domingo, 31 de janeiro de 2021

Se hoje ouvirdes a voz do Senhor, não fecheis os vossos corações.

 

https://www.youtube.com/watch?v=fB08koE8HrI

A liturgia do 4º Domingo do Tempo Comum garante-nos que Deus não se conforma com os projectos de egoísmo e de morte que desfeiam o mundo e que escravizam os homens e afirma que Ele encontra formas de vir ao encontro dos seus filhos para lhes propor um projecto de liberdade e de vida plena.
A primeira leitura propõe-nos - a partir da figura de Moisés - uma reflexão sobre a experiência profética. O profeta é alguém que Deus escolhe, que Deus chama e que Deus envia para ser a sua "palavra" viva no meio dos homens. Através dos profetas, Deus vem ao encontro dos homens e apresenta-lhes, de forma bem perceptível, as suas propostas.
O Evangelho mostra como Jesus, o Filho de Deus, cumprindo o projecto libertador do Pai, pela sua Palavra e pela sua acção, renova e transforma em homens livres todos aqueles que vivem prisioneiros do egoísmo, do pecado e da morte.
A segunda leitura convida os crentes a repensarem as suas prioridades e a não deixarem que as realidades transitórias sejam impeditivas de um verdadeiro compromisso com o serviço de Deus e dos irmãos.

https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?mc_id=3259

sábado, 30 de janeiro de 2021

Celebrar e viver a fé em casa



Comunicado da Conferência Episcopal Portuguesa


1. Tendo consciência da extrema gravidade da situação pandémica que estamos a viver no nosso País, consideramos que é um imperativo moral para todos os cidadãos, e particularmente para os cristãos, ter o máximo de precauções sanitárias para evitar contágios, contribuindo para ultrapassar esta situação.

2. Nesse sentido, embora lamentando fazê-lo, a Conferência Episcopal Portuguesa determina a suspensão da celebração “pública” da Eucaristia a partir de 23 de janeiro de 2021, bem como a suspensão de catequeses e outras atividades pastorais que impliquem contacto, até novas orientações. As Dioceses das Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira darão orientações próprias.

3. Estas medidas devem ser complementadas com as possíveis ofertas celebrativas, transmitidas em direto por via digital.

4. As exéquias cristãs devem ser celebradas de acordo com as orientações da Conferência Episcopal de 8 de maio de 2020 e das autoridades competentes.

5. Exprimimos especial consideração, estima e gratidão a quantos, na linha da frente dos hospitais e em todo o sistema de saúde, continuam a lutar com extrema dedicação para salvar as vidas em risco. Que Deus abençoe este inestimável testemunho de humanidade e generosidade e que eles possam contar com a solidariedade coerente e responsável de todos os cidadãos, a fim de que, com a colaboração de todos, possamos superar esta gravíssima crise e construir um mundo mais solidário, fraterno e responsável.

6. Pedimos que, a nível individual, nas famílias e nas comunidades, se mantenha uma atitude de constante oração a Deus pelas vítimas mortais da pandemia, pedindo ao Senhor da Vida que os acolha nos seus braços misericordiosos, e manifestamos o nosso apoio fraterno aos seus familiares em luto.


Lisboa, 21 de janeiro de 2021


Transmissões de Eucaristias


Santuário de Fátima

O Santuário transmitirá diariamente três missas – às 11h, 12h30 e 15 horas – a partir da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima.

Estas celebrações poderão ser seguidas em www.fatima.pt, através do Facebook e canal YouTube do Santuário, bem como do MEOKanal, posição 707070.


Televisão

Ao domingo, pode contar com uma eucaristia na RTP1 às 10h30 e outra na TVI às 11 horas.

TV Canção Nova: Todos os dias às 10h59. Ao domingo há transmissão da Eucaristia em directo do Vaticano, às 9 horas.

O canal Canção Nova está disponível nas seguintes operadoras:


MEO: canal 182;


NOS: canal 186;


Vodafone: canal 187;


Nowo: canal 145.

Recitação do Terço

De Segunda a Sexta – às 18h30 e às 21h30.

Em directo da Capelinha das Aparições, do Santuário de Fátima, a Renascença transmite a recitação do Rosário entre as 18h30 e as 19h. O convite é para que fique em comunhão com os milhares de ouvintes que diariamente acompanham esta Oração pela Renascença.


sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

JOVENS, SE VOS CALARDES, GRITARÃO AS PEDRAS



Cruzes, abrenúncio!... Será mesmo que as pedras agora vão falar?!... Não?!... Mas olham que foi o Papa quem o recordou!... No tempo em que se andava descalço, as pedras nunca falavam, mas faziam falar quem nelas tropeçava, e que galanteios tão bem sonantes!...
Bem, com calma, vamos lá falar de algumas pedras famosas, mais famosas que a pedra de dois olhos em Vila Velha, Brasil. Com certeza que o leitor já alguma vez disse ou ouviu suspirar: “ai se estas pedras falassem!... Quantos segredos não teriam a revelar!... Quantas correções à história não se haveriam de fazer!...”. Até “as pedras das paredes gritarão vingança e as vigas do telhado te reprovarão”, diz Habacuc sobre quem constrói a casa (a vida) com dinheiro e materiais rapinados (cf. Hab 2,14).
Com a sua serenidade de jovem feliz e empenhado, David, com uma pequena pedra na sua funda, fez os filisteus dar às de vila-diogo e defendeu a honra dos israelitas (1Sam 17, 49).
João Batista, em pose de jovem zeloso, bravo e austero, salta do deserto a apelar à coerência de vida: “Porque eu vos digo: até destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão” (Mt 3,8-9). Porque apedrejou, matou e desprezou o apelo dos profetas, Jesus chorou sobre a cidade de Jerusalém (Lc 19, 41-44), pois iria ser de tal forma espremida pelos seus inimigos que não ficaria pedra sobre pedra. E as pedras como que “falaram”, confirmando as palavras de Jesus: Jerusalém foi totalmente arrasada (Lc 21,6).
Aquando da morte de Jesus, a própria natureza associou-se àquele triste mas solene pontifical da Cruz. As pedras do Calvário fenderam-se, como que “falaram” também elas, testemunhando a morte do Salvador. O oficial do exército arregalou os olhos e, boquiaberto, exclamou: “Verdadeiramente este homem era o Filho de Deus!” (Mt 27, 54).
Julgando-se exceção, os pides ou espiões do comportamento alheio, já de pedras na mão, apresentaram a Jesus uma senhora que, segundo as leis, deveria ser morta à pedrada. Jesus, com delicadeza, levou-os a reconhecer que eles eram muito piores do que ela, largaram as pedras e afastaram-se envergonhados.
Paulo, ainda jovem safadinho, foi quem guardou os mantos de quem arregaçou as mangas para matar Santo Estevão à pedrada (At 7, 54-60). Essas pedras, porém, fizeram acordar muitos para o discipulado de Cristo, inclusive o próprio Paulo.
Infelizmente, a pena de morte, por lapidação, ainda hoje é praticada em alguns países, sem que as pedras sejam capazes de mover os corações de pedra ou inverter a marcha e atingir quem as pedras manda usar.
Entre nós, para exprimir a rudeza da fraca hospitalidade, usamos a expressão: “fui recebido de pedras na mão”! “Fui recebido à pedrada!”. Também há quem saiba “atirar pedras e esconder a mão”, o que, em bom português, de antes e depois do acordo ortográfico, se traduz por cobardia! Outros há que apedrejam com invenções, calúnias, intrigas, deturpações da verdade ou meias verdades, apenas para humilhar e denegrir, pensando que assim se elevam a si próprios. Também há quem manqueje “com pedras no sapato” contra alguém, com ou sem razão. Não falta quem viva na ilusão de colocar pedras sobre assuntos mal resolvidos. Mas muito, muito mais importante e proveitoso, é que haja cada vez mais gente que goste de “sopa da pedra”, isso é que sim, dá cor e genica!.
Na entrega dos símbolos das Jornadas Mundiais da Juventude aos jovens de Portugal, em 22 de novembro passado, o Papa Francisco disse-lhes: “Queridos jovens, gritai com a vossa vida que Cristo vive, que Cristo reina, que Cristo é o Senhor! Se vos calardes, garanto-vos que gritarão as pedras!” (cf. Lc 19, 40). Mas será mesmo que o Papa fez acordar as pedras e vão falar?
Bem, tudo seria possível. Aquele que tudo criou e pode, bem poderia ordenar que as pedras falassem. Mas não é isso que está em causa. Falar é uma prerrogativa humana, dotada de inteligência, vontade e capacidade para amar, pensar e comunicar. O Senhor criou-nos à sua imagem e semelhança, fez de nós pedras vivas da sua Igreja, uma Igreja edificada sobre a Pedra firme que é Pedro, sendo Cristo a Pedra angular. Chamou-nos, confiou em nós, enviou-nos em seu nome, sem pedras na mão, mas com a certeza da sua presença para nos ajudar a saltar, contornar ou retirar as pedras do caminho! Ele é a plenitude da Vida, assim se apresentou quando mandou retirar a pedra do sepulcro de Lázaro! (Jo 11, 41). As mulheres que queriam ungir o corpo de Jesus morto, pelo caminho perguntavam-se quem é que lhes iria retirar a pedra do sepulcro, pois era grande e pesada para as suas forças. Porque não desistiram perante a dificuldade, o milagre deu-se, encontraram a pedra removida e foi excelente o raiar daquela madrugada (Mc 16,4).
Seguros nas nossas capacidades, nem sempre queremos perceber o amor e os sinais que o Senhor nos dá para nos chamar à pedra!... Facilmente viramos resmungões. O Senhor, porém, deve rir-se destas nossas subtilezas, mas não desiste de nós, serve-se de tudo, às vezes de coisas insignificantes, impensáveis, estranhas até. A título de exemplo, recordo o que aconteceu a Balaão quando teimava em seguir por caminho errado. A sua jumenta - ora vejam lá! -, a sua jumenta viu primeiro do que ele que por aí é que não deveria ir, e não foi, deitou-se debaixo do assanhado Balaão. Acasmurrado com tão asinina atitude, logo pulou, de bastão na mão, furioso, a zurzir nos costados da pobre e fiel burrita. Com ameaças de morte, despejou nela uma forte carga de porrada em três atos de furibunda e intervalada raiva. A façanha durou tanto tempo quanto Balaão precisou para ver e reconhecer os sinais que Deus lhe dava para que mudasse de rumo e não se encaminhasse para a morte. Se fosse hoje, não se esquivaria dos tribunais humanos do bom senso, nem da impertinência dos caçadores de notícias quais abelhas à volta da colmeia com perguntas de lhe moer o toutiço, tampouco faltaria quem dissesse que ele é que merecia um arraial de pancadaria a colocá-lo entre a cruz e a caldeirinha!... (cf. Nm 22, 1-41).
Aquela frase, recordada pelo Santo Padre aos jovens, é uma bonita forma de exprimir a força e a certeza de que a vontade de Deus não pode ser calada. Essa expressão situa-se no contexto da entrada solene de Jesus em Jerusalém. O povo acompanhava e aclamava Jesus, maravilhado com o que Ele dizia e fazia. A multidão, de ramos na mão e capas pelo chão, aclamava-o entusiasticamente. Os fariseus, assaltados por uma terrível dor de cotovelo, ficaram com ciúmes, não viram com bons olhos esse entusiasmo do povo, reconhecendo Jesus como o Messias. No entanto, se incomodados com a aclamação e adesão do povo a Jesus, eles não tinham coragem para agir, sabiam as consequências se o viessem a fazer. Então, com cara de caso e de quem manda, dirigiram-se a Jesus para que Ele repreendesse os seus discípulos e acabasse com toda aquela festiva algazarra: “Mestre, repreende os teus discípulos”. Jesus, porém, respondeu: “Eu vos digo, se eles se calarem, as pedras gritarão” (Lc 19, 35-40). Não era que isso fosse acontecer, mas a sua hora é que tinha chegado e ninguém a poderia silenciar. O entusiasmo do povo era inevitável, tinha chegado a hora de Jesus se manifestar, Ele era o enviado de Deus, o Messias, aquele de quem as Escrituras falavam. Ninguém o poderia esconder, ninguém o poderia calar, nem que fosse necessário que as pedras gritassem.
Essa Hora e Hoje de Jesus é também o nosso hoje. Por isso, caro jovem e menos jovem, não te canses de gritar com a tua vida “que Cristo vive, que Cristo reina, que Cristo é o Senhor!” (cf. Lc 19, 40). “Proclama a Palavra, insiste, no tempo oportuno e inoportuno, refuta, adverte, exorta com toda a paciência e doutrina. Pois virá um tempo em que alguns não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, desejosos de ouvir novidades, rodear-se-ão de mestres a seu bel-prazer. Desviarão os ouvidos da verdade, orientando-se para as fábulas” (2Tm 4, 2-5).
Se, com Deus, até das pedras podem nascer filhos de Abraão, os filhos de Abraão, sem Deus, podem virar em pedras. Tudo o que o homem é e tem, tem-no e é por graça de Deus. Por isso, aquele que se gloria, glorie-se no Senhor, diz São Paulo.

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano

Portalegre-Castelo Branco, 29-01-2021.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

A virtude de ser verdadeiro

 



A verdade existe quando há uma linha contínua e direita entre o que existe fora de nós e os conteúdos das nossas ideias e juízos. Diz-se, pois, que um pensamento é verdadeiro se for fiel à realidade que representa.

Mas será que para ser verdadeiro basta pensar a verdade? Não. É ainda preciso que as suas palavras também sejam verdadeiras, ou seja, fiéis às suas ideias e juízos. Há muita gente que não diz o que pensa, enquanto outros nem sequer pensam no que dizem.

É preciso que haja continuidade entre a realidade e o pensamento e, depois, entre este e as palavras.

E para que possamos considerar uma pessoa como verdadeira será que basta que pense a realidade como ela é e que, depois, seja nas suas palavras fiel ao que pensa e sente? Não. Falta ainda o mais importante.

A verdade mais valiosa é aquela que resulta de uma harmonia entre o que se pensa e o que se vive. Entre o que se acredita e o que se pratica.

Uma vida verdadeira exige que a nossa fé se manifeste aos outros através da nossa existência. Ou os meus valores presidem às minhas decisões ou então nem sequer devo considerá-los meus.

A realidade deve ser apreendida com exatidão, a fim de que a pensemos sem falha ou engano. Depois, importa que sejamos capazes de expressar as nossas ideias com rigor. Mas, mais do que as nossas palavras, são as nossas obras que dão testemunho daquilo em que depositamos a confiança.

A minha vida tem de ser uma convicção. Se assim não for, deixar-me-ei enganar, enganarei e serei, eu mesmo, não mais do que um engano.

Cada um de nós é chamado a encontrar a Verdade, a reconhecê-la e aceitá-la, pensá-la e dizê-la, mas, acima de tudo, a vivê-la, para que outros a possam encontrar nos nossos gestos, muito mais do que nas nossas palavras.



José Luís Nunes Martins





quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Está na altura de seres santo(a).

 



Está na altura de seres santo. E para isso tens de desconstruir algumas imagens que tens sobre os santos. Não é momento de seres "santinho" ou "santola". É o tempo ideal de te dedicares à santidade com a tua frágil humanidade. E nem os erros, nem as quedas te evitam de lá chegares, pois se errastes, muda. Se caíste, levanta-te. Não te deixes ficar preso. Ele próprio já te retirou tudo isso e espera agora que avances. Até Ele e por Ele.

Está na altura de seres santo. E desengana-te se achas que para o ser tens de ter associada a ti uma imagem heroica, perfeitinha ou style de beato ao domingo de manhã. Para caminhares em direção à santidade é-te exigido apenas que uses a tua autenticidade. É-te pedido que reconheças que a tua vida é capaz de ser muito maior no serviço àqueles que contigo vivem e convivem. É-te feito o convite de largares o egocentrismo que te cega para passares a abraçar uma vida em missão.

