Um dos biblistas que comentam esta página, Joseph A. Fitzmyer, não tem dúvidas: «o que se pretende indicar [com a viagem apressada de Maria] é a sua reação ao que o mensageiro celeste acaba de lhe comunicar». O acolhimento do dom de Deus que lhe foi comunicado mexe com a sua vida, altera a sua rotina, sugere-lhe que vá além. O sim de Maria é dinâmico. A sua partida é assim consequência de uma experiência de amor e de fé conscientemente iniciadas. A viagem constitui uma forma clara e comprometida de resposta.
Com Maria, aprendemos que se nos levantamos e partimos é porque primeiro Deus vem ao nosso encontro. Por muito que isso nos pareça surpreendente, Ele entra na nossa história. O contato com o Seu amor incondicional, a Boa Nova desse amor é a experiência que deve preceder tudo.
Quando Maria se levanta e parte o que é que descobre? Descobre a beleza do protagonismo de Deus na história. Como lhe diz Isabel, ela é de fato feliz porque acreditou. Maria relê toda a sua história e a história do seu povo como uma história de salvação, onde é possível notar a cada momento a fidelidade de Deus. E, por isso, Maria pode cantar no seu cântico de louvor a desfatalização da história que Deus opera através do Seu Filho. Temos razões para crer. Temos razões para cantar.
Que a urgência que apressou o passo de Maria deflagre também em nós como uma alegria que cresce e que já nada pode travar.
Termino com palavras do comentário de Santo Ambrósio à cena da Visitação. Santo Ambrósio escrevia: «Vede bem que Maria não duvidou… e por isso obteve o fruto da sua fé. Feliz és tu porque acreditaste. Mas felizes sereis também vós se tendo ouvido, acreditardes. Pois cada alma que acredita, concebe e gera o Verbo de Deus».
É essa agora a nossa tarefa.
Cardeal D. José Tolentino Mendonça
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