paz: aquelas que constroem o futuro, em vez de espalhar morte!"

Bianca Fraccalvieri - Vatican News


                    “A Páscoa é a festa da vida!”

A mensagem "Urbi et orbi" (para a cidade de Roma e para o mundo) do Papa Francisco por ocasião da celebração pascal foi lida por Mons. Diego Ravelli, mestre das Celebrações Litúrgicas Pontifícias. Do balcão central da Basílica Vaticana, o Pontífice acenou para os milhares de fiéis na Praça São Pedro e desejou a todos "Feliz Páscoa". O Santo Padre estava acompanhado pelo cardeal-protodiácono, Dominique Mamberti, e pelo presidente da Pontifícia Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano e do Governo da Cidade do Vaticano, card. Fernando Vérgez Alzaga.
Do sepulcro vazio de Jerusalém, escreve o Pontífice, chega até nós um anúncio sem precedentes: o amor venceu o ódio. A luz venceu as trevas. A verdade venceu a mentira. O perdão venceu a vingança. Isso não significa que o mal não desapareceu da história, mas já não lhe pertence o domínio.


“Cristo ressuscitou! Neste anúncio encerra-se todo o sentido da nossa existência, que não foi feita para a morte, mas para a vida. A Páscoa é a festa da vida! Deus criou-nos para a vida e quer que a humanidade ressurja! Aos seus olhos, todas as vidas são preciosas! Tanto a da criança no ventre da mãe, como a do idoso ou a do doente, considerados como pessoas a descartar num número cada vez maior de países.”

Este anúncio de esperança ressoa hoje ainda mais forte enquanto vemos todos os dias os inúmeros conflitos que ocorrem em diferentes partes do mundo. "Quanta violência vemos com frequência também nas famílias, dirigida contra as mulheres ou as crianças! Quanto desprezo se sente por vezes em relação aos mais fracos, marginalizados e migrantes!", escreve com pesar Francisco, que formula os seus votos:

"Neste dia, gostaria que voltássemos a ter esperança e confiança nos outros" e "a ter esperança de que a paz é possível!" O Santo Padre então elenca os vários países e regiões em conflito, a partir da Terra Santa, onde este ano católicos e ortodoxos celebram a Páscoa juntos, manifestando preocupação com o crescente clima de antissemitismo e definindo como "dramática e ignóbil" a situação humanitária em Gaza.
As "armas" da paz

O Papa extende seus votos de paz a todo o Oriente Médio, de modo especial ao Líbano, à Síria e ao Iêmen. Paz também para o Sul do Cáucaso e aos povos africanos vítimas de violências, especialmente a República Democrática do Congo, o Sudão, o Sudão do Sul, o Chifre da África e a Região dos Grandes Lagos. Na Ásia, o pensamento de Francisco vai a Mianmar, que além do conflito armado sofre com as consequências do terremoto.

"Não é possível haver paz sem um verdadeiro desarmamento! A necessidade que cada povo sente de garantir a sua própria defesa não pode transformar-se numa corrida generalizada ao armamento", acrescenta o Pontífice, que renova o pedido para que os recursos disponíveis sejam utilizados para ajudar os necessitados, combater a fome e promover iniciativas que favoreçam o desenvolvimento. "Estas são as 'armas" da paz: aquelas que constroem o futuro, em vez de espalhar morte!", diz ainda o Papa, apelando que não se ceda à lógica do medo.

"Que o princípio da humanidade nunca deixe de ser o eixo do nosso agir quotidiano. Perante a crueldade dos conflitos que atingem civis indefesos, atacam escolas e hospitais e agentes humanitários, não podemos esquecer que não são atingidos alvos, mas pessoas com alma e dignidade." Por fim, os votos de que neste ano jubilar a Páscoa seja uma ocasião para libertar os prisioneiros de guerra e os presos políticos.

“Queridos irmãos e irmãs, na Páscoa do Senhor, a morte e a vida enfrentaram-se num admirável combate, mas agora o Senhor vive para sempre. Feliz Páscoa para todos!”

Ao final, o Papa concedeu a bênção apostólica e saudou os fiéis do papamóvel.

Morre o Papa Francisco



Anúncio do Camerlengo Farrell da Casa Santa Marta: "Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Igreja"


Vatican News

Morre o Papa Francisco. O anúncio foi dado, com pesar, poucos instantes atrás diretamente da Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, por Sua Eminêcia, o cardeal Farrell, com as seguintes palavras:

Às 7h35 desta manhã, o Bispo de Roma, Francisco, retornou à casa do Pai. Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e de Sua Igreja.

Ele nos ensinou a viver os valores do Evangelho com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados.

Com imensa gratidão por seu exemplo como verdadeiro discípulo do Senhor Jesus, recomendamos a alma do Papa Francisco ao infinito amor misericordioso do Deus Trino."

Ontem, domingo, o Pontífice apareceu na sacada da Basílica de São Pedro para a mensagem de Páscoa Urbi et Orbi, deixando sua última mensagem para a Igreja e o mundo.


Domingo de Páscoa

 



Senhor, Bom Pai

O Amor ao Corpo flagelado do Teu Filho Ressuscitado,

faz com que eu corra até ao meu Jesus


A Fé do novo Túmulo vazio do Teu Filho Vivo,

quer que eu acredite na Vitória sobre a morte


A Esperança do Sudário ensanguentado e abandonado

reveste o meu Batismo com fortaleza


A Alegria de escutar, a ecoar no meu coração, a voz do Mestre

guia os meus passos neste caminho novo que temos de abrir e edificar.