Está na altura de seres santo. De arregaçares as mangas e deixares que tudo o que dizes seja sinal de humanismo. De preocupação pelos que são oprimidos e perseguidos. De verdadeira empatia pelos que ninguém vê, ninguém fala. De verdadeiro acolhimento para com aqueles que são considerados indignos. Caminhar até à santidade é partir até às bermas. Até às periferias da sociedade e reconhecer, em tantas histórias, a presença d'Aquele que dizes acreditar. Sem estereótipos. Sem julgamentos.

Está na altura de seres santo. E em tempo de pandemia e de confinamento, és santo toda a vez que te deixas ficar em casa. És santo sempre que ligas aos que te são próximos a perguntar como é que estão e a dar-lhes um pouco do teu tempo. És santo todas as vezes que te preocupas com os teus vizinhos. És santo sempre que disponibilizas o que tens para ajudar aqueles que passam por dificuldades nestes momentos de enorme incerteza. És santo sempre que deixas que a tua humanidade se reflita em atos e em palavras que te salvam e que salvam os que te rodeiam.

Está na altura de seres santo. E não podes chegar até lá se não considerares também isto: oração e silêncio. Reza-Lhe por ti e por todos. Amigos e inimigos. Fãs e haters. Conhecidos e desconhecidos. Fala-Lhe do quão difícil é este caminho de felicidade que Ele te propõe e deixa-te abrir à constante novidade. E silencia-te. Permite que o silêncio atenue a dor da falta de respostas e a impotência de não conseguires mudar tanto quanto desejavas.


Emanuel António Dias

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Ainda não percebeste que isto é a guerra?



Ainda não percebemos que vivemos tempos de guerra. Catástrofe. Dor. Vida e morte. Decisões impossíveis. Quem arrastamos connosco e quem deixamos cair? Quem levamos ao colo e de quem desistimos? Quem salvamos e quem arriscamos?

Sabes lá tu responder a estas perguntas. Sabemos lá nós.

No entanto, há quem tenha de saber. Há quem tenha de responder a estas, e a outras inimagináveis perguntas, a cada dia. A cada hora. A cada minuto.

E que me diz isso a mim?

Pelos vistos, nada. Continuo a ver-te (e a ver-nos) a assobiar para o lado. A viver a nossa vidinha de pessoas carentes de compaixão. Continuo a ver-te (e a ver-nos) a acreditar que o covid é uma invenção. Um exagero. Uma desmesura.

Será que queremos comprovar, a todo o custo, que só compreendemos aquilo que rasga a nossa pele? Será que só subiremos os nossos níveis de empatia pelo próximo, pelo bem comum, pela vida alheia, quando virmos que a guerra também nos leva os nossos? Também toca nos nossos?

Por mim já chega. Abreviamos a história, corremos as páginas de fio a pavio e vamos já espreitar o fim. Mas enquanto o fim não (nos) chega, como é que se fica? Como é que se lida com isto?

Sabes lá. E sabemos lá o que fazer com esta granada que nos mora no peito em vez do coração.

Enquanto não rebentamos, e enquanto ainda podemos, que se faça silêncio. Que se calem todos para que possamos ouvir a nossa própria voz. O nosso próprio instinto. Dizem que o apelo à sobrevivência é maior que tudo.

Já ouves agora?

Devíamos ter feito melhor. Tão diferente. Mas deixámos tudo entregue às “pessoas” que nunca souberam respeitar nada nem ninguém. Deixámos a nossa vida entregue às pessoas egoístas. Aos que não querem ser contrariados. Aos mimados. Aos que estacionam em segunda fila e ainda refilam com quem os repreende. Aos que passam à frente nas filas. Aos que preferem deixar-nos caídos do que dar-se ao trabalho de nos levantar. Deixámos isto entregue aos que não querem saber. Aos que pouco se importam.

Estavam à espera de quê? De milagres?

Marta Arrais


segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Oração do confinamento




Senhor, já não sabemos o que pensar
nem o que Te dizer sobre esta Pandemia
que tanto nos preocupa, que teima em não nos deixar
e que volta a obrigar-nos a ficar em casa.
Estamos tristes, apreensivos e desesperados
pois não sabemos o que fazer mais.
Nunca imaginamos poder passar na nossa vida
por esta coisa que tanto nos atormenta
e que nos tem causado tão grande sofrimento e morte.
A Ciência tem tentado tudo quanto sabe e pode
para eliminar esta praga que nos persegue
e a descoberta de uma vacina abriu-nos as portas da esperança.
No entanto, o número de pessoas infetadas e falecidas
não desce nem por nada e é preciso um novo confinamento
para que seja possível melhorar esta situação tão dura.
Sabemos que nada somos nem nada podemos sem Ti
e, mais uma vez, voltamos para Ti o nosso olhar.
A quem mais poderíamos acudir?
Se Tu quiseres, podes curar-nos e livrar-nos desta doença terrível.
Vem em nosso auxílio, vem salvar-nos,
e vem caminhar connosco nesta fase tão difícil da nossa história.
Inspira, ilumina e guia os profissionais de saúde
que tudo dão de si para nos aliviar a nossa dor.
Ajuda todas as pessoas que tudo fazem nos seus trabalhos
para que a vida em sociedade continue a acontecer
e não nos falte nada nestes tempos conturbados.
Que façamos todos a nossa parte
para que o maldito vírus não se transmita
e o consigamos vencer de uma vez por todas.
Que nos protejamos convenientemente
para não sermos contagiados
e que tomemos, ao mesmo tempo, todas as providências
para não infetar ninguém,
pois somos todos irmãos e responsáveis uns pelos outros.
Que isto de estar em casa não seja encarado por nós
como uma prisão, um castigo ou um sacrifício,
mas uma oportunidade e um desafio para crescermos,
amadurecemos e darmos valor às pessoas e às coisas
que valem verdadeiramente a pena.
Tu que és o Caminho, ajuda-nos a encontrar o rumo
para eliminarmos esta pandemia.
Tu que és a Verdade, ajuda os médicos e os enfermeiros
a descobrir a cura para esta terrível doença.
Tu que és a Vida, ajuda-nos a derrotar
o sofrimento e a morte causados pelo Covid-19.
Abençoa todas as pessoas do nosso Planeta,
ajuda-nos a sermos bons e felizes
e livra-nos do mal.
Amém


Paulo Costa

domingo, 24 de janeiro de 2021

Domingo da Palavra

 

https://www.youtube.com/watch?v=5dCJFNbrYq8


A liturgia do 3º Domingo do Tempo Comum propõe-nos a continuação da reflexão iniciada no passado domingo. Recorda, uma vez mais, que Deus ama cada homem e cada mulher e chama-o à vida plena e verdadeira. A resposta do homem ao chamamento de Deus passa por um caminho de conversão pessoal e de identificação com Jesus.
A primeira leitura diz-nos - através da história do envio do profeta Jonas a pregar a conversão aos habitantes de Nínive - que Deus ama todos os homens e a todos chama à salvação. A disponibilidade dos ninivitas em escutar os apelos de Deus e em percorrer um caminho imediato de conversão constitui um modelo de resposta adequada ao chamamento de Deus.
No Evangelho aparece o convite que Jesus faz a todos os homens para se tornarem seus discípulos e para integrarem a sua comunidade. Marcos avisa, contudo, que a entrada para a comunidade do Reino pressupõe um caminho de "conversão" e de adesão a Jesus e ao Evangelho.
A segunda leitura convida o cristão a ter consciência de que "o tempo é breve" - isto é, que as realidades e valores deste mundo são passageiros e não devem ser absolutizados. Deus convida cada cristão, em marcha pela história, a viver de olhos postos no mundo futuro - quer dizer, a dar prioridade aos valores eternos, a converter-se aos valores do "Reino".

https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?mc_id=3258


sábado, 23 de janeiro de 2021

O QUÊ?!... ESTA É A BÍBLIA DO PAPA?!...



