Há dias de muito desânimo. Dias em que a nossa força interior parece calar-se, adormecer e ressonar dentro de nós como se nos ignorasse. Nem sempre é fácil ser simples, feliz, calmo, paciente ou tranquilo. Há dias em que somos estrangeiros de nós mesmos, que nos parece que a pessoa que habita debaixo da nossa pele nem somos nós.
Há dias de muita dor. Dias em que não resultam meditações, terapias, respirar fundo ou, até mesmo, encher o corpo de doces ou outros petiscos mais ou menos satisfatórios.
E a verdade é que ninguém gosta dos dias maus. Dos dias em que nos apetece responder mal, torto, em que não sabemos como lidar com o menor dos desafios.
Que fazemos com os dias menos bons?
Guardamo-los com o respeito de quem não os quer, mas de quem os tenta aceitar. Baixamos a cabeça à sua existência, mas agradecemos por nos lembrarem que também fazem parte de nós.
Que fazemos com os dias maus? Esperamos que passem. Tentamos encontrar espaço para eles dentro do que somos e aguardamos pelos momentos bons. Pelos que nos fazem valer os dias. Pelos que nos fazem sorrir com tudo o que guardamos no coração.
Há dias menos bons. Dias em que nos aceitamos menos. Em que nos compreendemos menos. Em que nos queremos menos. Mas é, precisamente, nesses dias em que aprendemos mais sobre as nossas fraquezas, as nossas fragilidades e as nossas faltas de luz.
Nos dias menos bons, faz por não bater com os pés como se fizesses birra perante aquilo que és de menos bonito. Aceita que nem sempre vai ser fácil, puro, claro ou iluminado. Aceita que nem sempre vais compreender tudo a toda a hora.
Nos dias menos bons e menos bonitos, encontra-te a sós contigo e desaparece para o mundo. Quando ficamos com aquilo que somos de mais verdadeiro conseguimos ver-nos melhor. Ver melhor o mundo. Ver melhor cada coisa que há. Houve e está para vir.
Marta Arrais
Sem comentários:
Enviar um comentário
Este é um espaço moderado, o que poderá atrasar a publicação dos seus comentários. Obrigado