Bom Jesus,

A Tua Ressurreição é o início de um Mundo Novo.


Como posso ficar parada perante a maldade dos Fariseus do nosso milénio?

Como posso calar a minha voz perante o Sinédrio que volta a condenar o Amor ao próximo?

Como posso lavar as minhas mãos perante tantos Pilatos que temem decidir seguir-Te?



A Tua Páscoa emite uma nova provocação a cada raio de sol que brilha!

Tu, Senhor Ressuscitado, que queres que nos afeiçoemos às coisas do Alto…

A TUDO que respeita a Criação Divina…

A TODOS [todos, todos, todos] que enaltecem o Ser Humano!

TU e só TU

vens com o Teu Santo Espírito Unificador e Reparador

e dás VIDA a tudo o que pensávamos estar perdido!


O pecado é Perdão [É um Perdão sem medida]

A injustiça é Misericórdia [É a lógica da Misericórdia Divina]

A cobardia é Coragem [É a Coragem das Mulheres que Te seguiram até à morte]

A omissão é Ação [É a ação do Espírito Santo em nós]

O silêncio é Palavra [É a Palavra do Pai que é Carne em Ti, Jesus]

A fome é Pão [É o Teu Pão que é Salvação]

A guerra é Paz [É a Tua Paz]


Hoje, é a hora da Nova Ressurreição!

Vamos levar Jesus a Todos e Todos a Jesus, sem hesitar, sem medos!

Somos Peregrinos de Esperança…

Mulheres e homens capazes de levar perfumes para ungir um Corpo morto,

e somos acolhidos pel’O Senhor que nos invade com a Sua Luz.


Vamos!

É urgente anunciar a ALEGRIA!

Após o encontro com O Ressuscitado nunca mais iremos parar de correr…


Liliana Dinis

domingo, 20 de abril de 2025

Aleluia! Aleluia!

 


 Cristo ressuscitou verdadeiramente!

Aleluia! Aleluia!

A graça de celebrarmos a ressureiçãodo nosso Senhor Jesus Cristo,

reviva em nós o desejo dos bens celestes

 e derrame sobre o mundo inteiro a alegria e a paz.


 

SANTA PÁSCOA  

 

Que Jesus Ressuscitado viva sempre no nosso coração!

Páscoa 2025



A liturgia deste domingo celebra a ressurreição de Jesus. Proclama a vitória da Vida sobre a morte, do Amor sobre o ódio, do Bem sobre o mal, da Verdade sobre a mentira, da Luz sobre as trevas. Garante-nos que a morte não pode prender quem aceita fazer da própria vida um dom de amor. É do amor que nasce a Vida plena, a Vida em abundância, a Vida verdadeira e eterna.

Na primeira leitura Pedro, em nome da comunidade, apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, fez da sua vida um dom total a Deus e aos homens. Por isso, Deus ressuscitou-O: o caminho que Jesus percorreu e propôs conduz à Vida. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este “caminho” a todos os homens.A ressurreição de Jesus é a consequência de uma vida gasta a “fazer o bem e a libertar os oprimidos”. Isso significa que, sempre que alguém – na linha de Jesus – se esforça por vencer o egoísmo, a mentira, a injustiça e por fazer triunfar o amor, está a ressuscitar; significa que, sempre que alguém – na linha de Jesus – se dá aos outros e manifesta, em gestos concretos, a sua entrega aos irmãos, está a construir vida nova e plena. Estamos a ressuscitar, porque caminhamos pelo mundo fazendo o bem e libertando os oprimidos, ou a nossa vida é um repisar os velhos esquemas do egoísmo, do orgulho, do comodismo?
A ressurreição de Jesus significa também que o medo, a morte, o sofrimento e a injustiça deixam de ter poder sobre a pessoa que ama, que se dá, que partilha a vida. Ela tem assegurada a Vida plena – essa Vida que os poderes do mundo não podem destruir, atingir ou restringir. Ela pode, assim, enfrentar o mundo com a serenidade que lhe vem da fé. Estamos conscientes disto, ou deixamo-nos dominar pelo medo, sempre que temos de agir para combater aquilo que rouba a vida e a dignidade, a nós e a cada um dos nossos irmãos?
Aos discípulos pede-se que sejam as testemunhas da ressurreição. Nós não vimos o sepulcro vazio; mas fazemos, todos os dias, a experiência do Senhor ressuscitado, que está vivo e caminha ao nosso lado nos caminhos da história. A nossa missão é testemunhar essa realidade; no entanto, o nosso testemunho será oco e vazio se não for comprovado pelo amor e pela doação, as marcas da vida nova de Jesus. O nosso testemunho da ressurreição é coerente e credível e traduz-se em gestos concretos de amor, de partilha, de serviço?

