Avizinham-se, novamente, notícias difíceis. Não sabemos se temos coração para as encaixar. Para as receber. Colados ao ecrã, esperamos que venha alguém engravatado e bem vestido dizer-nos o que já sabemos:
Está difícil. Não há alternativa. É preciso mais isto e mais aquilo.
Não sei se ouvimos realmente ou se já nos colocámos em piloto automático. Baixamos a cabeça, gesticulamos com a vida toda que estremece mais uma vez.
Estamos em perigo. Estamos nas mãos uns dos outros e até os meus alunos de doze anos conseguem compreender isso. Tu não consegues porquê?
Estamos nas mãos uns dos outros e somos a força uns dos outros.
A minha máscara é a tua máscara.
As minhas mãos são as tuas mãos.
As minhas lágrimas são as tuas lágrimas.
A minha vida é a tua vida.
Nunca tivemos uma oportunidade tão profunda para nos juntarmos. Temos aqui a janela para fazer a diferença. Temos, nas nossas mãos, o poder de controlar grande parte desta situação que agora vivemos.
Lembras-te quando querias mudar o mundo? Ir por aí para salvar gente e pedaços de terra perdidos onde não mora (quase) ninguém?
Lembras-te daquela vontade de deixar marca nesta terra, neste chão que pisas todos os dias?
Lembras-te das vezes em que pediste a Deus que te ajudasse a fazer melhor?
Eis a tua oportunidade:
Lavar as mãos. Usar máscara como deve ser. Proteger tudo e todos com a simples vontade de querer fazer o que está certo.
Desta vez já sabemos mais. Sabemos melhor. Já aqui estivemos.
Sozinhos não somos muito. Mas juntos… somos tudo.
Marta Arrais
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