sexta-feira, 30 de novembro de 2018

De que Natal somos feitos?


Resultado de imagem para caminhar pelos trilhos do trem


É quase inevitável dedicar algum tempo a contemplar a época que se aproxima. Mesmo que não quiséssemos, acabam por não nos sobrar grandes alternativas. Já fomos precocemente invadidos por um espírito natalício quase vazio da essência do tempo que se está para viver. Acendem-se luzes do lado de fora das pessoas, enfeitam-se montras com presentes que não nos acrescentam nada, oferecem-se mentiras e ilusões vestidas com roupas bonitas e quentinhas.

É quase Natal mas estamos longe de chegar ao que isso, realmente, significa. O que eu sei é que estamos mergulhados numa espiral colorida de antecipação. Num corrupio de querer viver fora de tempo. Numa vontade de fazer coisas que se vejam, ainda que de pouco sirvam.

É quase Natal mas devíamos ser mais do que isto. Mais do que um conjunto de pessoas que se juntam para ver luzes acesas ou para aumentar filas (dolorosamente intermináveis) de compras. Eu sei que este brilho anunciado é muito bonito mas não tem calor. Não aquece. Não tem chama. O Natal é outra coisa.

É querer ser pequeno, mesmo quando todos parecem querer ser maiores que nós.

É retirar de nós o que mais gostamos e o que de melhor temos. Ainda que nos doa.

É vestir-se de roupas iguais às dos outros dias e despir-se de vaidades absurdas e pouco coerentes.

É recuar no tempo e querer lembrar a pequenina Luz que nasceu para nos dar tudo o que dá nome ao Natal.

É querer ficar nos lugares para onde ninguém quer ir, se for aí que necessitam da nossa companhia. 


É abraçar em vez de dizer coisas bonitas.

É fazer o que é preciso em vez de apregoar planos bem feitos.

É procurar a raiz das coisas e plantar (outra vez) o que mais (nos) for importante.

É difícil viver um Natal a sério, não é? Mas a Estrela que está para nascer em Belém diz-nos que vai valer a pena!


Marta Arrais

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