O Evangelho convida-nos a olhar para o túmulo vazio de Jesus e a “acreditar”: o verdadeiro discípulo de Jesus, aquele que o conhece bem, que entende a sua proposta e está disposto a segui-l’O sabe que a forma como Ele viveu e amou não podia terminar no túmulo, no fracasso, no nada. Por isso, está sempre preparado para acolher a Boa notícia da ressurreição.A ressurreição de Jesus é a vitória da Vida sobre a morte, da verdade sobre a mentira, da esperança sobre o desespero, da justiça sobre a injustiça, da alegria sobre a tristeza, da luz sobre as trevas. Abre-nos perspetivas completamente novas e garante-nos o triunfo de Deus sobre as forças que querem destruir o mundo e os homens. Nós, que acreditamos e celebramos a ressurreição de Jesus, somos testemunhas da vitória da Vida junto dos nossos irmãos paralisados pelo medo e pelo pessimismo? A mensagem que levamos ao mundo é uma mensagem de alegria e de esperança que tem as cores da manhã de Páscoa?

A segunda leitura ensina que os cristãos, unidos a Cristo ressuscitado pelo batismo, morreram para o pecado e nasceram para a Vida nova. Ao longo da sua caminhada pelo mundo, devem dar testemunho dessa Vida nova nos seus gestos, no seu amor, no seu serviço a Deus e aos homens.O Batismo introduz-nos numa dinâmica de comunhão com Cristo ressuscitado. A partir do Batismo, Cristo passa a ser o centro e a referência fundamental à volta da qual se constrói toda a vida do crente. Qual o lugar que Cristo ocupa na nossa vida? Temos consciência de que o nosso Batismo significou um compromisso com Cristo e uma identificação com Cristo?
A identificação com Cristo implica o assumir uma dinâmica de Vida nova, despojada do pecado e feita doação a Deus e aos irmãos. O cristão torna-se então, verdadeiramente, alguém que “aspira às coisas do alto” – quer dizer, alguém que, embora vivendo nesta terra e desfrutando das realidades deste mundo, tem como referência última os valores de Deus. Não se pede ao crente que seja um alienado, alguém que viva a olhar para o céu e que se demita do compromisso com o mundo e com os irmãos; mas pede-se-lhe que não faça dos valores do mundo a sua prioridade, a sua referência última. A nossa vida tem sido uma caminhada coerente com essa dinâmica de Vida nova que começou no dia em que fomos batizados? Esforçamo-nos, realmente, por nos despojarmos do “homem velho” e por nos revestirmos do “Homem Novo”, do homem que se identifica com Cristo e que vive no amor, no serviço, na doação aos irmãos?

www.dehonianos.org

sábado, 19 de abril de 2025

A beleza de um dia comum...





Muitas vezes a busca, afasta-nos daquilo que já somos.
"A flor não precisa de correr atrás da primavera", ela já é flor...


Basta-nos permanecer e tudo floresce dentro de nós. Tudo o que procuramos já existe dentro de cada um.

Esta semana convida ao silêncio. Saber escutar o que ele nos diz é uma grande sabedoria.

Esta semana convida a estarmos atentos aos nossos pensamentos, hábitos e emoções. É uma oportunidade para olharmos com amor e compaixão para tudo o que nos rodeia. É um convite ao essencial. Existir com mais leveza. Respirar fundo. Olhar para o simples e saborear as pequenas coisas. Os pequenos gestos.

Que esta, seja uma semana de paz e que cada um de nós possa despertar para a beleza de cada momento... de mãos dadas consigo mesmo.

Boa semana!


