segunda-feira, 30 de julho de 2018
Um dia houve alguém que quis ser Verbo
Um dia houve alguém que decidiu amar tudo e todos. Amava com palavras e gestos. Amava com o seu olhar não deixando ninguém indiferente. Amava abraçando as vidas que se cruzavam consigo.
Um dia houve alguém que era tremendamente apaixonado por tudo aquilo que existia no mundo. Tão apaixonado que levava ao limite a sua entrega pelo Homem.
Não conseguia ficar indiferente a um pedido. Não conseguia ignorar uma doença. Não conseguia passar despercebido perante um ato de desespero. Não conseguia ficar indiferente a quem caía no pecado. Não conseguia não se deixar levar pelos sentimentos.
Era homem divino, mas com um coração de carne. Um coração extremamente humano. Tão humano que o seu primeiro olhar sobre as coisas era deixar-se "compaixonar". Os seus olhos enchiam-se de compaixão e nunca de condenação.
Era homem divino, mas "perdia a cabeça" pelos humanos. Tão perdido pelo Homem que ateimava em corrigir os que andavam perdidos. Tão perdido pelo Homem que não se cansava de ouvir os seus desejos, os seus medos e os seus sonhos. Tão perdido pelo Homem que quis construir com ele o maior de todos os projetos de amor.
Era homem divino, mas completamente cego. Cego por um amor desmedido. Cego por um amor que deixava marcas nas linhas de cada vida. Era um amor cego, mas que podia ser visto e lido por todos.
Um dia houve alguém que era apaixonado pela palavra e decidiu ser ele mesmo a verdadeira Palavra.
Decidiu tornar-se Verbo. Aquele que daria toda a ação. Aquele que daria todo o movimento ao mistério envolvente em cada suspiro.
Um dia houve alguém que decidiu tornar-se Verbo e a conjugação da sua vida era feita diante de todos. A conjugação da sua vida era amar sem medida!
Emanuel António Dias
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