quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Falta-nos ir mais fundo



Falta-nos ir mais fundo. Mergulhar nas águas da nossa história sem medo de enfrentar a escuridão do que não queremos recordar, nem voltar a ser. Tocar bem no fundo do que somos e reavivar a essência que nos define e que somos chamados a colocá-la à tona.

Falta-nos ir mais fundo. Metermo-nos bem debaixo dos caminhos que temos percorrido. Deixarmos que as pegadas se entranhem nesta humanidade sedenta de sentido e alimentada por uma permanente busca. Precisamos de alcançar as profundezas do mundo e deixar que a fé seja a única coisa que nos possa salvar.

Falta-nos ir mais fundo. Falta-nos andar sobre as águas. Percorrer o oceano que nos convida a chegar a onde jamais pensaríamos ter pé. Arriscar nas incertezas sem que a confiança nos possa demonstrar os limites de tal loucura.

Falta-nos ir mais fundo. Respirar bem fundo. Guardar todo o oxigénio necessário para percorrer as marés agitadas de um perdão que ateima em não chegar. Necessitamos de ser mais fortes e deixar que tudo seja restituído nas Suas mãos. Sem que a razão nos oprima ou nos elimine as hipóteses que surgem de uma verdadeira oração.

Falta-nos ir mais fundo. Bem ao fundo daquilo que somos. Precisamos tanto de O ver. Precisamos tanto de nos ver como Ele nos vê. Com um amor de Pai com entranhas de Mãe. Extremamente babado. Renovando, em todos os dias, a esperança de nos ver chegar a Sua casa.

Falta-nos ir mais fundo. Para O vermos com clareza. Num reflexo genuíno deixando que todo o Seu clarão nos possa iluminar. Falta-nos ir mais fundo para que tudo o que vem d'Ele se cumpra em nós.

Emanuel António Dias


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