Carla Correia


sexta-feira, 18 de abril de 2025

A PAIXÃO DE JESUS SEGUNDO SÃO LUCAS


“Quando chegou a hora, Jesus sentou-Se à mesa com os seus Apóstolos e disse-lhes: “Tenho desejado ardentemente comer convosco esta Páscoa, antes de padecer; pois digo-vos que não tornarei a comê-la, até que se realize plenamente no reino de Deus”. Então, tomando um cálice, deu graças e disse: “Tomai e reparti entre vós, pois digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira, até que venha o reino de Deus. Depois tomou o pão e, dando graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: “Isto é o meu corpo entregue por vós. Fazei isto em memória de Mim”. No fim da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo: “Este cálice é a nova aliança no meu Sangue, derramado por vós. Entretanto, está comigo à mesa a mão daquele que me vai entregar. O Filho do homem vai partir, como está determinado. Mas ai daquele por quem Ele vai ser entregue!”. Começaram então a perguntar uns aos outros qual deles iria fazer semelhante coisa. Levantou-se também entre eles uma questão: qual deles se devia considerar o maior? Disse-lhes Jesus: “Os reis da nações exercem domínio sobre elas e os que têm sobre elas autoridade são chamados benfeitores. Vós não deveis proceder desse modo. O maior entre vós seja como o menor e aquele que manda seja como quem serve. Pois quem é o maior: o que está à mesa ou o que serve? Não é o que está à mesa? Ora eu estou no meio de vós como aquele que serve. Vós estivestes sempre comigo nas minhas provações. E eu preparo para vós um reino, como meu Pai o preparou para Mim: comereis e bebereis à minha mesa, no meu reino, e sentar-vos-eis em tronos, a julgar as doze tribos de Israel. Simão, Simão, Satanás vos reclamou para vos agitar na joeira como trigo. Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos”. Pedro respondeu-Lhe: “Senhor, eu estou pronto a ir contigo, até para a prisão e para a morte”. Disse-lhe Jesus: “Eu te digo, Pedro: não cantará hoje o galo, sem que tu, por três vezes, negues conhecer-Me”. Depois acrescentou: “Quando vos enviei sem bolsa nem alforge nem sandálias, faltou-vos alguma coisa?”. Eles responderam que não lhes faltara nada. Disse-lhes Jesus: “Mas agora, quem tiver uma bolsa pegue nela, bem como no alforge; e quem não tiver espada venda a capa e compre uma. Porque Eu vos digo que se deve cumprir em Mim o que está escrito: ‘Foi contado entre os malfeitores’. Na verdade, o que Me diz respeito está a chegar ao fim”. Eles disseram: “Senhor, estão aqui duas espadas”. Mas Jesus respondeu: “Basta”. Então saiu e foi, como de costume, para o Monte das Oliveiras e os discípulos acompanharam-no. Quando chegou ao local, disse-lhes: “Orai, para não entrardes em tentação”. Depois afastou-Se deles cerca de um tiro de pedra e, pondo-Se de joelhos, começou a orar, dizendo: “Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice. Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua”. Então apareceu-Lhe um Anjo, vindo do Céu, para O confortar. Entrando em angústia, orava mais instantemente e o suor tornou-se-Lhe como grossas gotas de sangue, que caíam na terra. Depois de ter orado, levantou-Se e foi ter com os discípulos, que encontrou a dormir, por causa da tristeza. Disse-lhes Jesus: “Porque estais a dormir? Levantai-vos e orai, para não entrardes em tentação”. Ainda Ele estava a falar, quando apareceu uma multidão de gente. O chamado Judas, um dos Doze, vinha à sua frente e aproximou-se de Jesus, para O beijar. Disse-lhe Jesus: “Judas, é com um beijo que entregas o Filho do homem?” Ao verem o que ia suceder, os que estavam com Jesus perguntaram-Lhe: “Senhor, vamos feri-los à espada?” E um deles feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. Mas Jesus interveio, dizendo: “Basta! Deixai-os”. E, tocando na orelha do homem, curou-o. Disse então Jesus aos que tinham vindo ao seu encontro, príncipes dos sacerdotes, oficiais do templo e anciãos: “Vós saístes com espadas e varapaus, como se viésseis ao encontro dum salteador. Eu estava todos os dias convosco no templo e não me deitastes as mãos. Mas esta é a vossa hora e o poder das trevas. Apoderaram-se então de Jesus, levaram-no e introduziram-no em casa do sumo sacerdote. Pedro seguia-os de longe. Acenderam uma fogueira no meio do pátio,
sentaram-se em volta dela e Pedro foi sentar-se no meio deles. Ao vê-lo sentado ao lume, uma criada, fitando os olhos nele, disse: “Este homem também andava com Jesus”. Mas Pedro negou: “Não O conheço, mulher”. Pouco depois, disse outro, ao vê-lo: “Tu também és um deles”. Mas Pedro disse: “Homem, não sou”. Passada mais ou menos uma hora, afirmava outro com insistência: “Esse homem, com certeza, também andava com Jesus, pois até é galileu”. Pedro respondeu: “Homem, não sei o que dizes”. Nesse instante – ainda ele falava – um galo cantou. O Senhor voltou-Se e fitou os olhos em Pedro. Então Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, quando lhe disse: ‘Antes do galo cantar, me negarás três vezes’. E, saindo para fora, chorou amargamente. Entretanto, os homens que guardavam Jesus troçavam d’Ele e maltratavam-no. Cobrindo-Lhe o rosto, perguntavam-Lhe: “Adivinha, profeta: Quem te bateu?” E dirigiam-Lhe muitos outros insultos. Ao romper do dia, reuniu-se o conselho dos anciãos do povo, os príncipes dos sacerdotes e os escribas. Levaram-no ao seu tribunal e disseram-Lhe: “Diz-nos se Tu és o Messias”. Jesus respondeu-lhes: “Se Eu vos disser, não acreditareis e, se fizer alguma pergunta, não respondereis. Mas o Filho do homem sentar-Se-á doravante à direita do poder de Deus”. Disseram todos: “Tu és então o Filho de Deus?” Jesus respondeu-lhes: “Vós mesmos dizeis que Eu sou”. Então exclamaram: “Que necessidade temos ainda de testemunhas? Nós próprios o ouvimos da sua boca”. Levantaram-se todos e levaram Jesus a Pilatos. Começaram a acusá-l’O, dizendo: “Encontrámos este homem a sublevar o nosso povo, a impedir que se pagasse o tributo a César e dizendo ser o Messias-Rei”. Pilatos perguntou-Lhe: “Tu és o Rei dos judeus?” Jesus respondeu-lhe: “Tu o dizes”. Pilatos disse aos príncipes dos sacerdotes e à multidão: “Não encontro nada de culpável neste homem”. Mas eles insistiam: “Amotina o povo, ensinando por toda a Judeia, desde a Galileia, onde começou, até aqui”. Ao ouvir isto, Pilatos perguntou se o homem era galileu; e, ao saber que era da jurisdição de Herodes, enviou-O a Herodes, que também estava nesses dias em Jerusalém. Ao ver Jesus, Herodes ficou muito satisfeito. Havia bastante tempo que O queria ver, pelo que ouvia dizer d’Ele, e esperava que fizesse algum milagre na sua presença. Fez-Lhe muitas perguntas, mas Ele nada respondeu. Os príncipes dos sacerdotes e os escribas que lá estavam acusavam-no com insistência. Herodes, com os seus oficiais, tratou-O com desprezo e, por troça, mandou-O cobrir com um manto magnífico e remeteu-O a Pilatos. Herodes e Pilatos, que eram inimigos, ficaram amigos nesse dia. Pilatos convocou os príncipes dos sacerdotes, os chefes e o povo, e disse-lhes: “Trouxestes este homem à minha presença como agitador do povo. Interroguei-O diante de vós e não encontrei n’Ele nenhum dos crimes de que O acusais. Herodes também não, uma vez que no-lo mandou de novo. Como vedes, não praticou nada que mereça a morte. Vou, portanto, soltá-lo, depois de O mandar castigar”. Pilatos tinha obrigação de lhes soltar um preso por ocasião da festa. E todos se puseram a gritar: “Mata Esse e solta-nos Barrabás”. Barrabás tinha sido metido na cadeia por causa de uma insurreição desencadeada na cidade e por assassínio. De novo Pilatos lhes dirigiu a palavra, querendo libertar Jesus. Mas eles gritavam: “Crucifica-O! Crucifica-O!” Pilatos falou-lhes pela terceira vez: Mas que mal fez este homem? Não encontrei n’Ele nenhum motivo de morte. Por isso vou soltá-lo, depois de O mandar castigar” Mas eles continuavam a gritar, pedindo que fosse crucificado, e os seus clamores aumentavam de violência. Então Pilatos decidiu fazer o que eles pediam: soltou aquele que fora metido na cadeia por insurreição e assassínio, como eles reclamavam, e entregou-lhes Jesus para o que eles queriam. Quando o conduziam, lançaram mão de um certo Simão de Cirene, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para a levar atrás de Jesus. Seguia-O grande multidão de povo e mulheres que batiam no peito e se lamentavam, chorando por Ele. Mas Jesus voltou-Se para elas e disse-lhes: “Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos; pois dias virão em que se dirá: ‘Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram’. Começarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’; e às colinas: ‘Cobri-nos’. Porque, se tratam assim a madeira verde, que acontecerá à seca?”. Levavam ainda dois malfeitores para serem executados com Jesus. Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-no a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Depois deitaram sortes, para repartirem entre si as vestes de Jesus. O povo permanecia ali a observar. Por sua vez, os chefes zombavam e diziam: “Salvou os outros: salve-Se a Si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito”. Também os soldados troçavam d’Ele; aproximando-se para Lhe oferecerem vinagre, diziam: “Se és o Rei dos judeus, salva-Te a Ti mesmo”. Por cima d’Ele havia um letreiro: “Este é o rei dos judeus”. Entretanto, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-O, dizendo: “Não és Tu o Messias? Salva-Te a Ti mesmo e a nós também”. Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o: “Não temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo das nossas más ações. Mas Ele nada praticou de condenável”. E acrescentou: “Jesus, lembra-Te de mim, quando vieres com a tua realeza”. Jesus respondeu-lhe: “Em verdade te digo: Hoje estarás comigo no Paraíso”. Era já quase meio-dia, quando as trevas cobriram toda a terra, até às três horas da tarde, porque o sol se tinha eclipsado. O véu do templo rasgou-se ao meio. E Jesus exclamou com voz forte: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dito isto, expirou. Vendo o que sucedera, o centurião deu glória a Deus, dizendo: “Realmente este homem era justo”. E toda a multidão que tinha assistido àquele espetáculo, ao ver o que se passava, regressava batendo no peito. Todos os conhecidos de Jesus, bem como as mulheres que O acompanhavam desde a Galileia, mantinham-se à distância, observando estas coisas. Havia um homem chamado José, da cidade de Arimateia, que era pessoa reta e justa e esperava o reino de Deus. Era membro do Sinédrio, mas não tinha concordado com a decisão e o proceder dos outros. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. E depois de o ter descido da cruz, envolveu-o num lençol e depositou-o num sepulcro escavado na rocha, onde ninguém ainda tinha sido sepultado. Era o dia da Preparação e começavam a aparecer as luzes do sábado. Entretanto, as mulheres que tinham vindo com Jesus da Galileia acompanharam José e observaram o sepulcro e a maneira como fora depositado o corpo de Jesus. No regresso, prepararam aromas e perfumes. E no sábado guardaram o descanso, conforme o preceito. (Lc22,14-23,56).
......
D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 18-04-2025.




