domingo, 13 de dezembro de 2015

O que é Dízimo?



Conversemos sobre o dízimo, sua importância na vida da Igreja e de cada fiel. O dízimo é uma contribuição voluntária, regular, periódica e proporcional aos rendimentos recebidos, que todo batizado deve assumir como obrigação pessoal - mas também como direito - em relação à manutenção da vida da Igreja local onde vive sua fé. O dízimo é uma forma concreta de manifestar a fé em Deus providente, um modo de viver a esperança em seu Reino de vida e justiça, um jeito de praticar a caridade na vida em comunidade. É ato de fé, de esperança e de caridade. Pelo dízimo, podemos viver essas três importantes virtudes cristãs, chamadas de virtudes teologais, porque nos aproximam diretamente de Deus. O dízimo é compromisso de cada cristão. É uma forma de devolver a Deus, num ato de agradecimento, uma parte daquilo que se recebe. Representa a aceitação consciente do dom de Deus e a disposição fiel de colaborar com seu projeto de felicidade para todos. Dízimo é agradecimento e partilha, já que tudo o que temos e recebemos vem de Deus e pertence a Deus

Que passagens da Bíblia nos falam do Dízimo? São muitíssimas. Por sua Palavra, Deus nos convida: a confiar nele, que é o único Senhor de tudo; a ser-lhe agradecidos, porque ele é a fonte de todo bem; a colaborar com ele na instauração de uma nova sociedade, em que haja partilha e comunhão de bens, e em que não haja necessitados. Nos textos que seguem, podemos conferir essa divina proposta. A título de exemplo, citamos apenas algumas passagens bíblicas. Veremos, primeiro, que os patriarcas de Israel sabiam reconhecer os dons de Deus e lhe eram agradecidos, oferecendo-lhe a décima parte de tudo o que possuíam: “Abraão deu ao Senhor a décima parte de tudo” (Gen. 14,20). Jacó disse: “Eu te darei a décima parte de tudo o que me deres” (Gen. 28,22). Através do profeta Malaquias, Javé reclama do povo a oferta do dízimo, e lhe faz a ousada proposta de fazer a experiência do dízimo, como sinal de confiança nas graças que somente ele, Javé, pode dar. Diz Javé: “Vocês perguntam: Em que te enganamos?¹ No dízimo e na contribuição. Vocês estão ameaçados de maldição, e mesmo assim estão me enganando, vocês e a nação inteira! Tragam o dízimo completo para o cofre do Templo, para que haja alimento em meu Templo. Façam essa experiência comigo. Vocês hão de ver, então, que abrirei as comportas do céu, e derramarei sobre vocês as minhas bênçãos de fartura” (MI 3,8-10).

Quanto se deve oferecer de dízimo? Deve-se ofertar a Deus o que mandar o nosso coração e o que a nossa consciência falar. O Apóstolo Paulo assim escreve: Dê cada um conforme o impulso de seu coração, sem tristeza nem constrangimento. Deus ama a quem dá com alegria (2 Cor 9,7). Os israelitas davam dez por cento do que colhiam da terra e do trabalho. Daí vem a palavra dízimo, que significa décima parte, dez por cento daquilo que se ganha. Veja como Deus é bom. Ele lhe dá tudo. Deixa nove partes para você fazer o que precisar e quiser, e pede retorno de somente uma parte. Assim, todos somos convidados a ofertar de fato a décima parte. Mas é importante perceber o seguinte: dízimo não é esmola, nem sobra, nem migalha, pois Deus de nada precisa. Ele quer nossa gratidão. Ele quer que demos com alegria e reconhecimento e liberdade. O que se dá com alegria faz bem àquele que dá e àquele que recebe.

