O medo transforma. O que somos. O que fazemos. E a forma como vemos os outros e a vida.
O medo torna toda a nossa história monocromática não permitindo que possamos percorrer todo o arco-íris da nossa existência. Com o medo refugiamo-nos entre o "Sim" e o "Não". Com o medo refugiamo-nos no "digno" e "indigno". Com o medo surge a necessidade de um padrão para que as incertezas e o desconhecido não nos inquiete.
O medo transforma. Molda a nossa forma de pensar e muitas vezes nem permite que nos foquemos no pensamento sincero, genuíno. O medo exige de nós um dispensar de energia em busca de um refúgio. Não deixa sequer a possibilidade de um arriscar na incerteza, na dúvida.
O medo transforma. Penso que não temos dúvidas em relação a isso, no entanto há algo ainda mais transformador em nós: arriscar no medo. Arriscar com medo. Arriscar "cheio de miaúfa".
E porque é transformador? Porque permite viver. Ninguém consegue viver com medo, por isso arriscando mesmo com medo permite um nascer de novo. É como sair da total sombra e encarar de uma vez por todas com a Luz.
Arriscar com medo permite abraçar as dúvidas. Permite aceitar que não há certezas. Permite mergulhar na diversidade e na complexidade das histórias de tantos homens e mulheres. Permite sentir a autenticidade de uma vida.
Arriscar com medo permite descobrir os caminhos da fé. Da verdadeira fé desprendida de falsas imagens de Deus.
Parece belo e realmente pode sê-lo quando temos as forças e a coragem para o fazer, mas a verdade é que nem sempre o conseguimos. E, por isso, como em tudo na nossa existência, é um caminho a fazer-se. Um caminho a ser realizado no tempo e no passo de cada um e de cada uma.
Arriscar com medo para que a não seja uma vida sofrida, mas vivida. Arriscar com medo para que a novidade e a incerteza sejam a certeza de uma vida plena.
Hoje, antes de te renderes ao medo, pergunta-te: quantas vezes arriscaste com medo? Quantas?
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