Todas as reaç237

Quando penso na dor intensa de tantas mães...



No Domingo de Ramos ou Domingo da Paixão, a Igreja propõe-nos a meditação da Paixão do Senhor para nos introduzir no coração da nossa experiência de fé: o Mistério Pascal.

A cada ano este itinerário desperta e inspira diferentes reflexões e sentimentos. Talvez fruto de algumas notícias, vi-me a contemplar o rosto de Maria, Mãe de Jesus. E nela o rosto daquelas mães que perderam os seus filhos.

«A Igreja, desde as suas origens, e sobretudo nos momentos mais difíceis, contemplou com particular intensidade um dos acontecimentos da Paixão de Jesus Cristo, referido a São João: "Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali de pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: "Mulher, eis o teu filho!". Depois, disse ao discípulo: "Eis a tua mãe!". E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua" (Jo 19, 25-27). Ao longo da sua história, o Povo de Deus experimentou esta doação feita por Jesus crucificado: a doação da sua Mãe.»

São João Paulo II

O centro da nossa fé é o Mistério Pascal que a liturgia nos oferece para celebrar e reviver no tríduo da paixão, morte e ressurreição do Senhor Jesus. É Ele, o Senhor e Salvador, o protagonista da Páscoa. À sua oferta redentora, Ele associou a sua Mãe Maria, que em tudo partilhou a missão do Filho.

