Gostamos que nos leiam a vida por completo.
Encontramos neles a sua verdadeira especialidade:
a profundidade de nos tocar a alma e as nossas entranhas.
Emanuel António Dias
Gostamos que nos leiam a vida de alto a baixo. Faz-nos sentir a nossa verdadeira humanidade. Dá-nos a certeza de que somos realmente alguém e que temos ali quem nos toque, apenas com um simples olhar. Faz-nos ficar mais cientes deste mistério que envolve toda a nossa vivência.
Gostamos que nos leiam a vida em cada sorriso e em cada lágrima. Faz chegar até nós a certeza de que não viramos a página dos nossos momentos sozinhos. Sabendo que há quem leia a nossa vida existe a felicidade de que não chegamos, nem partimos sós.
Gostamos que nos leiam a vida. Não por mera cusquice, ou para criar opiniões sem fundamento. Gostamos que nos leiam a vida como verdadeira partilha deste dom. Deste dom que merece ser olhado, tocado e respeitado. Deste dom que merece ser encontro permanente.
Gostamos que nos leiam a vida em todos os silêncios. Gostamos que consigam interpretar o silêncio das nossas vidas respeitando-os em diversos momentos e quebrando-os em momentos de aflição. Temos especial admiração por aqueles que nos acompanham no silêncio da vida. Dando-se. Marcando com uma presença concreta e absoluta que apenas surge quando nos deixamos mergulhar no silêncio do outro.
Gostamos que nos leiam a vida por completo. Encontramos neles a sua verdadeira especialidade: a profundidade de nos tocar a alma e as nossas entranhas. É com eles que gostamos de ler e reler a nossa vida seja em que altura for. É com eles que percebemos todo o verbo e toda a gramática das nossas vidas.
Gostamos que nos leiam a vida, mas seremos capazes de nos deixarmos traduzir?
http://www.imissio.net/artigos/49/1541/traduzir-a-vida/
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