segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Como o estresse afecta a vida espiritual e como combatê-lo?


Young businessman who sits on a chair at the top of the mountain and looks into the sky_

Os antigos mestres do deserto tinham um método para recuperar a consciência do amor de Deus, fonte de paz


Recentemente, enquanto contemplava um tranquilo entardecer à beira do mar, parei para pensar quando havia sido a última vez em que reparei em um pôr do sol semelhante, deslumbrando-me com a beleza do oceano e sua enigmática imensidade. Com a harmonia e perfeição das ondas. Com o ágil voo das aves para pegar um peixe.

Foi então que uma ideia ansiosa invadiu minha atenção: a braveza do oceano poderia interromper aquela serenidade? Como saber? Em mais de uma ocasião, no entanto, permitimos que tais pensamentos nos perturbem. Será que, quando éramos crianças, nos preocupávamos tanto quando íamos à praia?

Pensando sobre aquele entardecer, lembrei da aguda observação do escritor britânico C. S. Lewis: “Nós nos preocupamos com o ontem. Nós nos preocupamos com o hoje. Nós nos preocupamos com o amanhã. Simplesmente nos preocupamos”.

Estes pensamentos nos tornam pessoas exageradamente ansiosas e estressadas? Não necessariamente. Todos nós nos inquietamos. O problema ocorre quando a preocupação se torna ingovernável, invadindo e asfixiando nosso campo de consciência.

A palavra “estresse” nos parece familiar, pois já é um ícone da cultura actual. A maioria de nós pensa que é sinónimo de “preocupação”. Se você está preocupado, então está estressado.

No entanto, “estresse” tem um sentido mais amplo. Significa também mudança, uma situação que gera transformação. Não importa se é uma mudança positiva ou negativa. Ambas são estressantes.

Explicado de maneira simples, o estresse é uma reacção inata à mudança, a tudo aquilo que gera instabilidade. O estresse está intimamente relacionado à ansiedade, mas pode se transformar em uma intensa angústia, a ponto de ultrapassar os mecanismos biológicos e psíquicos de autorregulação.

Um dos primeiros pesquisadores nesta área foi o endocrinologista alemão Hans Selye, que, na década de 1930, indicou que o organismo reagia drasticamente diante de certas experiências perturbadoras, tanto orgânicas como psicológicas, denominando-as “estressoras”. Selye se referia particularmente ao excesso de estresse, que deve ser objecto do nosso alarme.

Como comprovaram Selye e outros pesquisadores, os estressores são hábitos, sintomas orgânicos e ideias que podem causar desbordamentos emocionais. Também agem como estressoras aquelas situações que tentamos esquecer: uma doença, algo que nos dê vergonha ou a possibilidade de cair no vazio se temos medo de altura. Talvez um dos maiores estressores seja a ansiedade diante do indeterminado.

Não é novidade que nos exponhamos a níveis elevados de estresse. Enquanto isso ocorra em momentos breves e não nos altere demais, ainda é governável.

Mas, como descobriram médicos e psicólogos, o estresse excessivo e constante pode afectar muito nosso sistema cardíaco e imunológico. Pode gerar problemas gástricos e excesso de peso. Também afecta a memória, favorecendo as lembranças apreensivas.

As células cerebrais (neurónios) se comunicam entre si mediante “mensagens químicas”, os neurotransmissores. Quando a pessoa é exposta a níveis exagerados de estresse, a comunicação começa a se deteriorar. Afectados os mensageiros, sofremos sintomas como insónia, dores generalizadas, depressão e angústia.

É comum fugir das pressões buscando refúgio na evasão. A pessoa é particularmente criativa para fugir da realidade e dos sintomas que lhe advertem que algo está mal; mas aquilo gera mais ansiedade.

Não é que faltem realidades agravantes em nossa cultura, favorecedora das distracções.

Diariamente, devemos enfrentar situações como a falta de sincronia existencial, aquele relativismo que questiona nossos valores sobre o bem e a verdade. ( cont)
( aleteia.org)

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