Deus quer que ofertemos o dízimo com alegria e liberdade. Embora a palavra dízimo tenha o significado de décima parte, ou dez por cento, cada pessoa deve livremente definir, segundo os impulsos de seu coração, sem tristeza e nem constrangimento, qual seja o percentual de seus ganhos que deve destinar ao dízimo a ser entregue para a sua comunidade. No entanto, a experiência tem comprovado que aqueles que, num passo de confiança nas promessas divinas, optaram pelo dízimo integral, isto é, pela oferta de 10% de tudo que ganham, não se arrependeram de tê-lo feito e nem sentiram falta em seus orçamentos. Ao contrário, sentem-se mais abençoados que antes, quando suas contribuições eram proporcionalmente menores. Há muitos dizimistas que dão este testemunho: quanto mais se oferece de dízimo, mais se ganha. Pois, o dízimo é um ato de fé em Deus, que não deixa na mão os que nele confiam. De qualquer modo, cada dizimista deve sentir-se livre diante de Deus para fixar o percentual de sua contribuição. Odizimista não deve preocupar-se com o que sai de seu bolso (se muito ou pouco dinheiro), mas o que sai de seu coração (se pouco ou muito amor a Deus e à comunidade).

Por que, para algumas pessoas, é tão difícil oferecer o Dízimo?
Vivemos numa sociedade em que o dinheiro e o lucro ocupam o lugar de Deus e das pessoas. Jesus Cristo nos adverte que é impossível servir a dois senhores, adorando ao mesmo tempo a Deus e ao Dinheiro (Lc 16,13). Mesmo assim, há cristãos que seguem a proposta do mundo. A sociedade materialista e consumista em que vivemos nos ensina a reter, concentrar, possuir, ter, ganhar, consumir, acumular. Somos incentivados a ter corações egoístas e fechados. O Evangelho, ao contrário, nos ensina que só quem é generoso e não tem medo de repartir o que possui está, de fato, aberto para acolher os benefícios de Deus. São dois projetos bem diferentes: a sociedade consumista e egoísta ou o Reino da partilha e da justiça. É preciso fazer uma escolha entre o Reino de Deus e o reino do dinheiro.

O que o dízimo tem a ver com Deus? O povo de Israel foi o primeiro povo da história humana a acreditar em um só Deus, que governa todo o Universo. Foi também, o primeiro povo a acreditar que, se o homem vive, é por vontade e querer desse Deus, que criou o ser humano “à sua imagem e semelhança”. Por esse motivo passou a fazer parte da vida desse povo a retribuição, o agradecimento. Todo judeu oferecia a décima parte de seus bens, como retribuição dos bens recebidos de Deus. Como nós, cristãos, temos nossas raízes nesse povo judeu, herdamos dele certas formas de homenagear o nosso Deus, que acreditamos ser o Pai de todas as pessoas. O dízimo é uma das mais antigas formas de agradecimento do ser humano a Deus. Não podemos deixar de reconhecer que, com o passar do tempo, tais formas de retribuição foram deturpadas. O dízimo, que inicialmente era uma necessidade de o ser humano manter sua solidariedade com seus irmãos e irmãs, através da Igreja, passou a ser uma obrigação imposta pela Igreja dos tempos antigos, perdendo o verdadeiro sentido que tinha no princípio.

ANTES DE MEXER COM O BOLSO, O DÍZIMO TOCA O CORAÇÃO.

Atualmente, a Igreja pretende redescobrir seu verdadeiro sentido para que nós cristãos possamos entender melhor o porquê do dízimo. Ele não é invenção humana e sim um dos mandamentos bíblicos e um excelente meio de vivermos as três grandes virtudes chamadas teologais. As virtudes teologais são chamadas assim, porque nos põem em relação direta com Deus ou porque nos levam a fazer o que faz o próprio Deus. São elas: a fé, a esperança e a caridade. Como sabemos, a Igreja é formada por pessoas que devem unir-se em comunidade. Em outras palavras, cada membro da Igreja é e deve sentir-se responsável pelos outros que formam a Igreja. Deus é Pai de todos e quer a plena realização de todos. Ora, ninguém pode chegar a essa realização sozinho.

“Dízimo não se paga, se oferece. Dízimo não se cobra, se recebe.”

O dízimo não é uma questão de dinheiro, de falta ou sobra de dinheiro. O dízimo é uma questão de fé. Se a Pastoral do Dízimo realizar sua missão, não como meio de angariar dinheiro, mas como evangelização, o povo começa a entender. Nosso povo tem coração aberto, tem um grande amor a Deus e à Igreja, tem desejo de participar. Mas, não admite ser enganado. Por isso, é também importante a prestação de contas, com transparência e constância.

