terça-feira, 28 de dezembro de 2021

2021: O Ano do Papa em revista

Últimos meses foram marcados por internamento de 10 dias, viagens internacionais simbólicas e um Sínodo inédito, com marca global




(Ecclesia) – O Papa viveu em 2021 de um ano de pontificado marcado pelo internamento de dez dias, num hospital de Roma, por três viagens internacionais e Sínodo inédito, com marca global.

O ano fica marcado pelo internamento no Hospital Gemelli, em Roma, de 4 a 14 de julho, após uma intervenção cirúrgica ao cólon; Francisco recuperou da operação e descartou mesmo qualquer cenário de eventual conclave.

“Continuo vivo, embora alguns me quisessem morto”, disse num encontro com jesuítas, em Bratislava.

O Papa, que tem repetido mensagens em favor da paz no Médio Oriente, decidiu visitar o Iraque de 5 a 8 de março, ainda em contexto pandémico, para ajudar a virar a página da guerra e do terrorismo, em defesa da minoria cristã e do diálogo entre religiões.

A segunda viagem internacional do ano levou Francisco a Budapeste, para encerrar o Congresso Eucarístico Internacional, e à Eslováquia, em setembro, com mensagens e gestos em defesa das populações mais vulneráveis.

Falando aos jornalistas no voo de regresso a Roma, o Papa sublinhou a necessidade de proteção legal para as várias uniões, distinguindo-as do matrimónio católico.



Dezembro marcou o regresso do Papa a Lesbos, para um encontro com os refugiados ali acolhidos, após uma viagem ao Chipre e Grécia que deixou várias mensagens ecuménicas e em defesa da democracia.

Francisco quis estar junto de várias famílias de refugiados, cinco anos depois da primeira visita a Lesbos, evocando as imagens de crianças mortas nas costas do Mediterrâneo.

“Não permitamos que este mar das memórias se transforme no mar do esquecimento. Irmãos e irmãs, eu peço-vos: paremos este naufrágio de civilização!”, afirmou.


A nível interno, 2021 marcou o arranque de um inédito processo sinodal, convocado pelo Papa Francisco, que vai ter etapas diocesanas, continentais e um encontro global, em outubro de 2023, promovendo a auscultação das comunidades católicas e da sociedade, sobre o futuro da Igreja Católica.

O Sínodo 2021-2023 é visto como um momento de concretização de várias das dinâmicas do Concílio Vaticano II (1962-1965), uma referência do pensamento do atual Papa, que este ano voltou a restringir o uso do Missal pré-conciliar.

Francisco criou um novo ministério, de catequista, para leigos e leigas católicos, e abriu o acesso das mulheres aos ministérios de leitor e acólito; no Vaticano, foi nomeada, pela primeira vez, uma mulher como secretária-geral do Governatorato e há uma nova lei anticorrupção para dirigente do Estado.




Outra preocupação do pontificado, o combate aos abusos sexuais de menores, conheceu um novo capítulo, a 1 de junho, quando o Papa publicou a constituição Apostólica ‘Pascite gregem Dei’, promovendo uma reforma do Direito Canónico no que se refere às sanções penais na Igreja.

As novas normas integram as várias medidas legislativas promovidas por Francisco desde 2016, visando “a proteção penal incisiva dos bens maiores da Igreja: a fé, a santidade dos sacramentos, a vida das pessoas mais frágeis, que têm meios de proteção limitados”, ou seja, menores e adultos vulneráveis.

Destacando a importância de mudança, Francisco nomeou como membro da Comissão Pontifícia para a Proteção de Menores uma vítima de abusos, no Chile, e escreveu aos bispos da França, manifestando “vergonha” perante os dados revelados por uma comissão independente.

A Igreja Católica viveu um Ano de São José; em maio, encerrou-se o Ano ‘Laudato Si’, a encíclica ecológica e social que o Papa assinou em 2015, a caminho da COP26 de Glasgow.

A cimeira do clima levou vários líderes religiosos a assinar uma declaração conjunta, no Vaticano, e Francisco aos microfones da BBC, para pedir respostas urgentes, sublinhando que o tempo se está a esgotar e é preciso agir quanto antes.



A Igreja Católica celebrou, pela primeira vez, o Dia Mundial dos Avós e Idosos, por iniciativa do Papa, e voltou a viver o Dia Mundial dos Pobres, que Francisco quis celebrar em Assis, junto de pessoas de toda a Europa.

Em Roma, o Papa uniu-se a uma oração inter-religiosa pela paz, no Coliseu, e evocou, no dia dos fiéis defuntos, os soldados mortos na II Guerra Mundial.

As crises no Líbano, Myanmar, Ucrânia, Israel e Palestina mereceram várias intervenções, para além da mensagem ‘Urbi et Orbi’, na Páscoa, em que Francisco recordou as vítimas da violência em Cabo Delgado, Moçambique.

O Papa recebeu o novo presidente dos EUA e recordou o sofrimento dos povos indígenas no Canadá, cujas lideranças acabaram por adiar um histórico evento no Vaticano, por causa da pandemia.

Em fevereiro, Francisco recebeu representantes de mais de 180 Estados, referindo-se aos conflitos no mundo e às consequências da pandemia, para afirmar que a fraternidade e a esperança “são remédios de que o mundo precisa, hoje, tanto como as vacinas”.




A Covid-19 esteve no centro das preocupações do Papa, uma das vozes mais ativas na defesa do acesso universal à vacina contra a Covid-19, tendo ele próprio sido vacinado, no Vaticano.

Foram várias as mensagens a pedir a libertação de patentes, os convites à oração pelo fim da pandemia e, no seu vídeo mensal de novembro, Francisco alertou para as consequências da pandemia, ao nível da saúde mental, ofereceu vacinas e apresentou um roteiro para o pós-pandemia, para travar as desigualdades sociais que colocam milhões de pessoas na miséria e à beira da morte de fome.

O Papa associou-se também aos grandes eventos desportivos que decorreram no último ano, do Euro aos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, em Tóquio.

A última semana incluiu o tradicional encontro de Natal com a Cúria Romana, a bênção ‘Urbi et Orbi‘ e uma inédita carta aos casais de todo o mundo, pelo Ano Amoris Laetitia, a caminho do encontro mundial das famílias, em 2022.

O próximo ano começa com a mensagem de Francisco para o Dia Mundial da Paz, em que apela ao investimento na educação e na valorização do trabalho.



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