segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

SOLENIDADE DE SANTA MARIA, MÃE DE DEUS - Dia Mundial da Paz

                                             N1503 Mae de Deus (youtube.com)


Oito dias depois da celebração do Natal de Jesus, a liturgia convida-nos a olhar para Maria, a mãe de Deus (“Theotókos”), solenemente designada com este título no Concílio de Éfeso, em 431. Com o seu “sim” tornou possível a presença de Jesus nas nossas vidas e no nosso mundo.

Mas este dia é também o primeiro dia do ano civil: é o início de uma caminhada que queremos percorrer de mãos dadas com esse Deus que nos ama, que nos abençoa e que conduzirá os nossos passos, com cuidado de Pai, ao longo deste Ano Novo.

Também celebramos o Dia Mundial da Paz: em 1968, o Papa Paulo VI propôs aos homens de boa vontade que, no primeiro dia de cada novo ano, se rezasse pela paz no mundo. Hoje, portanto, pedimos a Deus que nos dê a paz e que faça de cada um de nós testemunha e arauto da reconciliação e da paz.

As leituras que a liturgia deste dia nos propõe abraçam esta diversidade de temas e de evocações.

A primeira leitura
oferece-nos, através de uma antiga fórmula de bênção, a certeza da presença contínua de Deus ao nosso lado nos caminhos que percorremos todo os dias. Ele será sempre para nós fonte de Vida e de paz.

Temos à nossa frente um novo ano. Não sabemos, para já, o que ele nos trará… Provavelmente conheceremos, nesta nova etapa, as vicissitudes que são inerentes à nossa condição humana: alegrias e tristezas, esperanças e desilusões, encantos e desencantos, momentos de festa e momentos de desânimo… Mas, no meio de tudo isso, de uma coisa podemos estar seguros: não caminhamos sozinhos, abandonados à nossa sorte. Esse Deus que conduz a história dos homens, que nos criou com amor e que sempre se interessou pela nossa vida e pela nossa história, vai continuar a olhar para nós com o olhar terno de um Pai e o sorriso amoroso de uma Mãe; vai, em cada dia, consolar o nosso coração e guiar-nos em direção à Vida. Esta certeza deve acompanhar-nos em cada passo deste caminho que hoje começa.

É de Deus que tudo recebemos: vida, saúde, força, amor e aquelas mil e uma pequeninas coisas que enchem a nossa vida e que nos dão instantes plenos. Tendo consciência dessa presença contínua de Deus ao nosso lado, do seu amor e do seu cuidado, somos gratos por isso? No nosso diálogo com Ele, sentimos a necessidade de O louvar e de Lhe agradecer por tudo o que Ele nos oferece? Agradecemos todos os dons que Ele derramou sobre nós no ano que acaba de terminar?

Na segunda leitura
evoca-se o amor e o cuidado de Deus, mil vezes manifestados na história dos homens. Ele enviou o seu Jesus ao nosso encontro para nos libertar da escravidão e para nos tornar seus “filhos”. É nessa situação privilegiada de “filhos” livres e amados que podemos dirigir-nos a Deus e chamar-lhe “abbá” (“papá”).

A constatação de que somos “filhos” de Deus leva-nos a uma outra constatação fundamental: estamos unidos a todos os outros homens – “filhos” de Deus como nós – por laços fraternos. É a mesma vida de Deus que circula em todos nós… O que é que esta constatação implica, em termos concretos? A que é que ela nos obriga? Faz algum sentido marginalizar os nossos irmãos por causa da sua raça, estatuto social, ideologia, ou qualquer outra diferença? Sentimos que aquilo que acontece aos outros nossos irmãos – de bom ou de mau – é algo que nos diz respeito? Sentimo-nos responsáveis por cada pessoa que Deus colocou no nosso caminho?

O Evangelho
mostra como a presença de Deus na nossa história é fonte de alegria e de esperança para todos os homens e mulheres, mas particularmente para os pobres e os marginalizados. Sugere ainda que Maria, a mãe de Jesus, é o modelo do crente que, em silêncio e sem espalhafato, acolhe as propostas de Deus, guarda-as no coração e deixa-se guiar por elas.

É bem singular a lógica de Deus na sua aproximação ao mundo e aos homens… Ele não apresenta o seu “cartão de visita” aos poderosos e influentes, mas sim a uns pobres pastores de fama duvidosa. Os que estão em primeiro lugar, no coração paterno e materno de Deus, são aqueles filhos que mais necessitam de ternura e de amor. No nosso mundo aumenta todos os dias o imenso cortejo dos homens e mulheres descartáveis, para os quais não há lugar à mesa da dignidade e da abundância; a cada instante há mais irmãos nossos arrumados em campos de refugiados, sem perspetivas nem futuro; a cada passo há mais seres humanos esquecidos e desamparados, sem cuidados e sem amor. Nós, os que conhecemos a lógica de Deus e do seu amor seremos peças desta engrenagem de indiferença e de sofrimento? Podemos aceitar que o mundo se construa deste jeito? Que podemos fazer pelos nossos irmãos e irmãs que não têm vez, nem voz, nem direitos, nem vida?

Maria, a mãe de Jesus, guardava todas estas coisas “e meditava-as no seu coração”. Guardava-as porque não é possível olvidar os gestos incríveis que traduzem o amor e a bondade de Deus pelos seus filhos e filhas; meditava-as porque queria percebê-las plenamente e conformar a sua vida com o projeto de Deus. No meio da agitação, do ruído, das correrias destes dias, temos conseguido reservar momentos para guardar, meditar e tirar conclusões desta história extraordinária que é Deus vir ao encontro dos homens para lhes oferecer a salvação e a paz?

https://www.dehonianos.org/

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