E se soubéssemos esperar? Se soubéssemos talvez não nos deixássemos tantas vezes em segundo plano. Sempre preenchidos com datas inadiáveis. Ou com preocupações de última hora que nos impedem de estar connosco mesmos. Se soubéssemos talvez nos dedicássemos a conhecer o que tanto nos assusta e que nos impossibilita de ser cada vez mais e melhor.
E se soubéssemos esperar? Se soubéssemos talvez não desperdiçaríamos a oportunidade de estar com os que mais amamos. Teríamos a sabedoria de saber aproveitar cada instante como verdadeira eternidade e andaríamos, certamente, com a certeza de nos sabermos completamente doados ao outro.
E se soubéssemos esperar? Quantos momentos teríamos de contemplação? Quantos momentos teríamos para nos deliciarmos com o silêncio? Quantos dias não nos teriam sido marcados de forma mais intensa? Quanto não poderia ter sido mais e melhor?
E se soubéssemos esperar? Sem termos que andar numa rotina que nos apressa com a ilusão de que não há tempo para se ter tempo? E se não fizéssemos nada mais do que esperar para nos tornarmos morada para os outros?
Saber esperar traz-nos a capacidade de descobrir a beleza da simplicidade. Torna-nos simples. Esvazia-nos do materialismo e preenche-nos com a riqueza das relações, do afeto. Saber esperar torna-nos humanos, porque é na espera que toda a vida cresce. Que toda a vida ganha forma.
Hoje, antes de saíres para a correria de mais um dia, pergunta-te: o que não te deixa esperar? Que receios tens na (tua) espera?
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