Deve-se cobrar dez por cento de cada dizimista?
Não se deve cobrar nada de ninguém. O dízimo deve nascer do coração. É verdade que a Bíblia fala em dízimo, que quer dizer exatamente dez por cento. Mas, a Palavra de Deus não deve ser peso para ninguém. Deve-se apenas anunciar a Palavra salvadora do Senhor e convidar as pessoas a praticá-la, sem terem medo de se entregar totalmente à vontade de Deus e de acreditar no seu projeto libertador. Fica na consciência das pessoas darem o dízimo que puderem. Mesmo que não seja exatamente dez por cento, deverá ser chamado de dízimo, porque é a oferta que tal ou qual fiel quer e pode oferecer.

Por que partilhar o dízimo?
Quantas vezes na vida, somos chamados a partilhar com os outros as coisas que temos! Exemplo: Colocar o telefone ou carro à disposição do vizinho, em momento de urgência. Partilhar alegria e tristeza com pessoas de nossa confiança. Participar de campanhas como de agasalho, de alimentos, mutirão e outras. Na Bíblia, nos Atos dos Apóstolos, temos o exemplo de Barnabé. Sua história mostra como a vida em comunidade exigia a ruptura com o espírito de posse. Na comunidade, as pessoas aprendem a confiar de tal modo em Deus e nos irmãos e irmãs, que não precisam mais confiar nas coisas que possuem. O fiel cristão passa a viver de modo novo. Os bens são destinados ao uso de todos. Talvez haja ainda em nossas comunidades quem afirme: Mas eu sou um bom católico, uma cristã atuante, sou agente de pastoral, freqüento os Sacramentos, colaboro nas festas da minha Igreja, participo todas as vezes que o padre convoca a comunidade para um gesto concreto, faço mil coisas na Igreja... Mas tudo isso pode acontecer sem que haja espírito de partilha. Há católicos participantes que fazem tudo isso, e até de uma forma consciente. Mas nunca experimentaram a beleza do dízimo. É isso que está faltando em nossa Igreja, na vida de muitos católicos. Pois o dízimo é uma experiência maravilhosa de vida. É uma forma de experimentar Deus. Um exercício de gratidão e de confiança na Divina Providência.

Dízimo é oferta de gratidão a Deus e de partilha com a comunidade.
Dízimo não é taxa, porque a Igreja não é um clube. Dízimo não é imposto, porque a Igreja não é uma sociedade qualquer. Dízimo é oferta de gratidão a Deus e de partilha com a comunidade.
Dízimo não é pagamento antecipado por serviços que, depois, se poderia cobrar da Igreja. Como se o dizimista tivesse direito a serviços especiais! Dízimo não se paga, dízimo se oferece.
Dízimo não se cobra, dízimo se recebe. Só Deus é o Senhor de todas as coisas. Tudo dele recebemos. Por mais que alguém entregue seu dízimo a Deus e à Igreja, nunca conseguirá passar na frente do amor de Deus por nós.



Dízimo é oferta de gratidão a Deus e de partilha com a comunidade.
Com a oferta do dízimo de seus fiéis, a comunidade se torna solidária e samaritana. A Igreja tem a missão de socorrer a necessidade das pessoas pobres. Ela tem a missão de anunciar um Reino de justiça e paz. Por isso, atua em muitas frentes de organização social. São muitas as Pastorais Sociais que ela mantém. De mil maneiras, uma paróquia se debruça sobre as carências do povo. O dizimista, mesmo que não tenha tempo e disposição e carisma e coragem, para esse tipo de atividade, mesmo assim, ele é, no fundo, um profeta, um samaritano, um transformador da realidade. Porque é através de sua oferta que a Igreja realiza esse tipo de atividades. Como vimos, todo dizimista, pelo simples fato de sua oferta mensal, já é um evangelizador, um liturgista, um catequista e um agente da pastoral social da Igreja. É claro, porém, que não basta oferecer o dízimo. Quando se abre o bolso para repartir o dinheiro, é porque o coração já foi aberto para repartir o tempo, as qualidades e os talentos, a fim de se engajar na vida da Igreja e na obra da evangelização.

Então, que assim seja!

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