Precisamos de paz e o mundo devolve-nos guerras e combates.
Precisamos de sossego e quietude e o mundo responde-nos com ruídos e sirenes.
Precisamos de equilíbrio e o mundo devolve-nos tormenta que nos desinstala e nos anoitece.
Precisamos de coerência e verdade e o mundo responde-nos com corrupção, mentiras e todo o tipo de esquemas.
Precisamos de ser livres e o mundo manda-nos vestir armaduras, disfarces e todo o tipo de máscaras.
Precisamos de guardar tempo para o essencial e o mundo obriga-nos a ser produtivos a todo o instante; a não desligar as notificações; a não ignorar mais aquela mensagem ou e-mail.
Precisamos de horas com qualidade de vida e o mundo devolve-nos em horas de trabalho, de pensamento acelerado, de questionamento.
Em que tipo de carrossel estamos a permitir-nos viver? E por que motivo deixamos que o mundo nos devolva exatamente aquilo de que não precisamos?
O mundo lá fora não vai deixar de nos assoberbar. De nos fazer sentir que não estamos à altura dos desafios que nos impões. Mas cada um de nós tem também uma palavra a dizer, um cenário a escolher. Ainda que nos pareça que só existem coisas menos boas “lá fora”, também haverá brechas de luz. Também será possível encontrar paisagens mais bonitas para o pensamento, se estivermos dispostos a procurar.
Talvez seja caso para dizer:
Se o mundo te dá avessos, dobra o coração do lado direito.
Se o mundo te obriga a navegar oceanos demasiado escuros, aproveita para erguer as melhores velas do teu barco.
Se o mundo te quer ver cair, mostra que te podes levantar (mesmo sem fazer muito barulho).
Pensa no que precisas e corre atrás disso. O mundo é só o espelho do que desejares ardentemente.
Marta Arrais
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