quinta-feira, 26 de novembro de 2015

SMARTPHONE COM ARROZ OU MARANHO?



SMARTPHONE COM ARROZ OU MARANHO?

Em tempos, ouvi o testemunho de um casal a dizer que tinha saudades do tempo em que, lá em casa, durante o almoço e o jantar, só havia uma televisão. Era mau, sim, muito mau, mas era só uma televisão. Agora, cada um dos comensais, tem nas mãos uma maquineta que afasta os próximos e aproxima os distantes, mas ninguém está com ninguém. Estando todos, ninguém está. Ninguém fala, ninguém escuta, come-se mal, aumenta o stress, ninguém aprecia o manjar e o trabalho de quem o fez. As relações gelam e o resto vem a seguir e, com muita mais força, se o clube preferido perde sem qualquer glória, no próprio campo, como hoje o FCPorto frente ao Dínamo de Kiev. Uma chatice muito chata!
Na audiência geral de quarta-feira, 11 de Novembro, o Papa Francisco refletiu, precisamente, sobre esta “qualidade característica da vida familiar que se aprende desde os primeiros anos de vida: o convívio, isto é, a atitude a partilhar os bens da vida e a sentir-se feliz por o poder fazer. Partilhar e saber partilhar é uma virtude preciosa! O seu símbolo, o seu «ícone», é a família reunida ao redor da mesa doméstica. A partilha da refeição, além do alimento - também dos afetos, das narrações, dos eventos -, é uma experiência fundamental (…). O convívio é um termómetro garantido para medir a saúde das relações: se em família há algum problema, ou uma ferida escondida, à mesa compreende-se imediatamente. Uma família que raramente faz as refeições unida, ou na qual à mesa não se fala mas se assiste à televisão, ou se olha para o smartphone, é uma família «pouco família». Quando os filhos à mesa continuam ligados ao computador, ao telemóvel, e não se ouvem entre si, isto não é família, é um pensionato (…). E continuou o Santo Padre: “Hoje muitos contextos sociais põem obstáculos ao convívio familiar. É verdade, hoje não é fácil. Devemos encontrar o modo de a recuperar. À mesa fala-se, à mesa ouve-se. Nada de silêncio, aquele silêncio que não é o silêncio das monjas mas o silêncio do egoísmo, onde cada um está sozinho, ou a televisão ou o computador... e não se fala. (…). Quando não há convivência há egoísmo, cada um pensa em si mesmo”.
De facto, digo eu, é muito triste quando se faz do lar uma espécie de restaurante onde há comida a horas e roupa lavada, na indiferença egoísta de quem se sente superior e apenas com direitos!
D: Antonino Dias- 24-11-2015

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