segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Quero um Natal não comercializável!



Faltam menos de 15 dias para essa festa tão global, que é o Natal, que eu próprio tenho medo…

Procuro no meu dia que o Natal não seja comercializável como tantas coisas mais. Explico. Todos, como seres conscientes que somos, já percebemos que anualmente vivemos um Natal, como outras festas, de uma forma muito comercial. Se isso já é preocupante, pelo menos para mim, ainda o é mais quando o comercializamos!

Numa sociedade que vive das aparências, cada vez mais, já não me assusta a imagem que damos das coisas. O que me apavora é quereremos vender um produto chamado Natal!

Temos a tendência para idealizar o Natal. Ou seja, no correr dos dias, vemo-nos seduzidos por certas vivências. Como que quiséssemos que as nossas festas natalícias fossem como aquelas que vemos nas revistas cor de rosa ou nos programas xpto que passam nas tv's…

E assisto a pessoas, a famílias que não conseguem lá chegar. Famílias que não conseguem proporcionar aos mais jovens aquele ideal que é tão publicitário, aquele ideal que é tão inverosímil. Como algo que só na publicidade é que se tem.

Não quero esse Natal! Não quero um Natal que só alguns querem que eu tenha, para maior benefício pessoal (deles) porque ganham muito dinheiro com isso!

Não!

O Primeiro Natal é daquele menino que nasceu numa manjedoura… Aquele que tinha tudo e de tudo se alheou para encarnar na realidade mais humana possível.

É preciso proclamar aos sete ventos que o Natal não é nada daquilo! O Natal é despojamento. O Natal é encarnar a nossa realidade de todos os dias e fazer disso salvação!

Quero um Natal mais humano! Quero um Natal mais nosso! Daquele que vive todos os meses com as contas apertadas! Um Natal daquele que tem que acompanhar o filho ao IPO no dia 25 de dezembro! Um Natal daquele que não consegue ter a família unida por problemas de relacionamento entre todos! Um Natal daquele que vive na rua! Um Natal daquele que espera o diagnóstico da T.A.C. que fez ao seu corpo! Quero um Natal daquele que espera, honestamente, da IPSS que lhe forneça o Bolo-Rei e as batatas para a ceia! Um Natal daquele que não se reconhece no próprio corpo! Um Natal daquele ou daquela que se questiona se deve ou não abortar! Quero um Natal…

Quero um Natal em que todos nos preocupemos com todos!

Quero um Natal em que todos encarnemos as realidades, as vidas de todos os que mais sofrem nestes dias!

Quero um Natal em que nos identificamos com aquele Jesus que se fez Homem para viver a realidade do Homem e assim o redimir…


Paulo J. A. Victória


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