Mas será mesmo causa de reparo?!... Pois, pois, para que isso fique esclarecido e ninguém fique com dúvidas, hoje, mui respeitosamente, com todas as vénias e cortesias, vou solicitar a sua Santidade o favor de se explicar perante os meus amigos leitores. Embora todos os dias o sejam, ou devam ser, aproxima-se o dia por excelência da Bíblia. Isto é, em cada ano e por iniciativa do Papa Francisco, o III Domingo do tempo comum é o “Dia da Palavra de Deus”. A propósito, e porque não devemos esquecer a sua divulgação, recordo também, a todos, a Bíblia Youcat para os jovens. Faz parte da Coleção Youcat, é notável pela sua apresentação, pela síntese que faz, pelos testemunhos que deixa, pela equipa de peritos internacionais que a elaborou. Pois é aí, no Prefácio dessa Bíblia, que o Santo Padre se explica e nos deixa um belo testemunho sobre a sua relação com a Bíblia. Eis o texto, um estímulo e um apelo, para os jovens e menos jovens:
“Meus queridos jovens amigos,
Se vocês vissem a minha Bíblia, talvez não ficassem muito impressionados. Diriam: “O quê? Esta é a Bíblia do Papa? Que livro tão velho e usado!”. Poderiam também oferecer-me uma nova, talvez uma que custasse 1000 euros, mas eu não gostaria dela. Amo a minha velha Bíblia, aquela que me acompanhou durante metade da vida. Viu as minhas alegrias, foi banhada pelas minhas lágrimas: é o meu inestimável tesouro. Vivo dela e por nada do mundo me desfaço dela.
A Bíblia para os jovens, que acabaram de abrir, agrada-me muito: é tão viva, tão rica em testemunhos de santos, de jovens, que dá vontade de a ler de uma só vez, desde a primeira até à última página. E depois? Depois escondem-na, fazem-na desaparecer numa prateleira de uma biblioteca, quem sabe atrás, na terceira fila, onde acaba por acumular pó. Até ao dia em que os vossos filhos a venderão numa feira de velharias. Não, isto não pode acontecer!
Quero dizer-vos uma coisa: na atualidade, mais do que no início da Igreja, os cristãos são perseguidos; por que razão? São perseguidos porque usam uma cruz e dão testemunho de Cristo; são condenados porque têm uma Bíblia. Então, a Bíblia é um livro extremamente perigoso, de tal forma que em certos países quem possui uma Bíblia é tratado como se escondesse granadas no armário! Mahatma Gandhi, que não era cristão, uma vez referiu: “A vocês cristãos é confiado um texto que tem em si uma quantidade de dinamite suficiente para fazer explodir em mil pedaços a civilização inteira, para colocar de cabeça para baixo o mundo e levar a paz a um planeta devastado pela guerra. Porém, tratam-no como se fosse simplesmente uma obra literária, nada mais do que isso”.
O que é que vocês têm, então, nas mãos? Uma obra-prima literária? Uma seleção de antigas e belas histórias? Neste caso, seria necessário dizer aos muitos cristãos que se deixam aprisionar e torturar pela Bíblia: “Vocês são realmente tolos e pouco sábios: é somente uma obra literária!”. Não, com a Palavra de Deus, a luz veio ao mundo e nunca mais se apagou. Na minha Exortação Apostólica Evangelii gaudium (n.º 175) escrevi: “nós não procuramos Deus tateando, nem precisamos de esperar que Ele nos dirija a palavra, porque realmente “Deus falou, já não é o grande desconhecido, mas mostrou-Se a Si mesmo”. Acolhamos o tesouro sublime da Palavra revelada!”
Portanto, vocês têm nas mãos algo de divino: um livro como fogo, um livro no qual Deus fala. Por isso, recordem-se: a Bíblia não é feita para ser colocada numa prateleira, mas para ser levada na mão, para ser lida frequentemente, a cada dia, quer sozinho, quer acompanhado. De facto, vocês praticam desporto em grupo, vão ao centro comercial acompanhados; porque não ler juntos, em grupos de dois, três ou quatro, a Bíblia? Talvez ao ar livre, imersos na natureza, no bosque, á beira-mar, de noite à luz das velas... fariam uma experiência forte e envolvente. Ou talvez tenham medo de parecer ridículos diante dos outros?
Leiam com atenção. Não permaneçam à superfície, como se faz com histórias de banda desenhada! A Palavra de Deus não pode ser lida com “uma vista de olhos”! Antes, perguntem-se: “O que diz este texto ao meu coração? Deus fala-me através desta palavra? É possível que suscite anseios, a minha sede profunda? O que devo fazer?”. Somente desta forma a Palavra de Deus poderá mostrar toda a sua força; somente assim a nossa vida se poderá transformar, tornando-se plena e bela.
Quero confidenciar-vos como leio a minha Bíblia. Pego nela frequentemente, leio um pouco, depois coloco-a de lado e deixo que o Senhor olhe parta mim. Não sou eu que olho para Ele, mas é Ele que olha para mim: Deus está realmente ali, presente. Assim que me deixo observar por Ele e escuto – e não é certo sentimentalismo -, percebo no mais profundo do meu ser aquilo que o Senhor me diz. Às vezes não fala: então não ouço nada, somente vazio, vazio, vazio... Mas, paciente, permaneço lá e espero por Ele, lendo e rezando. Rezo sentado, porque me faz mal ficar de joelhos. Por vezes, quando estou a rezar, chego até a adormecer, mas não há problema: sou como um filho próximo do seu pai, e isto é o que interessa.
Querem fazer-me feliz? Leiam a Bíblia!
Vosso, Papa Francisco”.
Reitero a sugestão que aqui deixei na semana passada: que cada família, como pequenina Igreja doméstica e primeira escola de fé e oração, no Dia da Palavra de Deus, destaque, lá em casa, em local nobre, a Sagrada Escritura, podendo continuar aí pelo tempo fora, como sinal e presença. Sendo o Evangelho de São Marcos o Evangelho deste ano litúrgico, sugiro, agora e ao longo do ano, a leitura do seu Evangelho. E que bom seria se, de cada um de nós, se pudesse dizer o que Santo Atanásio diz de Santo Antão: ao ler a Sagrada Escritura, nada lhe esquecia, “tudo retinha de tal maneira que a sua memória acabou por substituir o livro”.
No site da Diocese poderá encontra uma sugestão que o Secretariado da Pastoral preparou para uma celebração da Palavra em família. Basta carregar neste link:
https://www.portalegre-castelobranco.pt/domingo-da-palavra

D.Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 22-01-2021.

Amar em tempo de Covid … e aceitar o outro como ele é





Por vezes sinto que o mundo está a acabar. Não sou a única. Tenho amigos que sentem o mesmo. A banda desenhada torna-se realidade. Não sinto medo de morrer. Sei que vai acontecer, mas não me preocupo com quando será. Será quanto tiver de ser. Por vezes até me apetece “dar o corpo às balas” e fazer algo de útil para proteger todos aqueles que precisam de ser protegidos. Mas não sou médica, não sou enfermeira e a única forma de ajudar é isolar-me. Só isolando posso, ao menos, não passar a ninguém aquilo que ninguém quer, e aquilo que pode ser fatal para aqueles que amo. Só cumprindo as regras é que sinto que estou a fazer algo de útil. Já que nada mais sei fazer. E fico irritada quando os outros não as cumprem. Fico mesmo cega de irritação, porque acho que não estão a amar verdadeiramente o outro … como eu amo … ao ponto de confundir a minha necessidade de utilidade com a dos outros. E cada um é livre.

