A primeira leitura, a partir de um episódio ocorrido enquanto o Povo de Deus caminhava pelo deserto do Sinai, convida-nos a reconhecer e a acolher a ação do Espírito de Deus no mundo e na vida dos homens, mesmo quando essa ação se concretize através de pessoas que nos parecem “improváveis”. O verdadeiro crente aceita sempre a iniciativa de Deus, seja como for que ela se apresente, e acolhe-a com um coração agradecido.A constatação de que ninguém tem o exclusivo do Espírito convida-nos a pôr de lado qualquer atitude de fanatismo, de intransigência ou de intolerância face às perspetivas diferentes com que somos confrontados. Os preconceitos, os tiques autoritários, as condenações à priori, os julgamentos apressados, os rótulos que colocamos nas pessoas, podem ser maneiras de amordaçar o Espírito. Como lidamos com as opiniões e perspetivas que não coincidem com a nossa forma de ver as coisas? Conseguimos abordar cada opinião diferente sem preconceitos, dispostos a perceber o ponto de vista do outro?
No Evangelho Jesus desafia os discípulos a porem de lado os interesses pessoais e de grupo e a viverem na lógica do Reino de Deus. Exorta-os a não serem uma comunidade fechada, sectária, intransigente, ciumenta, arrogante, e a acolherem de braços abertos todos aqueles que se dispõem a trabalhar por um mundo mais humano e mais livre; exorta-os também a não excluírem da dinâmica comunitária os pequenos e os pobres; pede-lhes, finalmente, que arranquem da própria vida todos os sentimentos e atitudes que são incompatíveis com a opção pelo Reino.O apelo de Jesus à sua comunidade no sentido de não “escandalizar” (afastar da comunidade do Reino) os pequenos, faz-nos pensar na forma como lidamos, enquanto pessoas e enquanto comunidade, com os pobres, os humildes, as crianças, os mais vulneráveis, aqueles que têm uma fé pouco consistente, aqueles que a vida marcou negativamente, aqueles que a sociedade marginaliza e rejeita… Eles descobrem, connosco, a alegria de integrar a comunidade de Jesus, ou o sofrimento de serem rejeitados, incompreendidos e magoados?
Na segunda leitura, um “mestre” cristão do séc. I, previne os crentes de que apostar a vida nos bens materiais é um mau negócio: eles desaparecem e não asseguram Vida definitiva. De resto, a obsessão com os bens materiais é fonte de injustiças e de sofrimento; e Deus nunca abençoará quem, por cobiça e ambição, explora e fere os seus irmãos.A obsessão com os bens materiais pode fazer-nos esquecer uma coisa fundamental: os bens vêm de Deus e são colocados por Deus à disposição de todos os seus filhos. Servem para que todos os filhos e filhas de Deus – e não apenas algumas – tenham uma vida digna. Trabalhamos para ter os bens necessários para viver, e isso está certo. Mas quando nos deixamos levar pela tentação de acumular mais do que o necessário, estamos a sonegar recursos que se destinam a todos. O açambarcamento egoísta de bens é uma injustiça que se dirige contra os outros filhos e filhas de Deus. Estamos conscientes disso? Estamos disponíveis para partilhar o pouco ou o muito que temos para que todos tenham o necessário para viver dignamente?
- Os discípulos manifestam ciúmes diante daqueles que não os seguem e realizam milagres. Que lugar ocupa o ciúmes em minha vida? - Em nosso meio o ciúmes às vezes se manifesta? - E se em nosso meio alguém manifesta mais talentos que nós? - Temos ciúmes de alguém que faz o bem mais que nós? - Nossa comunidade é fechada em si mesmo ou é acolhedora?
ttps://www.dehonianos.org/
Sem comentários:
Enviar um comentário
Este é um espaço moderado, o que poderá atrasar a publicação dos seus comentários. Obrigado