Nem sempre conseguimos estar bem e nem sempre conseguimos ser luz. Pedem-nos muito, a todos os instantes. Pedem-nos que estejamos bem. Que saibamos ser produtivos e, ao mesmo tempo, bem-dispostos. Que saibamos lidar com os desafios de todos os dias e que nos consigamos adaptar estoicamente às maiores estranhezas que a vida pode trazer.
Falamos pouco sobre não estar bem. Vamos andando e empurrando os sofrimentos com a barriga. Ou com os braços. Ou com o coração. Mas a verdade é que não conseguimos estar bem, sempre. E nem sempre temos quem nos diga isto: todos os sentimentos são legítimos, até a tristeza. Até a vontade de não fazer nada. De nos deixarmos render.
Depois de dois anos a enfrentar uma pandemia, junta-se a nós o fantasma da guerra. Um fantasma que nos despiu de todas as certezas, de todas as razões e argumentos que rimavam com bom senso e com tranquilidade.
Que havemos de fazer com tudo isto? Como é que lidamos com esta angústia que se cola às paredes de tudo o que somos e que não nos deixa encontrar aquela esperança bonita que nos faz ser nascer do sol?
Será diferente para cada um, mas talvez ajude começar por aceitar que podemos não estar bem. Que podemos chorar. Que podemos deixar-nos emocionar com a loucura dos acontecimentos recentes. Podemos sentir que nada disto faz sentido e, mesmo assim, encontrar motivos para continuar a procurar alegria em cada dia.
Há muitos anos, em 1917, houve uma Senhora vestida de Luz e de Sol que apareceu a três crianças pobres e pequeninas (agora Santas) e disse-lhes:
“Rezem o Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra”
A minha fé diz-me que é isso que podemos fazer. Acreditar que tudo é cíclico e que estamos, neste momento, a viver as mesmas dificuldades que se viveram há duzentos anos. A solução é a mesma. Rezar. Confiar. Ter fé no Coração mais bonito que existe no Céu e que, mesmo estando no Alto, continua a saber abraçar a terra.
Marta Arrais
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