quinta-feira, 7 de julho de 2022

O que virá depois da vida?



O que virá depois da vida? Certamente todos nós já nos questionamos sobre isto. Uns mais, outros menos. E alguns, infelizmente, por diversas razões, desenvolveram alguma patologia por viverem esta pergunta de forma tão intensa que acabou por afetar a sua forma de estar e de viver a vida.

A verdade é que independentemente do avanço que tenhamos, enquanto sociedade, nunca saberemos lidar com a perda. Durante a vivência dos nossos dias esta realidade e esta certeza pode andar disfarçada ou até adormecida (e ainda bem, pois o peso de pensarmos constantemente na perda não nos permitiria saborear a vida), mas a verdade é que quando confrontados com ela não sabemos reagir muito bem. Quando vivemos a perda de quem realmente amamos a vida parece não poder ser classificada como vida.

Naqueles que vou acompanhando de perto é notório tudo isto que acabo de mencionar. Está sempre bem presente toda a dor e saudade de ver partir alguém que um dia deu tanto significado, brilho e cor às suas vidas. No entanto, é também belo e gratificante testemunhar o amor dos que partiram. Um amor que fica inscrito na história. Na carne de cada um/a.

O que virá depois da vida? Não sei. E se calhar nunca saberei, mas sei que há vida depois de perdermos a vida dos que amamos. E como é que o sei? Sei porque os que partiram deixam a sua marca nos olhos dos que os amam. Sei porque os que partiram deixam o registo da sua passagem em histórias de partilha e comunhão. Sei porque os que ficam continuam a falar de como valeu a pena tudo o que vivenciaram. Sei porque o amor tem a capacidade de se eternizar mesmo diante da dor e da saudade.

O que virá depois da vida? Não sei, mas sei que durante a nossa passagem por ela continuamos a ter um cheirinho da eternidade quando nos amamos, nos unimos e nos doamos por completo aos outros.

O que virá depois da vida? Que esta pergunta seja reflexo dos nossos dias para que, através do que somos e fazemos, consigamos viver intensamente com aqueles que nos são tudo!

Emanuel António Dias


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