Eu nem sei se Te cheguei a ouvir. Foi-se tudo juntando em Teu favor. Foi-me dado a conhecer tudo a Teu favor. Nunca através da imposição, mas sim por obra da minha libertação. Foi e é caminho feito de eternas dúvidas, mas que são amparadas. Nada disto é feito para viver sem medos. Este foi o trilho que descobri para viver por entre os medos e com os medos. Esta foi a via que encontrei para mergulhar no mistério.
Eu nem sei se Te cheguei a ouvir. E quando reparei já estavas bem perto do meu ouvido sussurrando-me a conjugação do Teu Verbo. Já permanecias no meu silêncio declamando todas as Tuas poesias preenchidas por versos de amor. Tinha começado assim a conversão ao Teu jeito. Sem julgamentos, sem autoritarismos, mas correndo até mim ainda sem eu me ter visto primeiramente.
Eu nem sei se Te cheguei a ouvir. E quando dei por mim já via os Teus passos ao lado dos meus mostrando-me que sempre estiveste e que sempre estás. Entendi então que nada do que me tinha proposto teria de ser ouvido, mas sim sentido. Estava desenhada uma outra volta para todas as minhas revoltas.
Eu nem sei se Te cheguei a ouvir. Na verdade, fui percebendo que Te ias deixando estar. Foste-Te alongando em rostos e em presenças que tinham dialetos de ternura. E assim à descarada foste entrando por onde não imaginava que desse para Tu Te instalares.
Eu nem sei se Te cheguei a ouvir, mas agora pouco interessa pois comunico-Te com o meu coração na Tua constante oração!
Emanuel António Dias
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