Não esperes nada. Não apostes os teus melhores gestos. Não vivas de mão estendida à espera de quem nada tem para te dar.
Não esperes nada. Agarra nas expetativas e constrói-lhes uns remos para que nadem para bem longe. Não arrisques tudo o que tens nas mãos. Voltarão vazias para ti.
Não esperes nada. Não faças poemas bonitos para oferecer porque haverá quem cuspa as tuas palavras. Sem pena do trabalho que te deram a dizer ou a construir.
Não esperes nada. Faz como te fizeram a ti. Devolve na mesma medida do que te foi dado. Nem mais. Nem menos. Não te entregues. Rende-te ao que não vais poder mudar.
Não esperes nada de ninguém. As pessoas querem que dês tudo em troca de nunca darem (absolutamente) nada.
Não esperes nada de ninguém. Dizemos todos. Somos pequeninos de gestos e de esperanças. Encolhemos a generosidade na proporção do que nos foi tirado. Mas não é assim que o mundo continua a girar. Experimenta agora reescrever o que leste antes. Nem é preciso mudar muito para mudar tudo.
Que apostes os teus melhores gestos.
Que vivas de mãos estendidas à espera de quem não tem nada para te dar.
Que construas remos às expetativas e que as deixes nadar para o mar certo.
Arrisca tudo o que tens nas mãos. Voltarão vazias. Arrisca mesmo assim.
Devolve tudo o que te foi dado.
Entrega-te ao que não vais poder mudar.
Não esperes nada de ninguém. Dizemos todos. Somos miniaturas de altruísmo e de bondades. Encolhemos a medida do que nos compete, ainda, dar. Não é preciso mudar muito para mudar tudo.
Não é preciso muito para mudares tudo.
Marta Arrais
http://www.imissio.net/artigos/49/1095/dizemos-tudo%E2%80%A6-menos-a-verdade/
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