Os antigos mestres do deserto tinham um método para recuperar a consciência do amor de Deus, fonte de paz
As pessoas estressadas caminham rumo ao abatimento. O Journal of Clinical Psychological Science advertia, após um estudo, acerca das consequências nocivas de permanecer “rumiando” os acontecimentos negativos, porque acabaremos obcecados pelo que saiu mal antes de buscar soluções aos problemas.Os pesquisadores também afirmaram que certas situações estressantes, inadequadamente tratadas, impossibilitam as ações necessárias para combater as formas de pensar repetitivas, carregadas de pessimismo, chamadas de “catastróficas”, e os comportamentos impulsivos que vêm de crenças errôneas.
Atualmente, em nossas culturas, muitas vezes se perde de vista a dimensão espiritual da pessoa, enfatizando-se mais o âmbito psicológico e orgânico. Sem dúvida, a realidade do estresse tem uma dimensão psicológica importante, que muitas vezes precisa de um tratamento terapêutico adequado, mas isso não significa ignorar a dimensão espiritual da pessoa.
As implicações do estresse vão muito além das suas consequências psíquicas, e por isso é preciso levar em consideração o notável impacto do excesso de estresse na vida espiritual.
Isso já foi identificado na antiguidade cristã, cuja espiritualidade favorecia a paz centrada na segurança do amor de Deus, antes que nas evasões e no autoengano.
Estar aflito não é ruim?
Nas bem-aventuranças, o Senhor Jesus vai ao encontro dos abatidos. Entre os que se reuniram para escutá-lo naquela montanha da Galileia, abundavam pessoas sofredoras: pobres, famintos, temerosos, doentes, desprezados, perseguidos.
Certamente, Jesus não estava em capacidade de oferecer-lhes bens materiais, porque era pobre. Tampouco possuía uma solução imediata para cada uma das suas angústias. Mas lhes anunciava: “Felizes os que choram, porque serão consolados!” (Mt 5, 5).
Refletindo sobre aquela sentença, o Papa emérito Bento XVI se perguntou se era bom estar aflito, inclusive se era desejável denominar “bem-aventurada” a desolação.
No entanto, Jesus estava ensinando com paradoxos. No monte, falava a pessoas que haviam perdido a esperança e que possivelmente já não confiavam no amor e na verdade, situação que abate e destrói o homem por dentro. O Santo Padre também destacava que, entre eles, havia pessoas ansiosas pela verdade. Outros estavam aflitos pelas suas imperfeições, desejando mudar.
Jesus se oferece a eles, com seu testemunho de esperança e reconciliação. Mateus menciona aquele convite: “Vinde a mim todos vós que estais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei” (Mt 11, 28). O Senhor manifesta que Deus está compartilhando nossa vida. Ele nos fala enviando seu Filho amado! “Deus não pode padecer, mas pode compadecer-se”, afirmava São Bernardo.
São Paulo indicava como ideal a obtenção da paz interior, que contrastava com a confusão e o autoengano, favorecedores da ansiedade. Para o Apóstolo, era claro que Deus deseja que as pessoas vivam em paz (cf. 1 Cor. 14, 33).
Mas, como grande conhecedor do espírito humano, São Paulo entendia muito bem suas contradições, razão pela qual insta os cristãos a trabalhar para obter a paz da alma, que está em sintonia com a salvação (cf. Rm 15, 13).
Esta paz, fundada na abnegação, na virtude e na entrega generosa, contém a renúncia à discórdia; em concreto, a rejeição das controvérsias inúteis que ofuscam o coração e obscurecem a verdade (cf. 2 Tm. 2, 23). Ao contrário, São Paulo favorece a escuta, a compaixão e a oração.
Os antigos monges do Egito recomendavam a confrontação das crenças e comportamentos opostos ao Evangelho. Incentivavam a paciência, que abre o amplo horizonte da esperança, educando-nos na visão da eternidade.
(cont.)
sources: CENTRO DE ESTUDIOS CATÓLICOS
sources: CENTRO DE ESTUDIOS CATÓLICOS
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