Tanto isolamento tolda o juízo. Conjugado com incertezas várias sobre um futuro incerto e com os obstáculos do passado que teimam em estar presentes, a mente fica baça, o pensamento rotativo e rapidamente a minha realidade é uma fantasia criada na minha cabeça. Leio o esforço do outro como pouco face à rotatividade do meu pensamento, e fico com um medo autoritário embrulhado na minha fantasia de fim do mundo, onde eu sou insignificante, não fazendo parte o elenco principal ou da “linha da frente” sentindo-me assim, inútil. E o medo também tolda o juízo.

E com o juízo toldado, não há realidade que valha, sendo necessário que o outro dê um grito de realismo e de relativismo, para que eu consiga acordar desta fantasia que também surge de noites sem dormir, sempre em alerta com medo de perder o que tanto se sonha ter: um futuro em harmonia, consciente, simples e sem preconceitos.

Comecei 2021 a dizer “que 2022 venha depressa”. Comecei 2021 sem querer passar por ele. Vai ser duro. Está a ser muito duro. A exaustão leva ao conflito. O juízo toldado vai-nos cegar as ideias e os pensamentos. Rapidamente podemos entrar em conflito, perder o equilíbrio e ampliar algo que apenas careceu de um relativismo. Tudo passa. Até o Covid, como o temos hoje, irá passar.

Temos de aprender a amar em tempo de Covid. Aceitar o outro como ele é e tentar sempre estar à altura das situações. E quando não o conseguirmos fazer, devemos pedir perdão e ser perdoados. Só com este bom senso genuíno e de coração conseguiremos ultrapassar os desequilíbrios, ruturas, egoísmos, medos que os próximos meses nos vão trazer. Somos humanos. Vamos errar muito, e precisamos de reconhecer o erro e ser perdoados. Só assim é possível caminharmos juntos, para um futuro melhor.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Sobre o amor, por Tolentino Mendonça



Muitas vezes acontece que, diversamente das nossas expetativas, o amor não nos reclama força, antes espera de nós uma fraqueza ainda maior do que aquela que já transportamos em nós.

Muitas vezes acontece que o amor não dê importância, ou pelo menos a grandiosa importância que tínhamos idealizado, ao quanto temos de dar, mostrando-se, antes, sobretudo interessado em adestrar o nosso coração para a arte de receber.

E, do mesmo modo, que o amor não exija de nós novas palavras a adicionar àquelas que há dissemos, mas desafia-nos à aprendizagem de uma contemplação e de um silêncio que tínhamos até agora ignorado.

Na verdade, o amor, para revelar-se, não escolhe esta ou aquela preciosa veste, mas decide-se na exata e difícil nudez da vida normal. O amor não é um estado excecional caracterizado pelo extraordinário e pelo entusiasmo, mas o reiterado percurso de espinhos que conduz à rosa.

Por isso, Senhor, ajuda-nos a compreender que amar é descobrir, no próprio coração, o quanto o amor é grande e livre, mais do que as imagens que dele possamos fazer. Que o compromisso incondicional com tal amor seja o nosso modo quotidiano de estar diante de ti.

[In Avvenire]


quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Covid-19: Conferência Episcopal suspende celebrações «públicas» da Missa a partir de 23 de janeiro


Bispos dizem que confinamento é «imperativo moral», face ao agravamento da pandemia

Foto: Arlindo Homem

Foto Arlindo Homem, Igreja do Parque das Nações (Lisboa)


Lisboa, 21 jan 2021 (Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) anunciou hoje a suspensão das celebrações “públicas” da Missa, na sequência do agravamento da pandemia de Covid-19 no país.

“Embora lamentando fazê-lo, a Conferência Episcopal Portuguesa determina a suspensão da celebração ‘pública’ da Eucaristia a partir de 23 de janeiro de 2021, bem como a suspensão de catequeses e outras atividades pastorais que impliquem contacto, até novas orientações”, refere um comunicado da CEP enviado à Agência ECCLESIA.

Os bispos sublinham que, face à “extrema gravidade da situação pandémica”, com números recorde de contágios e mortes por causa da Covid-19, é “um imperativo moral para todos os cidadãos, e particularmente para os cristãos, ter o máximo de precauções sanitárias para evitar contágios, contribuindo para ultrapassar esta situação”.

A CEP manifesta “especial consideração, estima e gratidão a quantos, na linha da frente dos hospitais e em todo o sistema de saúde, continuam a lutar com extrema dedicação para salvar as vidas em risco”.

Que Deus abençoe este inestimável testemunho de humanidade e generosidade e que eles possam contar com a solidariedade coerente e responsável de todos os cidadãos, a fim de que, com a colaboração de todos, possamos superar esta gravíssima crise e construir um mundo mais solidário, fraterno e responsável”.

Foto Lusa



A nota precisa que, no caso das regiões autónomas, as Diocese de Angra e do Funchal “darão orientações próprias”.

Face à suspensão das celebrações comunitárias, a CEP pede que sejam apresentadas “ofertas celebrativas, transmitidas em direto por via digital”.

Quanto aos funerais, os bispos indicam que “as exéquias cristãs devem ser celebradas de acordo com as orientações da Conferência Episcopal de 8 de maio de 2020 e das autoridades competentes”.

“Pedimos que, a nível individual, nas famílias e nas comunidades, se mantenha uma atitude de constante oração a Deus pelas vítimas mortais da pandemia, pedindo ao Senhor da Vida que os acolha nos seus braços misericordiosos, e manifestamos o nosso apoio fraterno aos seus familiares em luto”, conclui a nota.

O retiro dos bispos portugueses, que deveria decorrer de 22 a 26 de fevereiro, também foi cancelado.

Já a 14 de janeiro, a CEP tinha determinado a suspensão ou adiamento das celebrações de Batismos, Crismas e Matrimónios, face à “gravíssima situação” provocada pela pandemia.

“Estamos conscientes da gravíssima situação de pandemia que vivemos neste momento, a exigir de todos nós acrescida responsabilidade e solidariedade no seu combate, contribuindo para superar a crise com todo o empenho”, indicaram os bispos católicos, em nota enviada à Agência ECCLESIA.



OC

Carta a ti, que estás cansado!

 


Avizinham-se, novamente, notícias difíceis. Não sabemos se temos coração para as encaixar. Para as receber. Colados ao ecrã, esperamos que venha alguém engravatado e bem vestido dizer-nos o que já sabemos:


Está difícil. Não há alternativa. É preciso mais isto e mais aquilo.

 

Não sei se ouvimos realmente ou se já nos colocámos em piloto automático. Baixamos a cabeça, gesticulamos com a vida toda que estremece mais uma vez.

 

Estamos em perigo. Estamos nas mãos uns dos outros e até os meus alunos de doze anos conseguem compreender isso. Tu não consegues porquê?

 

Estamos nas mãos uns dos outros e somos a força uns dos outros.

 

A minha máscara é a tua máscara.

 

As minhas mãos são as tuas mãos.

 

As minhas lágrimas são as tuas lágrimas.

 

A minha vida é a tua vida.

 

Nunca tivemos uma oportunidade tão profunda para nos juntarmos. Temos aqui a janela para fazer a diferença. Temos, nas nossas mãos, o poder de controlar grande parte desta situação que agora vivemos.

 

Lembras-te quando querias mudar o mundo? Ir por aí para salvar gente e pedaços de terra perdidos onde não mora (quase) ninguém?

 

Lembras-te daquela vontade de deixar marca nesta terra, neste chão que pisas todos os dias?

 

Lembras-te das vezes em que pediste a Deus que te ajudasse a fazer melhor?

 

Eis a tua oportunidade:

 

Lavar as mãos. Usar máscara como deve ser. Proteger tudo e todos com a simples vontade de querer fazer o que está certo.

 

Desta vez já sabemos mais. Sabemos melhor. Já aqui estivemos.

 

Sozinhos não somos muito. Mas juntos… somos tudo.



Marta Arrais


quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

«Ave, Maria», por Tolentino Mendonça






Gosto de pensar, Maria, que também a tua fraqueza sustém a tua força, que soubeste aceitar atravessar tantas incertezas, fazendo aderir o teu coração a uma confiança que não se via. E que, por isso, não te é estranha a minha agitação confusa, a minha indecisão, os medos que em certas horas me agridem, e que tu, que tudo compreendes, sabes abraçar.

