Não somos tudo de bom. E estaremos muito enganados se acreditarmos que o somos. Viveremos na ilusão que não nos permite caminhar para a realidade daquilo que somos e vivemos. Permaneceremos em permanentes quedas conquistando assim uma vida sem chão. De total incerteza.
Não somos tudo de bom. E isso deve estar bem presente na nossa cabeça. Devemos eliminar essa imagem perfeita e encarar, de frente e corajosamente, as imperfeições que dão forma à nossa humanidade. São elas que nos relembram os limites. São elas que nos mostram a veracidade de tudo o que somos e fazemos.
Não somos tudo de bom. Nunca o seremos (pelo menos enquanto estivermos nesta vida terrena). E tudo isto pode ser duro de aceitar, mas é, sem dúvida alguma, a única forma de nos virmos a aceitar. É a única via autêntica que temos. A única que nos permite ser um pouco melhor em todos os dias da nossa vida.
Não somos tudo de bom, mas isso não impede que não tenhamos o bom, o bem e o belo em nós. Somos bons quando reconhecemos que erramos. Somos o bem quando temos a coragem de pedir desculpa. Somos o belo quando nos olhamos verdadeiramente e seguimos com a certeza de que amanhã será diferente. De que amanhã haverá uma outra oportunidade de sermos tudo de bom.
Não somos tudo de bom. É o que devemos relembrar no nosso pensamento para que não nos finalizemos. Para que não caiamos numa bolha de superioridade e egocentrismo. Não somos tudo de bom e isso não tem de ser mau. Deve inquietar-nos. Mover-nos. E levar-nos a para bem mais longe!
Não somos tudo de bom. Até ao dia em que (o) seremos totalmente...
Emanuel António Dias
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