domingo, 27 de fevereiro de 2022

A Palavra mostra o coração do homem



O tema central da liturgia deste domingo convida-nos a refletir sobre esta questão: aquilo que nos enche o coração e que nós testemunhamos é a verdade de Jesus, ou são os nossos interesses e os nossos critérios egoístas?O Evangelho dá-nos os critérios para discernir o verdadeiro do falso “mestre”: o verdadeiro “mestre” é aquele que apenas apresenta a proposta de Jesus gerando, com o seu testemunho, comunhão, união, fraternidade, amor; o falso “mestre”, ao contrário, é aquele que manifesta intolerância, hipocrisia, autoritarismo e cujo testemunho gera divisões e confusões: o seu anúncio não tem nada a ver com o de Jesus.
A história da trave e do cisco convida-nos a refletir sobre a hipocrisia... É fácil reparar nas falhas dos outros e enveredar pela crítica fácil que, tantas vezes, afeta a reputação e fere a dignidade das pessoas; é difícil utilizar os mesmos critérios de exigência quando estão em causa as nossas pequenas e grandes falhas... Somos tão exigentes connosco como somos com os outros? Temos consciência da nossa necessidade permanente de conversão e de transformação?

A primeira leitura, na mesma linha, dá um conselho muito prático, mas muito útil: não julguemos as pessoas pela primeira impressão ou por atitudes mais ou menos teatrais: deixemo-las falar, pois as palavras revelam a verdade ou a mentira que há em cada coração.
Quantas vezes temos de reformular as nossas impressões acerca de uma pessoa depois de a conhecermos bem... Não podemos, pois, deixar-nos condicionar pela primeira impressão. Um juízo apressado pode levar-nos a ser tremendamente injustos e a marginalizar pessoas muito válidas e com um grande potencial; também pode, ao contrário, levar-nos a confiar totalmente em pessoas que, investidas de cargos de responsabilidade, acabam por destruir coisas que levaram muito tempo a ser edificadas...

A segunda leitura não tem, aparentemente, muito a ver com esta temática: é a conclusão da catequese de Paulo aos coríntios sobre a ressurreição. No entanto, podemos dizer que viver e testemunhar com verdade, sinceridade e coerência a proposta de Jesus é o caminho necessário para essa vida plena que Deus nos reserva. Do nosso anúncio sincero de Jesus, nasce essa comunidade de Homens Novos que é anúncio do tempo escatológico e da vida que nos espera.
A ressurreição de Cristo garante-nos que o nosso Deus é o Senhor da vida. Assim, percorremos o nosso caminho neste mundo com total serenidade e confiança: sabemos que Deus está ao nosso lado sempre, vigiando – como uma mãe que cuida do seu bebé; e que, quando chegar a última fronteira, o nosso último fechar de olhos, a nossa saída deste mundo ou entrada no outro, também então podemos estar tranquilos, porque o nosso Deus/mãe continua vigilante. Ele é o Deus da vida, que nos garante a plenitude da vida.


https://www.dehonianos.org/


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