Gosto de recordar quanto foi difícil o teu caminho, repleto de obstáculos mais duros do que aqueles que eu enfrento, fustigado por sombras, derivas e dores. E que o teu olhar se tornou um imenso ventre, onde posso depor tudo aquilo que tanto me custa, e que tu, que tudo compreendes, sabes abraçar.

Gosto de contemplar essa tua capacidade de agradecer. De agradecer a anunciação luminosa e as suas ásperas consequências; essas palavras límpidas e depois uma dolorosa sucessão de momentos passados a perguntar-te como será; a brandura da brisa e a dureza do vento.

E que, por isso, tu abraças o meu cansaço de viver com esperança a minha força e a minha fragilidade; aquilo que levo ao termo e aquilo que deixarei incompleto; aquilo que depende ou não depende de mim – e tudo tu compreendes.

Gosto de saber que encontraste os planos de Deus infinitamente superiores a ti e que, mais uma vez, te sentiste pequena, só e não à altura, como tantas vezes eu me sinto. E também por isto, no fundo de mim experimento que me abraças, tu que tudo compreendes.


terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Onde está o amor?







Onde está o amor? Esta será a pergunta de todos os tempos, mas nestes dias de incerteza e de novo confinamento acredito que esteja ainda mais vincada e presente nos nossos pensamentos. Se calhar, à primeira vista, esta questão pode até nem fazer sentido, mas para nós cristãos, é uma outra forma de questionarmos a presença de Deus. Reconhecendo-O como amor, tal como o evangelista João, então perguntarmo-nos por onde anda o amor é, sem dúvida alguma, perguntarmo-nos pela presença e pela revelação de Deus nos nossos dias.

Onde está o amor? Apesar de tanto sofrimento, de tanta dor, de tanto medo e fome, acredito que o amor continua a andar por aí. O amor continua a andar por aí naqueles que não se esquecem dos mais desfavorecidos e que não desistem em sair para a rua para distribuírem refeições e cobertores. O amor continua a andar por aí nesses guerreiros que trabalham horas infinitas para poderem salvar vidas. O amor continua a andar por aí naqueles que, não sendo doutores ou detentores de cursos superiores, dão tudo de si para que não faltem bens essenciais a todos nós.

Onde está o amor? Anda por aí a revelar-se em rostos desconhecidos prontos a ajudar os vizinhos. Caminha no silêncio para acolher na sua casa vítimas de todo o tipo de violência, opressão e perseguição. Anda por aí, na simplicidade de tantas vidas, a fazer a diferença com um olhar atento, com uma simples saudação ou com um pouco de presença mesmo que com uma distância que impeça o contacto físico.

Onde está o amor? É uma pergunta legítima e tremendamente humana. É uma pergunta sedenta e que manifesta claramente uma procura, mas às vezes ateimamos em não querer ver a sua resposta. Fixamo-nos muitas vezes no desespero que nos cega, ou no pessimismo que nos desfoca o olhar da fé. E, repito, é legítimo e tremendamente humano, no entanto não nos podemos deixar ficar por aí achando que Deus já não atua ou que não se preocupa connosco. O amor revela-se é de um outro jeito. Revela-se sempre ao contrário do que esperamos ou queremos, mas isso não significa que não esteja ou que não atue.

O amor anda por aí. E está mesmo de frente para nós. Deus anda por aí a salvar-nos em amor e está empenhado nisso, não consegues ver?


Emanuel António Dias


segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

domingo, 17 de janeiro de 2021

O Chamado de Deus.


                         https://www.youtube.com/watch?v=w-ZNtU9kviw


A liturgia do 2º Domingo do Tempo Comum propõe-nos uma reflexão sobre a disponibilidade para acolher os desafios de Deus e para seguir Jesus.
A primeira leitura apresenta-nos a história do chamamento de Samuel. O autor desta reflexão deixa claro que o chamamento é sempre uma iniciativa de Deus, o qual vem ao encontro do homem e chama-o pelo nome. Ao homem é pedido que se coloque numa atitude de total disponibilidade para escutar a voz e os desafios de Deus.
O Evangelho descreve o encontro de Jesus com os seus primeiros discípulos. Quem é "discípulo" de Jesus? Quem pode integrar a comunidade de Jesus? Na perspetiva de João, o discípulo é aquele que é capaz de reconhecer no Cristo que passa o Messias libertador, que está disponível para seguir Jesus no caminho do amor e da entrega, que aceita o convite de Jesus para entrar na sua casa e para viver em comunhão com Ele, que é capaz de testemunhar Jesus e de anunciá-l'O aos outros irmãos.
Na segunda leitura, Paulo convida os cristãos de Corinto a viverem de forma coerente com o chamamento que Deus lhes fez. No crente que vive em comunhão com Cristo deve manifestar-se sempre a vida nova de Deus. Aplicado ao domínio da vivência da sexualidade - um dos campos onde as falhas dos cristãos de Corinto eram mais notórias - isto significa que certas atitudes e hábitos desordenados devem ser totalmente banidos da vida do cristão.


https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?mc_id=3257

sábado, 16 de janeiro de 2021

Papa: louvar a Deus sempre, mesmo em meio às dificuldades


Francisco destaca valor da humildade na oração e convida a louvar Deus, mesmo nos momentos difíceis. 

(Ecclesia) – O Papa elogiou, dia 13, no Vaticano as pessoas “simples e humildes” que acolhem o Evangelho e constroem uma sociedade mais fraterna, sem diminuir os outros.

“No futuro do mundo e nas esperanças da Igreja estão sempre os pequenos, aqueles que não se consideram melhores do que os outros, que estão conscientes dos próprios limites e dos seus pecados, que não querem dominar os outros, que em Deus Pai se reconhecem todos irmãos”, declarou, durante a audiência semanal que decorreu na biblioteca do Palácio Apostólico, com transmissão online.

A reflexão de Francisco centrou-se sobre a oração de louvor, em particular nos momentos mais difíceis, como aconteceu com Jesus.

“Num momento de aparente fracasso, Jesus reza, louvando o Pai. E a sua oração leva-nos também a nós leitores do Evangelho, a julgar de um modo diferente as nossas derrotas pessoais, as situações em que não vemos claramente a presença e a ação de Deus, quando parece que o mal prevalece e não há maneira de o parar”, precisou.

O Papa destacou que está prece de louvor é “útil” para cada crente, como caminho de salvação, ajudando a “ver um novo panorama, um horizonte mais aberto”.

“Paradoxalmente, deve ser praticada não só quando a vida nos enche de felicidade, mas sobretudo nos momentos difíceis, quando o caminho é íngreme. Este é também o tempo do louvor”, indicou.


Peçamos ao Senhor que nos dê a graça de sermos humildes e de o louvarmos em qualquer situação da nossa vida, também neste tempo de pandemia, porque sabemos que Ele é o amigo fiel que nunca nos abandona e que nos ama sem medida”.

Francisco abordou especialmente o “Cântico do irmão sol” ou “das criaturas”, em que São Francisco de Assis louva Deus por tudo, inclusive a morte, “à qual, com coragem, chama ‘irmã’”.

O Papa destacou que o santo de Assis compôs esta oração no final da sua vida, num momento de grande sofrimento.

“Os santos e as santas mostram-nos que podemos louvar sempre, nos momentos bons e maus, porque Deus é o amigo fiel, este é o fundamento do louvor, Deus é o amigo fiel, e o seu amor nunca desilude”, declarou.

No final da audiência, Francisco dirigiu-se aos ouvintes de língua portuguesa.

“Saúdo-vos a todos, convidando-vos a pedir ao Senhor uma fé grande para verdes a realidade com os olhos de Deus, e uma grande caridade para vos aproximardes das pessoas com o seu coração misericordioso. Confiai em Deus, como a Virgem Maria”, disse.

OC

sexta-feira, 15 de janeiro de 2021

E POR QUE NÃO?!... VAMOS A ISSO!...


