segunda-feira, 26 de março de 2018

Não te distraias!


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A vida vai pedir-nos sempre muito. Aliás, será bem capaz de pedir-nos mais do que aquilo que julgamos suportável e justo. Havemos, até, de dar por ela a assobiar para o lado para não enfrentar a surpresa que os nossos olhos lhe vão devolver. A minha pergunta perante o que a vida nos exige é mais ou menos esta: “O que é que fazemos com o que a vida nos pede?!”. As respostas são inúmeras e, se pensarmos bem, já todos experimentámos muitas delas. Dizem que o que nos muda a vida é o que nos acontece. Eu julgo que é, precisamente, o que fazemos acontecer com o que a vida nos pede e dá. Na maioria das vezes, optamos por fazer braços-de-ferro com a vida. Sim, com a nossa. Recusamos oportunidades e novidades por preferirmos o nosso conforto velho. Ignoramos as pessoas que cruzam os nossos dias por temer que sejam como as outras. Varremos o lixo para debaixo do tapete e, demasiadas vezes, não percebemos que o tapete somos nós. Lembramo-nos dele quando já não suportamos quase nada. Quase ninguém. Vamos vivendo uma vidinha morna e aborrecida que se resume à repetição dos gestos de sempre. Às tantas, deixamos de ser responsáveis pelo que nos acontece e a culpa está sempre enterrada debaixo doutro chão que não é o nosso. Às tantas, os nossos dias resumem-se a uma rotina fantasmagórica que não nos aumenta nem faz crescer. Parece-me que estamos distraídos de tudo o que é nosso e do muito que devíamos querer desta vida. Atentos ao carro que está à nossa frente mas distraídos. Atentos ao semáforo que nunca mais fica verde. Mas distraídos. Atentos à fila do supermercado que não avança à mesma velocidade que o tempo que temos. Mas distraídos. Atentos ao jantar. Mas distraídos. Atentos à televisão. Mas distraídos.

Talvez valha a pena tentar uma outra versão. Distraídos de tudo menos de nós. Distraídos do que nos sufoca e aperta os braços mas atentos ao que nos abraça. Distraídos do que já passou e atentos ao que ainda falta chegar. Distraídos do tempo que já não volta mas atentos ao tempo que ainda temos. Distraídos do mundo mas atentos aos que fazem valer tudo a pena.

A vida pede-nos muito. Tenta devolver sempre o que tiveres de melhor. Especialmente quando for difícil. E quando for difícil… Não te distraias. Só aprende a ser feliz aquele que aprende a começar outra vez.

Marta Arrais

http://www.imissio.net/artigos/49/1287/nao-te-distraias/

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