Padre Bernard Kinvi arriscou a vida para salvar milhares de muçulmanos perseguidos
Padre Kinvi agiu de acordo a corresponder à sua vocação: “quando me tornei sacerdote, prometi servir os doentes, mesmo à custa de colocar minha vida em risco. Eu disse, mas não sabia realmente o que isso significaria. Quando, porém, chegou a guerra, entendi bem o que queria dizer arriscar a vida. Ser padre não é somente dar a bênção. É muito mais: significa estar ao lado daqueles que perderam tudo”.
Uma história contagiante
A história do padre Bernard Kinvi, contada no jornal inglês The Guardian (13 de Novembro), é literalmente contagiante, a partir do seu gesto misericordioso: o padre católico arriscou a vida para salvar centenas de muçulmanos que vivem na África Central, “onde, até poucos meses atrás, os rebeldes islâmicos Seleka, muitas vezes apoiados pela população muçulmana local, caçavam os cristãos. Logo em seguida, foram eles que passaram a ser caçados pelos anti-balaka, uma milícia local animista” (Tempi, 18 de novembro).
A força da misericórdia
Padre Kinvi, 31 anos, chegou a proteger até 1.500 muçulmanos (aqueles que antes o perseguiram), nunca dividindo sua população segundo o esquema perseguidores/perseguidos. Mês após mês, o missionário da ordem de São Camillo de Lellis conseguiu transferir todos os muçulmanos que precisavam de ajuda para Camarões, onde estariam seguros. Fez isso com a ajuda dos próprios anti-balaka, de uma certa forma “contagiados” pelo seu comportamento de amor e dedicação ao próximo. “Passei semanas cuidado pelos anti-balaka. Um dia precisava retirar os refugiados. Um grupo de pessoas me ajudou a fazê-los subir no caminhão. Muitos tinham o talismã no pescoço. Eram milícias, mas naquele dia me ajudaram”, declarou o sacerdote. Até mesmo os
cristãos locais foram contagiados pelo comportamento do Padre Kinvi: “No início os anti-balaka matavam todos os muçulmanos, um a um. Depois o povo começou a protegê-los até que eles pararam de matá-los. Levaram até mim muitos muçulmanos para que eu os defendesse, e muitos cristãos os esconderam em suas casas, arriscando a vida".
Prêmio Human Rights Watch
Os esforços do sacerdote camiliano foram reconhecidos este ano pelo Human Rights Watch, que lhe atribuiu o prêmio Alison Des Forges. O reconhecimento é dado a pessoas “de valor que arriscam suas vidas para libertar o mundo de abusos, discriminação e opressão”. Porém, o padre Kinvi não fez tudo isso buscando reconhecimento ou prémio, mas apenas pela fidelidade total a sua vocação.
CORRADO PAOLUCC
( aleteia.org)
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