sexta-feira, 25 de março de 2022

Enviado do Papa ao Ato de Consagração traz «imagem do povo martirizado na Ucrânia»

Cardeal Konrad Krajewski pede que todos se associem à iniciativa de oração pela paz, dando lugar ao silêncio



Lisboa, 24 mar 2022 (Ecclesia) – O enviado do Papa a Fátima, para o Ato de Consagração da Rússia e da Ucrânia que vai acontecer esta sexta-feira, disse hoje trazer consigo a imagem do “povo martirizado” pela guerra.

“Esta minha viagem é muito silenciosa, no âmbito religioso, também um pouco triste, porque estive na Ucrânia, vi o que ali acontece, portanto, trago esta imagem do povo martirizado na Ucrânia”, referiu o cardeal Konrad Krajewski, em declarações à Agência ECCLESIA e Renascença, após uma audiência com o cardeal-patriarca de Lisboa.

O colaborador do Papa vai presidir, em ligação ao Vaticano, à cerimónia de consagração que tem início às 16h00, na Capelinha das Aparições.

“Tudo isto vem do texto de consagração que o Santo Padre preparou, aí saberemos tudo. É um texto muito rico, penso que foi redigido na oração. Não gostaria de o comentar: hoje, no mundo, usamos muitas palavras, podemos dizer que é um bombardeamento de palavras”, indicou o cardeal polaco.

D. Konrad Krajewski, que esteve na Ucrânia para manifestar a solidariedade do Papa, neste mês de março, sustentou que o “silêncio deve falar, deixemos tudo nas mãos deste gesto celebrativo, de Consagração, de sexta-feira, para que todo o mundo se una”.

“Todos os bispos do mundo, precisamente no mesmo dia, no mesmo horário, farão esta consagração ao Imaculado Coração de Maria. E isto já diz tanto. Penso, assim, que se justifica que mantenha este silêncio”, acrescentou.Reprodutor de 

Já D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, destacou o simbolismo do ato desta sexta-feira, ligando-o ao “triste significado” da guerra e do sofrimento humano, com o “perigo que tudo isto representa”, não só para as vítimas do conflito mas também para toda a humanidade.

“É tal o tamanho de grandeza negativa do que acontece na Ucrânia que tem de ser superado por uma grandeza ainda maior, não só da colaboração de tanta gente, que lá vai ou que lá está e que ajuda como pode”, referiu.

O patriarca de Lisboa falou na importância de pedir a “colaboração do próprio Deus” para as pessoas de fé, “num lugar tão significativo como é Fátima, há mais de um século, como resposta aos sofrimentos e tantas dores que assolam o mundo”.

D. Manuel Clemente recordou que as aparições aconteceram no contexto da I Guerra Mundial, passou por “tantos outros conflitos” que se lhe sucederam.

“É um polo que concentra toda esta vontade de superar os conflitos na sua raiz, que realmente são os corações humanos”, observou.


Foto: Patriarcado de Lisboa/Filipe Teixeira

O cardeal comentou a presença da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima na Ucrânia, recordando uma ligação ao Leste da Europa, “logo desde o princípio”, como tem sido sublinhado pelos “sucessivos Papas”.

“A consagração, como ato religioso, é algo constante na vida dos cristãos. Depois, ganha amplitude quando se refere a nações, a povos. Agora é, mais uma vez, a altura para o fazer, para lembrar que, problemas tão grandes, para nós religiosos, devem resolver-se na raiz, ou seja, em Deus”, concluiu.

O Papa vai rezar esta sexta-feira para que a humanidade seja preservada da “ameaça nuclear”, durante o Ato de Consagração a que vai presidir no Vaticano, em ligação à Cova da Iria, invocando a paz, particularmente na Ucrânia e Rússia.

“Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear”, refere o texto da oração de consagração ao Imaculado Coração de Maria.

A cerimónia na Basílica de São Pedro tem início marcado para as 17h00 (menos uma em Lisboa), durante a tradicional celebração penitencial de Quaresma a que o Papa preside, incluindo um momento de confissões.

A consagração vai decorrer, simultaneamente em Fátima com a recitação do Rosário, incluindo mistérios em russo e ucraniano.

“O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria”, refere a oração que vai ser proferida pelo Papa, em união a todos os bispos e padres dos cinco continentes, convidados a participar neste ato solene.

OC

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