domingo, 31 de dezembro de 2023

E se o Natal for tudo isto?


E se o Natal for um recomeço? Talvez este seja o seu significado. E, assim, não nos dedicamos a festejar o que já aconteceu, mas sim aquilo que pode vir a acontecer. Se o Natal for um recomeço, então este tempo é uma oportunidade para festejarmos o que ainda podemos vir a ser. Se o Natal for um recomeço, então andamos a brilhar de esperanças.

E se o Natal for uma eterna novidade? Talvez o Natal seja o tempo em que nos dedicamos ao velho para podermos abraçar o novo. Se o Natal for uma eterna novidade, então andamos a festejar a possibilidade de nada ser dado por terminado. Se o Natal for uma eterna novidade, então andamos a celebrar a certeza de que haverá sempre algo para descobrir em nós, nos outros e em Deus.

E se o Natal for para dar espaço? Talvez o Natal seja a altura ideal para revisitarmos as nossas sombras. Se o Natal for para dar espaço, então andamos a festejar a nossa inteireza. Se o Natal for para dar espaço, então andamos a celebrar a alegria de sabermos que Deus encarna em toda a nossa história. Se o Natal for para dar espaço, então andamos a rejubilar pela novidade de saber que não há nada na nossa história que não possa ser abraçado por este Deus que quer estar connosco.

E se o Natal for para contemplar? Talvez este seja o grande convite desta época. É o tempo onde devemos treinar o nosso olhar. Se o Natal for para contemplar, então é a altura de olharmos com atenção aqueles a quem ninguém permite recomeçar. Se o Natal for para contemplar, então é chegada a hora de olharmos, sem julgamentos, para os que andam em busca. Se o Natal for para contemplar, então talvez tenha chegado o tempo de percebermos que Deus nos visita através dos inesperados, dos últimos, dos que ninguém espera.

E se o Natal for tudo isto? Talvez o Natal seja tudo isto. Um tempo onde o recomeço nos encaminha para esta novidade: a de a nossa vida ganhar espaço na contemplação do que somos e, dessa forma, descobrirmos onde nasce, todos os dias, este Deus-Menino. Este Deus que não se cansa de querer estar connosco.


Emanuel António Dias

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