Sob a cruz, a presença de Maria é fecunda. Com Jesus moribundo, ela dá também a sua vida, renovando o seu Fiat doloroso. O sim humilde e corajoso de Maria, que soube permanecer aos pés da cruz e depois esperar, vigilante e orante, o cumprimento das promessas, contribuiu para a vitória de Cristo sobre a morte e o pecado. Na aurora da Páscoa, Maria também partilha e participa da mesma glória do seu Filho.

Humanamente falando, o sofrimento é uma grande derrota, um escândalo que obscurece o rosto de Deus, o bom Pai, como o foi a cruz de Jesus, loucura e escândalo aos olhos de todos.

Quando penso na dor intensa de tantas mães, o risco que elas correm é o de falhar no caminho da vida e perder a capacidade de esperar, de olhar o horizonte, de desejar: a esperança vacila e sente-se que o Céu está fechado sobre as nossas cabeças!

Não tenho respostas fáceis para lhes oferecer e, mesmo que tivesse, teria muito cuidado para não o fazer! No entanto, quero encorajá-las a não se fecharem na sua dor e a dirigirem a sua queixa a esse Deus que tantas vezes percebemos como muito distante, a expressar a Ele os seus estados de ânimo e até mesmo a sua raiva. Têm todo o direito de fazer isso!

Como esquecer aquela Sexta-feira Santa, quando no Gólgota até o Filho de Deus, pendurado numa cruz, clamou a Deus uma oração dilacerante: «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?», morrendo no meio de um sofrimento atroz?

A este propósito, gostaria de partilhar um pequeno excerto da carta que o Cardeal Pierbattista Pizzaballa escreveu à sua diocese no dia 24 de Outubro de 2023, por causa da trágica guerra que está a abalar a Terra Santa.

Falando do sofrimento inocente, o patriarca escreve:

«No meio de toda esta maldade, Jesus venceu. Apesar do mal que assola o mundo, Jesus alcançou uma vitória, estabeleceu uma nova realidade, uma nova ordem, que depois da ressurreição será assumida pelos discípulos renascidos no Espírito. Foi na cruz que Jesus venceu. Não com armas, não com poder político, não com grandes meios, nem impondo-se. A paz de que fala nada tem a ver com a vitória sobre o outro. Ele conquistou o mundo amando-o. É certo que na cruz começa uma nova realidade e uma nova ordem, a dos que dão a vida por amor. E com a Ressurreição e com o dom do Espírito, esta realidade e esta ordem pertencem aos seus discípulos. Para nós. A resposta de Deus à questão de saber porque sofre o homem justo não é uma explicação, mas uma Presença. É Cristo na cruz.»

Votos de uma Santa Páscoa! Com Maria, Mãe de Jesus.


Paulo Victória

quinta-feira, 17 de abril de 2025

TRÍDUO PASCAL – Celebração da Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus


O Tríduo Pascal é uma única celebração composta por três momentos, nos quais celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo.

A celebração inicia-se na missa de Quinta-feira santa, que é a Missa do Lava-Pés, com a instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Esta Missa não tem bênção final, nem o envio (Vão em Paz, e que o Senhor vos acompanhe). No final DA Missa da Quinta-feira Santa a Igreja é desnudada, com a trasladação do Santíssimo Sacramento e a cobertura dos santos com véu roxo.

O Santíssimo é levado para uma capela.

Na Sexta-Feira Santa não há Missa, mas sim uma celebração, onde há o descimento da cruz e distribuição da Eucaristia. Não há acolhida, nem bênção final e envio.

Na Missa do Sábado Santo à noite, que é a Vigília Pascal, termina o tríduo pascal, os sinos voltam a tocar e também os cantos de Aleleuia, pois já se comemora a Páscoa. Esta Missa termina com a bênção final.

Tríduo porque são três dias, e nós perguntamos: mas começa na quinta-feira Santa?

Sim, porque para os Judeus na quinta-feira à noite já é sexta-feira. (ver Genesis 1, 5). O dia para os judeus inicia com o aparecimento da primeira estrela. Assim, Jesus celebrou A Última Ceia no mesmo dia em que ele foi crucificado.

A Eucaristia está intimamente ligada com o sacrifício é o mesmo dia e Poderíamos dizer é o mesmo ato Redentor Jesus quando celebra A Última Ceia ele está ali manifestando livremente o seu amor; essa liberdade nós não vamos vê-la durante a paixão na sexta-feira.

Na sexta-feira Jesus é acorrentado e levado de um lado para o outro, sem liberdade.

Jesus pega o pão e mostra em sua liberdade: isso é meu corpo que é dado por vós, Isto é meu sangue derramado. Jesus se entrega por amor Ele faz isso por nós.

O evangelho de São João narra no contexto da Última Ceia aquele gesto extraordinário de Jesus que é o lava-pés (João 13, 17)

Jesus, que é o próprio Deus, vem do alto dos céus, se rebaixa até a nossa pequenez, para redimir os nossos pecados. O filho do homem não veio para ser servido mas para servir e dar a sua vida em Resgate de muitos.

O seu dar a vida lava o nosso pecado! Jesus foi vendido pelo preço de 30 moedas, que eram o preço de um escravo. Naquela época os escravos lavavam os pés dos seus patrões.

