sábado, 20 de janeiro de 2024

A Era do descartável.


Querida amiga, sinto que nos desapegamos muito rápido das coisas ou melhor das pessoas. Confesso que também sou um pouco assim! Aceito que na minha vida surgem pessoas, e outras desaparecem, ou seja, reconheço que algumas pessoas não vão estar na minha vida de modo permanente. Não quer dizer que não são, ou foram, importantes apenas que estiveram mais próximas num certo momento da minha vida e por certos períodos se afastam, pelas mais diversas razões, mas que isso não implica deixarem de ser importantes. Mas não são todas! Algumas pessoas são mesmo insubstituíveis, incomparáveis e fazem-nos falta… SEMPRE!

No entanto, assombra-me uma outra ideia mais triste: é sermos descartáveis. Que apenas servimos para cumprir uma certa missão e depois… vem outra pessoa.

Somos muito facilmente substituídos, e ainda bem que somos, mas não seria melhor disfarçar este facilitismo e dar valor a quem sai. Não falo em hipocrisia mas em cortesia, simpatia e educação. Quando me envolvo em projetos gosto de dar o meu melhor e não estou habituada a desistir de nada, mas recentemente fiz isso e senti-me muito mal... mas fez-me bem.

Por um lado tinha de libertar pesos e tive a coragem de reconhecer que não sou tão forte como achava.

Por outro, foi uma lição de humildade pois reconheci que “não conseguia” e senti-me julgada e avaliada pelos outros, ou seja, numa posição que, por norma era eu que estava. E se achava que as pessoas reconheciam o meu trabalho, passei a sentir que na prática isso não é assim tão importante até porque” o espetáculo tem de continuar”. Afinal, não és assim tão importante nem digna de melhores considerações!

Sair de algo, abdicar de uma tarefa, não é um processo fácil e acho que as pessoas não cultivam a empatia de se esforçar por tecer algumas palavras simpáticas para, pelo menos, atenuar o desconforto que quem assume que não consegue. (Somos prontos a criticar e pobres a reconhecer.)

E o resultado? No meu, senti-me descartada!

Senti que todo o meu empenho, esforço e dedicação foi abafada pelo “desistiu”, "que pena vem outro” ou “vemo-nos por aí”.

E é assim que ficamos, e se calhar é assim que tem de ser, sem honras de estado, nem grandes despedidas. Se calhar sim, mas sabe tão mal.

E tu amiga, já alguma vez te sentiste descartada?


Raquel Rodrigues

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