Aplaudida em pleno confinamento, a prova já está na rua! A largada ou partida foi solene e festiva. Sabemos que muitos até já chegaram à meta. E a meta lá está, preparada com gosto, pompa e circunstância, e muita música, muita! Os caminhos a percorrer, porém, merecem atenção, há silvas e solavancos. Os princípios, as regras, a sinalética, o alimento, tudo o que é necessário para a prova está garantido. A preparação da mochila, essa sim, é da responsabilidade pessoal. Devem dispensar-se bolsas e sacolas, mas um bom cajado será muito útil para se deferem de lobos e minhoquices. Se alguém levar muita tralha, tenha cuidado, pode ficar peado, atrasar-se ou não chegar a tempo. Se não levar o preciso, pode perder a vontade, ter medo de continuar e desistir. Segundo as suas debilidades, exigências e circunstâncias existenciais, cada um deve ponderar bem e optar apenas pelo essencial, de forma equilibrada, nem demais nem de menos, como o sal na comida. A meta está ao alcance de todos, mesmo das pessoas doentes e portadoras de deficiência. Estas, atendendo à sua desenvoltura interior, são quase sempre as primeiras classificadas e a subir ao pódio. O trofeu a conquistar é valiosíssimo. Nem os olhos viram, nem os ouvidos escutaram, nem jamais passou por qualquer cabecinha pensadora o que está reservado a quem cortar a meta. O estafe de apoio garante o necessário para que ninguém fique pelo caminho ou fraqueje, é uma espécie de hospital de campanha. Por isso, não haverá carro vassoura. Mas o que é mesmo importante para o bom desempenho de todos os atletas é estar bem familiarizado com o Manual de procedimentos. Apelo sobretudo aos jovens, aos jovens em idade e em espírito, mesmo que idosos, apelo à sua criatividade e influência. É indispensável conhecer bem e ajudar a divulgar este indispensável instrumento de vida e ação, muito útil para pessoas, famílias, comunidades, estruturas setoriais e sociedade em geral, mesmo que algumas pareçam demasiadamente debruçadas sobre o seu umbigo e afuniladas na sua verdade. Quem sabe se não irão rasgar horizontes e prestar mais atenção ao que liberta e salva?!...
E eis que faço a todos uma pergunta muito indiscreta: já têm esse Manual? Aonde está? Na estante para se dar ares de intelectual? No fundo da gaveta para não se estragar? Têm-no manuseado e ajudado a manusear para que mais pessoas o conheçam e saibam ler nas linhas e entrelinhas? Pois é, todas essas instruções estão lá, nesse Manual, o Livro oficial da prova. Mas não basta dizer que se tem, tampouco basta passar-lhe os olhos como o gato por cima das brasas. Ele está escrito com a intenção de que ninguém se perca ou fique pelo caminho. O seu conteúdo é tremendamente perigoso e revolucionário. Segundo Mahatma Gandhi, ele “tem em si uma quantidade de dinamite suficiente para fazer explodir em mil pedaços a civilização inteira”. E Francisco, que cita Gandhi, afirma que em certos países quem possui esse Livro “é tratado como se escondesse granadas no armário!”. De facto, a sua eficácia é enorme. O rebuliço que provoca, porém, não é bélico, é de paz e de dentro para fora. Age a partir do coração, concerta os cacos dos estilhaçados, consola os feridos, aquece os gelados, trabalha os de pedra, apela à razão e ao compromisso no bem. Se levado a sério, contagia muitos, não no isolamento de atleta egoísta, mas na alegria de atuar em equipa para melhor servir, abraçando os outros, o bem e o melhor! Importante é que todos, desinfetados das covides mundanas, possam entrar e participar na interminável festa final, uma verdadeira festa de gala onde não se podem dispensar o cante alentejano e a veste nupcial.
O grande fã e organizador é o Papa Francisco, o qual não esmorece nem deixa de insistir na necessidade de se conhecer bem esse Manual de procedimentos. No seu zelo pelo bem de todos e para que todos o conheçam e se abram ao seu conteúdo, Francisco, até determinou, em 30 de setembro de 2019, que o III Domingo do tempo comum de cada ano, lhe fosse totalmente dedicado, apelando à criatividade e capacidade de quem atua no terreno para que se atinjam os verdadeiros objetivos. Não é monopólio de ninguém, não é “património só de alguns”, não é “uma coletânea de livros para poucos privilegiados”. O Papa chamou a esse dia o “Dia da Palavra de Deus”. É o dia da Bíblia, da Sagrada Escritura, do Livro do povo de Deus, escrito com a inspiração e o fogo do Espírito Santo e que deve ser celebrado, refletido e divulgado. É o Livro que se deve “explicar e fazer compreender a todos”, em linguagem “simples e adaptada”, falando “com o coração para chegar ao coração”, para que todos possam captar a sua beleza e a traduzir em atitudes de vida. Sem a Palavra de Deus, “o coração fica frio e os olhos permanecem fechados, atingidos, como somos, por inumeráveis formas de cegueira”. Estas cegueiras dificilmente deixam aplanar os caminhos que conduzem à meta. Quando, porém, a Palavra de Deus toca o coração das pessoas, faz-se luz, arreguilam-se os olhos. É uma Palavra que ensina, refuta, corrige, abre à partilha e à fraternidade, educa na justiça, faz compreender o que o Senhor quer dizer, constrói a Igreja e a sociedade civil, transcende os tempos, tem em si a eternidade, a vida eterna.
Com certeza que o amigo leitor já está em prova. O sinal da partida foi dado aquando do seu Batismo. A Igreja, apesar de também humana, frágil e pecadora, é o estafe de apoio com tudo o que é preciso para ajudar a vencer no meio de todos os sacrifícios e dificuldades. Umas vezes ela vai à frente, a puxar. Outras vezes vai ao lado, dando a mão, indicando o caminho, ajudando a levantar de tropeções e queda. Outras vezes toca no ombro, para que não se adormeça ou se fique distraído. Outras vezes fica atrás, responsabilizando e confiando. Como Mãe cuidadosa, ela exorta a que se confie no verdadeiro amigo e companheiro de viagem, Aquele que sempre nos repete: “Não tenhais medo!”. “Vinde a Mim todos vós que andais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei”.
Deixo uma sugestão: que cada família, como pequenina Igreja e primeira escola de fé e oração, no próximo dia 24, Dia da Palavra de Deus, destaque, lá em casa, em local nobre, com ternura e beleza, a Sagrada Escritura. E como São Marcos é o Evangelista deste ano litúrgico, sugiro a leitura do seu Evangelho. É o Evangelho das periferias, da identidade de Jesus, da nossa relação com Ele, do que significa ser discípulo.
Vamos a isso!

D. Antonino Dias - Bispo Diocesano
Portalegre-Castelo Branco, 15-01-2021.


ULTREIA VIRTUAL - M.C.C.


MOVIMENTO DOS CURSILHOS DE CRISTANDADE

                               



Vamos encontrar-nos de novo, reunirmo-nos em ULTREIA VIRTUAL                                              

   

  DIA DE S. PAULO – PADROEIRO DO M.C.C.                     
                  25 de JANEIRO 2021
                                                                                 

                  21h 15m 

21h 15m – Entrada, saudação, oração

21h30m – Apresentação e rolho pelo novo Diretor Espiritual nacional do M.C.C.  Ressonâncias 

22h45m – Saudação final 


Entrar na reunião Zoom: 

https://us04web.zoom.us/j/78953900047?pwd=bkVJWWt1L1hOR0Y1NWVKZWhuYzBuUT09

ID da reunião: 789 5390 0047 

Senha de acesso: 6hzp3r 


Contamos com a presença de todos os Cursilhistas para mais este momento de encontro, partilha e de  acolhimento ao novo Diretor Espiritual Nacional, Sr. P. Ricardo Lameira


                                                                   




quinta-feira, 14 de janeiro de 2021

Novo confinamento permite cerimónias religiosas, de acordo com normas da DGS

 

Novo confinamento permite cerimónias religiosas, de acordo com normas da DGS

Celebração comunitária da Missa e funerais continuam nos atuais moldes, com apelo à responsabilidade 

Horários na Paróquia de Arronches :
terças, quintas- feira, Igreja Matriz- 17h30m
Sábados- Igreja de Nª srª da Luz- 17h30m suspensas
Domingos- Igreja Matriz- 12: 00h


Covid-19: Conferência Episcopal determina suspensão de Batismos, Crismas e Matrimónios, face a «gravíssima situação» da pandemia


(Ecclesia) – A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) determinou hoje a suspensão ou adiamento das celebrações de Batismos, Crismas e Matrimónios, face à “gravíssima situação” provocada pela pandemia.

