Cada vez estou mais ciente que a evangelização passa pelo testemunho de vida. Imitando São Bento, que ontem celebramos, é pela oração e pelo trabalho que mostramos ao mundo quem somos e em quem acreditamos.
Nos últimos tempos, tenho sido abordado por alguns conhecidos e amigos no sentido de os desenrascar nos critérios e formações para serem padrinhos de Batismo, Crisma ou Matrimónio. Se num passado recente, procurava encontrar formas ou pessoas que simplificassem os processos, hoje começo por questionar estes futuros padrinhos, pelos motivos pelos quais aceitaram esses encargos. Se é uma questão social, familiar ou de simples amizade? Se sabem o que é ser padrinho/madrinha de um sacramento católico? Depois enveredo pela coerência de vida. Que mensagem passam aos pais, amigos ou familiares? Como é que os próprios afilhados olharão, mais tarde ou mais cedo, para o testemunho dos padrinhos?
Num mundo em que andamos acelerados, constantemente estimulados para uma realidade sempre, e cada vez mais, imediata, e por vezes, mesmo mediata. Precisamos de momentos, tempos de reflexão, para que encontremos a coerência entre o que se diz defender e o que se vive!
Numa sociedade cada vez mais egoísta e egocêntrica, precisamos de luzeiros que nos deem segurança no caminho que trilhamos dia após dia. Creio que começamos a estar cansados de luzes que são apenas aquele estrondo do momento, mas que nada mais iluminam que eles mesmos.
A oração e o silêncio podem ajudar-nos a a encontrar as razões para todo o nosso trabalho.
«Mestre, que hei de fazer para receber como herança a vida eterna?»; «O que teve compaixão dele.» (cf. Lc 10, 25-37)
Compaixão, no dicionário Priberam diz que é um "Sentimento benévolo e solidário que inspira em alguém a infelicidade ou o mal alheio; sentimento de partilha do sofrimento de outro ou outros". Só com estes sentimentos que a oração nos capacita, é que podemos aproximar-nos dos outros para tratar deles. Tudo o resto é teatro!
Esta é a única forma de nos evangelizarmos e de evangelizar os outros.
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