Aproximamo-nos do Natal e apercebemo-nos de que a estrela brilha menos. O menino Jesus está ferido. Embrulhado em panos ensanguentados que rimam com as guerras que gritam pelo mundo fora. Chora pela Paz, este menino. Pede que olhemos para ele com olhos de quem quer resolver tudo. Com a promessa de que o embalaremos mesmo quando rebentarem bombas. Mesmo quando as mães gritarem pelos filhos que não voltam a ver.
O Menino nasce outra vez para nos fazer nascer também. Para nos lembrar do pouco que temos feito e do tanto que falta, ainda, fazer.
Nasce outra vez e renova em nós uma esperança a estrear, que teimamos em queimar, derreter e desmerecer.
Quantas vezes mais será necessário que este Menino torne à vida para fazer a nossa valer a pena?
Quantas vezes mais nos vamos distrair do Natal da verdade e da Luz e teimar em enterrar o coração em superficialidades de luzes que nunca brilharam ou brilharão?
Quantas vezes mais tem o Menino que morrer em Gaza, em Israel, na Rússia, na Ucrânia, no Sudão ou em Cabo Delgado? Quantas vezes até lhe prestarmos atenção? Até deixarmos de virar a cara e de distrair a vida com embrulhos de presentes e comida desperdiçada?
Temos sorte porque este Menino não se cansa de nascer, de ser Luz, de viver por nós e para nós.
Ainda vamos a tempo de o consolar. De lhe limpar o sangue do coração e da alma. Ainda vamos a tempo de fazer as pazes. De levantar as bandeiras brancas da paz. De fazer melhor antes do ano acabar. Ainda vamos a tempo de fazer o bem. De ser mais bondosos e tolerantes e de ousar erguer a bandeira da gentileza onde se erguem armas e granadas de solidão.
O Menino vai voltar a nascer para ti. E tu, vais querer nascer para Ele?
Marta Arrais,
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