Jesus era Mestre e Senhoir, mas ele foi humilde, Ele se fez homem se esvaziou e se fez servo obediente até a morte e morte na cruz.

Ao se entregar na cruz Jesus nos chama também a lavar os pés uns dos outros.

Na sexta-feira Santa, após a morte de Jesus, os discípulos se apressam para retirar o corpo de Jesus, antes do aparecimento da primeira estrela, que anunciaria o sábado.

O sábado é um dia de silêncio, pois Jesus está morto.

A celebração da sexta-feira começa em silêncio, o padre não faz o sinal da cruz, pois é a continuação da A missa da quinta à noite.

O padre celebra A Paixão de Cristo em continuidade com a celebração de quinta à noite

Somos chamados a olhar para o Cristo crucificado O próprio Deus que se entrega Por Amor a Nós

Alguns pensam que na cruz Jesus está pagando pelos nossos pecados e o pai está com sua ira, sua vingança. Esta mentalidade não é correta

Com o sacrifício da Cruz Jesus repara os nossos pecados. Os nossos pecados ofendem a Deus.

Deus quer ser amado por nós

Imagine a ofensa de um filho, quando o pai amorosamente faz tudo por este filho e o filho não retribui o amor do pai

A ingratidão do filho fere o coração do pai.

O nosso pecado feriu Deus não porque nosso pecado seja tão grande mas porque o seu amor por nós é infinito, mas nós não amamos a Deus de volta.

Uma só coisa o Deus Criador não pode criar: é o amor da criatura, pois o amor é livre e só vai acontecer se nós assim o quisermos.

Deus pode nos dar um coração capaz de amar, mas ele espera o nosso amor com a nossa liberdade. Se Deus nos forçasse a que o amássemos, isso não seria amor

Seria uma brutalidade porque o amor é livre

É aí que Deus vence este impasse de uma forma extraordinária

Ele se faz homem

Já que o homem não o amava, o filho de Deus se faz homem para que o homem Ame a Deus de volta

No sacrifício da Cruz nós vemos o coração humano plenamente amoroso que ama a Deus de volta

Jesus está tomando o nosso lugar.

Nós, com o nosso pecado não amamos a Deus. Então Jesus ama a Deus no nosso lugar e com isto nos redime

Se nós nos unirmos a Jesus, se nós nos abraçarmos a esta cruz estaremos abraçando aquele que foi capaz de amar Deus de volta, então estamos salvos e voltamos a comunhão de amor

Nós éramos culpados, veio em um inocente e pagou no nosso lugar

E este inocente amou a Deus.

Por isso a cruz não é punição, a cruz é sacrifício de amor

Ao adorarmos Jesus nesta Sexta feira Santa, lembremos disto: Jesus está se oferecendo em sacrifício de amor e amando de volta esse pai por causa de nossos pecados Porque nós não amamos a Deus , ele amou, e isso nos enche de esperança porque unidos a ele poderemos também amar e ser salvos.

Meditando sobre o sofrimento de Jesus na Cruz, vale a pena ouvir:

“Tudo por causa de um grande Amor”

Sozinhos na multidão



Já te sentiste só, apesar de estares acompanhada de uma multidão?

Numa era de tantos encontros, festas, jantares de amigos e coisa e tal dou por mim a sentir que apesar de acompanhada, acabo por me sentir só. Disfarçados num sorriso amarelo, lá nos vamos contentado com a conversa de circunstância, muitas vezes sem conteúdo, nem sumo, mas que serve o propósito…cortesia. Em jantares de grupo, falamos com os vizinhos do lado, se tivermos a sorte de ter algo em comum. Em determinadas festas, o barulho da música é tal que nem nos podemos dar ao luxo de conversar. Outras vezes, simplesmente estamos sós porque queremos.

Por isso talvez nos refugiemos tanto nos telemóveis e vamos perdendo a capacidade de arrancar boas conversas com quem nos rodeia. Perdemos a coragem de querer saber mais sobre o outro, não só sobre o que faz mas essencialmente o que sente sobre o que faz. Claro está que às vezes fugimos e conversas, ou melhor de pessoas, cuja conversa é sempre penosa de tão egocêntrica que é mas até isso é aprendizagem.

Muitos gostam de estar rodeados de muita gente pois confere um certo estatuto, mas no final da noite resta apenas a aparência porque no interior ficam dúvidas sobre a real amizade de quem nos rodeia.

Com o tempo, vou tendo menos vontade de estar com muita gente, e ganhar o gosto de estar com poucos de cada vez e com eles alimentar uma conversa mais pessoal, alegre, descontraída, daquelas que curam almas mesmo que, para isso, se tenha de remexer em algumas feridas e drenar o mal que nos faz.

E tu amiga, já te sentiste só na multidão?


Raquel Rodrigues

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Semeia com lágrimas, colherás com alegria


Por maior que seja a dor, não deixes de querer viver. Por mais duro que seja o caminho, não deixes de o fazer. Por mais tempo que passe sem que a paciência se revele o seu valor, não deixes de acreditar.

Semeia! Não te permitas um só dia sem dares ao mundo o melhor de ti.

Chora! Porque a verdade das tuas lágrimas te fortalecerá e, ainda que a outros possa parecer fraqueza, bem sabes que só quem não ama é que não sofre, só quem não acredita é que não desespera, só quem já desistiu é que já não tem de lutar.

Semeia com as tuas lágrimas. Não brotarão mais lágrimas, pelo contrário, a tua vida será uma nascente de esperança.

