quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Quarenta dias ‘à grande’!




Sim, vem aí a Quaresma e, com ela, a Páscoa aparece logo como luz no fundo de um túnel. A Festa da Vida é grande demais para que chegue de um dia para o outro, sem um longo tempo que a prepare a sério. É para isso que serve a Quaresma, esses quarenta longos dias que desembocam na manhã da Páscoa. Exigem uma Oração mais profunda, um Jejum mais efectivo e uma Partilha mais solidária e fraterna.
O Papa Francisco, na sua Mensagem, pede que aqueçamos as vidas com o amor, pois o pecado congela! Chama a atenção para os falsos profetas que, gritam alto mas não têm nada de bom a propor. Lembra: ‘quantos homens e mulheres vivem fascinados pela ilusão do dinheiro, quando este, na realidade, os torna escravos do lucro e de interesses mesquinhos!’. Tem razão o Papa Francisco: a Quaresma tem de ser um tempo de conversão ‘á grande’! Há muito que mudar para que os corações dos humanos batam ao ritmo do coração de Deus. Há que combater todos os ‘charlatães que oferecem soluções simples e imediatas para todas as aflições, mas são remédios que se tornam completamente ineficazes: a quantos jovens se oferece o falso remédio da droga, das relações passageiras, de lucros fáceis, mas desonestos!’. Há que combater os ‘pavões’ que caem no ridículo por causa da sua vaidade.
O Papa Francisco, depois de citar Dante (no seu ‘Inferno’, o diabo está sentado num trono de gelo!), pergunta: ‘como se resfria o amor em nós? Quais são os sinais indicadores de que o amor corre o risco de se apagar em nós?’. A resposta do Papa vai para um ataque forte à ganância do dinheiro, a raiz de todos os males. Aponta ainda os dramas das migrações forçadas e os atentados contra a criação. Há muito caminho a fazer para que a conversão se torne palavra-chave da vida cristã, neste tempo da Quaresma.
Para acontecer uma ‘conversão à grande’, é urgente tomar três ‘remédios doces’, como sugere o Papa na sua Mensagem: a Oração, o Jejum e a Partilha.
O P. Tolentino Mendonça, no seu ‘manual de instruções ‘ para a Quaresma, lembra que ‘a Fé sem obras é palha. E sem caridade é uma terrível mentira’. E este padre-poeta português que orienta este ano o Retiro da Quaresma ao Papa e à Cúria Romana, acrescenta: ‘ninguém renasce para a Fé se não renascer com toda a autenticidade para a solidariedade, inter-ajuda e partilha’.
O Papa Francisco pediu que anotássemos na agenda o 23 de Fevereiro, a segunda sexta-feira da Quaresma. Será a Jornada Mundial de Oração e Jejum pela Paz. Nesse dia, o olhar dos cristãos (e quantos se queiram associar) estará focado na República Democrática do Congo e no Sudão do Sul, dois países africanos marcados por ondas cruéis de violência. O Papa quer dar voz aos que ‘gritam a Deus, na dor e na angústia’. Esta jornada nasce da convicção de que todos podemos fazer muito pela Paz. Francisco disse que as vitórias obtidas com a violência são ‘falsas vitórias’ e que ‘trabalhar pela paz faz bem a todos’.
Optemos por um estilo de vida simples, evangélico, fraterno. Como escreveu há anos o Papa Bento XVI, Deus faz-nos irmãos e não vizinhos. A vizinhança é um dado geográfico, enquanto a fraternidade exige amor. A Quaresma tem de valorizar a vivência, pela medida grande, da Oração, do Jejum e da Partilha, sempre com a Páscoa como horizonte de eternidade.


Tony Neves
http://www.agencia.ecclesia.pt/portal/lusofonias-3/

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