A decisão é anunciada em comunicado do Conselho Permanente da CEP, a respeito do novo período de confinamento que se inicia esta sexta-feira, determinado pelo Governo português.

“Estamos conscientes da gravíssima situação de pandemia que vivemos neste momento, a exigir de todos nós acrescida responsabilidade e solidariedade no seu combate, contribuindo para superar a crise com todo o empenho”, indicam os bispos católicos.

A CEP destaca que, tendo em conta as orientações governamentais decretadas para o confinamento que se inicia a 15 de janeiro, as comunidades católicas podem prosseguir “as celebrações litúrgicas, nomeadamente a Eucaristia e as Exéquias”, segundo as diretivas publicadas a 8 de maio de 2020 em coordenação com a Direção Geral da Saúde (DGS).

“Outras celebrações, como Batismos, Crismas e Matrimónios, devem ser suspensas ou adiadas para momento mais oportuno, quando a situação sanitária o permitir”, determina o organismo episcopal.

Os bispos adiantam que a catequese continuará em regime presencial onde for possível observar as exigências sanitárias”.

“De contrário, pode ser por via digital ou cancelada. Recomendamos ainda que outras atividades pastorais se realizem de modo digital ou sejam adiadas”, acrescenta a nota.

A nossa celebração da fé abre-nos ao Deus da misericórdia e exprime o compromisso solidário com os esforços de todos os que procuram minimizar os sofrimentos, gerando uma nova esperança que, para além das vacinas, dê sentido e cuide a vida em todas as suas dimensões”.

O Decreto n.º 3-A/2021 de 14 de janeiro, que regulamenta o estado de emergência decretado pelo presidente da República, determina que “a realização de funerais está condicionada à adoção de medidas organizacionais que garantam a inexistência de aglomerados de pessoas e o controlo das distâncias de segurança, designadamente a fixação de um limite máximo de presenças, a determinar pela autarquia local que exerça os poderes de gestão do respetivo cemitério”.

Do limite fixado “não pode resultar a impossibilidade da presença no funeral de cônjuge ou unido de facto, ascendentes, descendentes, parentes ou afins”.

OC




Mesmo quando me esqueço, por Tolentino Mendonça

 



Às vezes, Senhor, é do profundo do meu esquecer que te grito. Sei que sou eu a distanciar-me, mesmo sem dar-me verdadeiramente conta; sou eu a deixar transcorrer as horas sem reconhecer a tua passagem; a deixar-me isolar, quase como uma ilha; a opor resistência à compreensão de até que ponto o tempo pode ser templo, uma tua morada.

Por isso, Senhor, mais que as palavras, mais que a minha presença provisória e frágil, mais que todas as minhas irrelevâncias, entrego-te hoje a oração do meu esquecer: este rolo de tecido longo e branco que eu, solitário, desenrolo diante de ti, este meu andar por diante às cegas no mundo, como se não te visse, estes meus ouvidos que se tornaram surdos à tua Palavra, este meu vazio preenchido apressadamente por tantos afazeres, estes meus progressos e involuções sem uma razão, estes meus confusos passos de criança que Tu, extremoso, apoias, porque sabes melhor que eu que, mesmo quando me disperso, quando por erro me ponho a correr para não sei onde, em não sei que fuga, mesmo quando eu me esqueço, estou a caminhar para ti.


[In Avvenire]

quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

O tempo nunca estará a nosso favor



O tempo nunca estará a nosso favor. Avança sem a nossa autorização. Às vezes nem nos damos conta de como ele passa por nós. De como ele se manifesta silenciosamente na nossa existência.

O tempo nunca estará a nosso favor. E talvez seja por isto mesmo que, tantas e tantas vezes, não nos queremos deixar permanecer na consciência disto mesmo como quem se deixa ficar somente num mero exercício de contemplação.

O tempo nunca estará a nosso favor. No entanto, isto não nos deve deprimir. Deve deixar-nos com a certeza de que o tempo não sendo parado é por nós prolongado. Somos nós que o prolongamos quando nos alongamos no outro. Somos nós que o prolongamos quando nos deixamos ficar por entre tantas vidas. Somos nós que o prolongamos quando optamos livremente pelo caminho do amor.

O tempo nunca estará a nosso favor. E não podendo retirar-nos desta linha podemos, pelo menos, desenhá-la ao nosso jeito. A nossa diferença também acontece na forma como preenchemos o tempo. Na forma como distribuímos a presença da nossa existência no quotidiano. Na forma como usamos este nosso tempo para darmos tempo aos outros, à vida.

Nenhum de nós sabe o tempo que tem. Ou do tempo que necessita, mas podemos saber como viver esse tempo sem medo. Como podemos viver esse tempo sentindo-o como verdadeira dádiva. Como podemos viver esse tempo de forma a que jamais seja esquecido por entre o passar dos anos.

O tempo nunca estará a nosso favor, mas nós podemos marcá-lo, em tudo e em todos, com a radicalidade do nosso amor!



Emanuel António Dias


terça-feira, 12 de janeiro de 2021

Colocar-se a caminho



Toda a nossa vida se resume num “colocar-se a caminho”! Quando somos crianças, precisamos da ajuda dos adultos para nos indicar por onde devemos ir, em adultos somos nós que escolhemos os nossos próprios caminhos. Todo o caminho que percorremos tem um fim, um objetivo ou uma meta e quando o alcançamos tudo se transforma. Nunca mais é igual!

Os magos do Oriente, colocaram-se a caminho, à procura do sinal que aquela estrela anunciava. Sem olharem para trás, seguiram-na e só se sentiram completos quando encontraram Jesus, a Luz do Mundo. Depois do encontro com Jesus, eles seguiram por outro caminho. Não por aquele que os levaria a Herodes, mas por aquele por onde Jesus (Caminho, Verdade e Vida) sempre estaria.

Todo aquele que se encontra, verdadeiramente, com Jesus jamais volta pelo mesmo caminho. A procura por Jesus e, consequente encontro, provoca mudança de caminho e de vida.




A experiência do encontro com Jesus é um marco importante na nossa vida. Ele está lá à nossa espera, na humildade e na pobreza. Quantas vezes, vimos a estrela que guia e a ignoramos? Quantas vezes nos encontramos com Jesus e não O reconhecemos? O encontro com Ele, é de grande responsabilidade, por essa razão muitas vezes o evitamos.

Colocar-se ao caminho, é também ir ao encontro. Por vezes o caminho não está em condições, com “buracos e pedras”, mas encontramos sempre uma solução para os contornar, se realmente quisermos calcorrear aquele caminho. Nada nos para ou nos impede, quando queremos!

Nas minhas viagens por África, muitas vezes questionei como cheguei até ali, logo eu que vivo com medo de arriscar, de dar o primeiro passo. Depois percebi que Jesus me tinha guiado até lá.

Num dos encontros que tive com Ele. Ele disse: “Não temas, vai! Eu estarei contigo!”. E muitas vezes senti a presença dele! No meio da humildade e pobreza, encontrei-o várias vezes. Sempre com um sorriso no rosto e os braços abertos para me abraçar! Como são bons aqueles abraços!

Não devemos ter medo das dificuldades, do caminho, quando sabemos que no final tudo vai compensar!


Ana Marujo