Os caminhos a que somos chamados não são confortáveis, mas nós não fomos criados para o conforto, fomos sim criados para as coisas grandes, para o bem, para semear, ainda que com lágrimas. Um dia será tempo de colher e hão de dançar e cantar todos quantos tiverem semeado a sua vida.

A alegria é uma conquista, porque não há vida sem contrariedades. É preciso que a nossa fé nos faça agir e nos ajude a procurar a terra fértil por entre as pedras. É assim o nosso terreno. Só assim. Sempre assim.

Vale sempre a pena sonhar com a Felicidade, mesmo quando choramos por aquelas felicidades que vamos perdendo.

Ninguém chega ao destino sem fazer a viagem.

A missão que nos é dada não é impossível. É dura, mas o que mais importa é que quem semeia há de colher frutos em abundância.



José Luís Nunes Martins

terça-feira, 15 de abril de 2025

Desejos de alma ( mais ou menos aleatórios)



Ser como um rio de águas calmas, que corre sempre mas devagar.

Estar atenta ao que me rodeia.

Estar em presença e presente.

Ter espírito crítico.

Não ter medo (dizem que é ilusão da mente?!)

Encontrar o verdadeiro propósito.

Viver mais a criança que mora cá dentro.

Fazer a diferença na vida de alguém.

Nunca deixar de sonhar.

Ter mais fé.

"E mais do que ser luz, iluminar caminhos!"

[...]


Lucília Miranda

Lugar seguro...



A felicidade não se vende aos potes.
A felicidade não se encontra nas ilusões que criamos acerca de nós, acerca da vida.
A felicidade não se constrói em cargos, naquilo que os outros esperam e nas máscaras que se vão multiplicando.

A felicidade constrói-se no lugar de regresso à nossa essência.

No caminho que nos leva a um eu de amor; aberto à vida, às emoções, ao outro como um ser em igual evolução.

A felicidade está ligada, sim, a uma ideia de nós próprios de valor, de força, de fé e de coragem.

A felicidade está na ousadia de nos libertarmos das crenças que distanciam a humanidade.

A felicidade está em percorrer caminho, desfrutar da viagem. Abraçar cada momento como um bem único, em movimento e irrepetível.

Precisamos, muitas vezes, de ver fora aquilo que está dentro. Somente apenas, até conseguirmos colocar ordem e entregarmos ao mundo a beleza de cada um.

A felicidade é casa. É paz. Aconchego e proteção. É um lugar seguro, construído dentro de ti.

Boa semana!

Carla Correia

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Domingo de Ramos




Senhor Jesus, Filho de David…

Hoje desejas, ardentemente, comer à minha mesa

Queres que eu tome o fruto da videira e o reparta por todos, todos, todos


Anseias que eu comungue o Pão Sagrado, o Teu Corpo,

em memória de Ti, do Teu Amor infinito


Derramas o Teu Sangue para selar uma nova aliança comigo

e entristeces o tom da Tua voz ao denunciares aqueles que ainda não Te amam


Falas de reis que querem dominar e

exultas aqueles que servem sem hesitar.

Recordas os que sempre estiveram conTigo nas provações e

prometes um Reino semelhante ao que o Pai preparou para Ti.

Advertes aquele que se “agitará na joeira como trigo”,

aquele que irá desfalecer na Fé,

mas será convertido e fortalecerá a Tua Igreja

Envias-me livre e sem alforge a anunciar um mundo de amor


Oras, angustiadamente, e o Teu suor são gotas de sangue.

Pedes ao Pai que afaste de Ti este cálice e

é Te enviado um Anjo como bálsamo e fortaleza.


Perguntas-me porque adormeci.

Porque não rezo conTigo, para não cair na tentação mas, mandas-me levantar.

Aceitas o beijo do traidor

Mandas baixar as espadas

Anuncias a hora das trevas e aceitas o escárnio e a crueldade que Te dominavam

Afirmas que Te irás sentar à direita do Pai

Permaneces em silêncio perante Pilatos

No caminho reconfortas as Mulheres de Jerusalém que choram por Ti

No alto da cruz suplicas o perdão para todos os loucos que não sabem o que fazem

E… nas mãos do Pai… entregas o Teu Espírito


Hoje, eu quero levar-Te assim:

um corpo morto! a todos os que ainda não são silêncio profundo para Te amar.



Liliana Dinis


domingo, 13 de abril de 2025

Procissão de Ramos



O Domingo de Ramos, também conhecido como Domingo da Paixão, representa o grande portal pelo qual entramos na Semana Santa, tempo em que contemplamos os últimos momentos da vida de Jesus: a entrada de Jesus em Jerusalém, acolhido por uma multidão festiva e, portanto, a memória da sua Paixão.

 O Domingo de Ramos oferece-nos uma interpretação da nossa vida e do nosso destino. Todos os nossos sofrimentos e lutos encontram resposta em Jesus: por que sofrer, por que morrer, por que tantas escolhas incompreensíveis para o homem? Diante de todos os nossos interrogativos, Jesus não deu respostas vagas, mas, com a sua vida, Ele disse que está conosco, ao nosso lado, até o fim. Jamais estaremos sozinhos, nas alegrias e sofrimentos, pois Jesus está conosco.

A celebração de hoje requer compreensão, não tanto com palavras, mas com silêncio e oração, entrando em seu sentido com o coração.