quarta-feira, 3 de junho de 2015

Como interpretar a frase “Seja feita a vossa vontade”?


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Descubra o que está por trás de uma das frases mais conhecidas do Pai-Nosso

Para entender o Pai-Nosso, é preciso olhar para Aquele que nos ensinou esta oração. É a sua oração que se torna nossa. Não existe oração mais santa, mais exacta, mais verdadeira que esta, porque ela surge da própria relação que Jesus tem com o Pai no Espírito Santo. Ele não nos passou uma formulação, e sim nos transmitiu o conteúdo do seu diálogo com o Pai. Por isso, a graça destas palavras é imensa, e a riqueza do seu significado, como de cada palavra que sai da boca de Deus, é inesgotável.

Por este motivo, inclusive sua interpretação ao longo da história até o dia de hoje não deixou de interpelar teólogos, exegetas e santos escritores (recordemos os mais antigos e famosos, como Tertuliano, Orígenes, Cipriano, Agostinho, Tomás de Aquino), bem como indivíduos fiéis e pastores. E é bom que seja assim, para que estas palavras não se atrofiem em uma fórmula estereotipada.
Não se pode separar a disposição interior do cristão de sua prática efectiva. Dessa maneira, não se pode simplesmente concordar com o coração e a vontade à vontade divina sem que esta disposição interior tenha uma correspondência em nossa maneira de agir e actuar nas diversas situações da vida.
Que a vontade de Deus se manifeste por meio das diversas circunstâncias da vida – muitas vezes inevitáveis – a torna ainda mais dura de acolher, porque não há nada mais imprevisível e misterioso que as circunstâncias que vivemos e que dificilmente podemos controlar.

No entanto, a Bíblia nos dá testemunho, da primeira à última página, da radical bondade e benevolência de Deus, de uma obstinada e insistente vontade do bem da sua parte, da positiva disposição da criação, da sua vontade de salvar o homem e de favorecer a vida até sua plenitude.

Deus convidou o ser humano a participar dessa vontade do bem desde o início, dando-lhe os meios necessários para realizar este bem. Portanto, somos por natureza orientados à vontade do bem de Deus, para participar e colaborar, junto dele, com a vida.
Mas, desde sua origem, a humanidade também vive uma fractura (que a Bíblia documenta continuamente) entre a própria liberdade e a vontade de Deus, fazendo-as parecer antagonistas, inclusive inimigas. O antigo pecado original está precisamente nesta discrepância entre a vontade humana e a divina, razão pela qual sentimos às vezes que a vontade de Deus é alheia a nós.

Em Jesus Cristo, esta fractura foi consertada, a ferida foi curada, a oposição foi conciliada. E é necessário também ser conscientes de como isso aconteceu. O Evangelho nos mostra o caminho de Jesus em contínua tensão para fazer a vontade do Pai. Não sem dificuldade.
Na graça da comunhão com Cristo, a vontade de Deus se torna familiar (somos filhos!) e nos abre a toda a harmonia do bem, fazendo de nós colaboradores leais do seu plano de amor por toda a humanidade.

Fazer a vontade de Deus, então, não é apenas aceitar as inevitáveis circunstâncias da vida e o seu mistério de bem, mas colaborar, de fato, com todas as nossas forças, com o bem de Deus para a humanidade. É por isso que fomos criados; é por isso também que fomos salvos.

sources: TOSCANA OGGI ( aleteia)

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