quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Como o estresse afecta a vida espiritual e como combatê-lo?( cont.)

Os antigos mestres do deserto tinham um método para recuperar a consciência do amor de Deus, fonte de paz


Também ensinavam que a oração constituía o caminho da graça santificante para enfrentar vícios capitais, como a preguiça, causantes de angústias maiores. Entendida geralmente como “desânimo”, a preguiça suscitava gravíssimas dificuldades morais e espirituais, particularmente a perda da consciência do amor de Deus.

No século IV, Santo Antônio Anacoreta, pai do monacato egípcio, descreveu certos estados perturbados pelo excesso de preocupação.

Para o santo monge, as apreensões espirituais desatavam desordens interiores, bem como temores, pensamentos confusos, abatimento, desânimo, evasão dos exercícios ascéticos, aflições, apegos desordenados, medo exagerado da dor e da morte, instabilidade de caráter, inquietação diante da virtude e inclinação ao pecado.

Evagrio Póntico (345-399), teólogo e místico do monacato primitivo, advertia que a pessoa podia lidar com “estressores”, mas não lhe era possível carregar o tempo inteiro memórias negativas, rancores, medos, culpas, ansiedades e frustrações.

Inclusive semelhante estado de desesperança poderia transformar-se em um vício habitual, a ponto de destruir a vontade e adoecer o espírito. Evagrio fazia referência à importância da memória, porque entendia que as lembranças nocivas podiam facilmente arrancar-nos da paz e “cansar-nos” das coisas de Deus.

Os antigos mestres do deserto praticavam a presença de Deus, a chamada “meme Theos”, que gera serenidade, esperança e paz.

Os monges também rezavam a oração do Nome de Jesus: “Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus, tende piedade de mim, pecador”, um método de oração que tinha, entre outras finalidades, a de incentivar uma oração contínua e recuperar a consciência do amor de Deus, ensinamento primordial de Jesus Cristo.

Voltando ao entardecer diante do oceano, acaso o Senhor Jesus não se recolhia na tranquilidade da solidão, próximo ao Mar da Galileia, para orar ao Pai? (cf. Lc, 5, 16).

(Artigo publicado originalmente pelo Centro de Estudios Católicos)

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